A História do Pinda - história verídica


Estava olhando fixamente para os verdes ramos de uma árvore que fica ao lado do quintal onde moro. Na verdade, estava acompanhando os movimentos de uma bela rolinha macho com sua companheira. Sorri, porém os meus olhos estavam rasos de lágrimas... Senti uma grande dor no peito, meu coração explodia de saudades; Saudades do Pinda. Pinda? Mas de quem se trata? Neste momento as duas rolinhas alegremente foram para outra árvore e desapareceram de vista... Foi quando eu senti a inspiração para quem sabe descrever "A saudade".
Sentada, com o papel e a caneta sobre a mesa, em minha mente se desenrola toda trajetória de uma vida bem curta: A história do Pinda. Com certeza, você meu amado leitor, que por simples curiosidade pôs-se a ler esta veraz narrativa, esteja ansioso por saber qual o meu objetivo em relatar-lhe esta história.

Dia 28 de fevereiro de 2003, estando em minha casa com minhas duas filhas e meu filho, ocupados em nossos afazeres... ouvimos batidas fortes em nosso portão. Fui atender e deparei com minha sobrinha, trazendo consigo um pote que logo passou para minhas mãos dizendo:
—  Tia, a minha mãe pediu se a senhora pode cuidar deste filhotinho de pássaro, pois as crianças o pegaram do ninho, e o estavam maltratando muito... — Ela se despediu, deixando em minhas mãos o pequeno recipiente, fechei o portão olhando fixamente para dentro do pote e para minha surpresa ele continha uma pequena rolinha semimorta...
Caminhei de volta a minha casa. Logo meus filhos vieram ao meu encontro para saber do que se tratava.
Eu mostrei-lhes o pote e contei-lhes o ocorrido. Nos entreolhamos com uma interrogativa: O que fazer?
Minha filha mais nova foi quem quebrou o silêncio, pegou a pequena rolinha e disse: Vou dar água e comida para ela. Mas, a pequena estava bastante machucada...
No dia seguinte, pela manhã, enquanto eu lutava para dar-lhe algo que comer, ela morreu em minhas mãos. Chamei meu filho e a enterramos no jardim.
Durante aquela manhã, eu fiquei a recordar fatos que ocorreram em minha infância, como quando eu chorava com minha irmã para que nossa mãe abrigasse em casa todos os cães e gatos abandonados e feridos da redondeza, quando ela dizia: Não e ponto final... Bom, eu também não gostava nadinha da carrocinha de cachorro da minha época, pois diziam que iriam transformar os pobres cachorrinhos em sabão. Hoje eu sei com certeza que minha mãe tinha toda razão. Talvez essas lembranças vieram devido à chegada da rolinha e de sua trágica partida.
A tarde chegou, e já havia me esquecido do ocorrido, quando novamente batem ao portão.
Desta feita, foi meu filho quem atendeu. Fui até a porta para ver quem chegava e, novamente, me deparei com minha sobrinha...
Ela vinha apressadamente com suas mãos unidas, como que trazendo algo. Acompanhada de meu filho que curiosamente desejava saber o que continha em suas mãos.
Lembro-me que minha filha mais nova estava sentada no sofá da sala e todos nós ficamos estatelados quando minha sobrinha entrou e colocou no colo dela outra rolinha macho! Logo que a pequena ave se sentiu livre, levantou a asinha em sinal de defesa. Todos nós rimos muito da atitude daquela avezinha que, cuidadosamente, foi colocada no chão por minha filha. Sentindo-se no chão, ela percorreu toda a sala como um patinho de brinquedo, pois não sabia voar.
Minha sobrinha relatou, antes de voltar para casa, que esta rolinha era da mesma ninhada da que havia morrido; porém, esta, apesar dos maus tratos, estava com saúde. Ficamos observando a rolinha correndo de lá para cá. Enquanto minha filha, com algumas folhas de jornal, preparava um ninho coberto por um pano quentinho para colocá-la. Notamos que o filhote sentia fome, porém não sabíamos o que lhe dar para comer: Arroz? Pão? Alpiste?
Minha filha passava horas com o ninho sobre a mesa quebrando caroços de arroz, descascando alpiste para alimentá-la... O que ele comia, era muito pouco, porém a tentativa durava o dia todo.
Nessa época, minhas duas filhas estavam terminando o ensino médio, enterradas nos livros e ainda ajudavam-me nos afazeres domésticos, mas mesmo assim, a dedicação à rolinha era muito grande.
Eu, meu esposo e meus filhos servimos ao Senhor Jesus e, com a permissão de Deus, moramos no quintal da igreja em que somos membros. Tínhamos bastante responsabilidade não somente com a limpeza do templo, mas também com a ministração do louvor onde meus filhos fazem parte. Porém, o amor e a dedicação para com aquela avezinha foram indispensáveis.
Certo dia, minha filha disse:
— Mãe, eu faço de tudo para ela comer, mas...
Realmente, ela descascava o alpiste e com todo cuidado abria o bico do pequeno Pinda para alimentá-lo; de dez tentativas, uma ele engolia.
Depois dessa conversa, ela resolveu orar. Na verdade era tão difícil alimentá-lo que, pela manhã, quando minhas filhas iam para escola diziam:
— Mãe, dá comida ao Pinda...
O que pra mim era uma tarefa complicadíssima!
 (O nome Pinda foi escolhido pela família, mas nós também colocávamos vários apelidos nele: "Pindinha Gostosão" "Pindoca" "Lindo").
Todos os dias, minha filha colocava um pano de prato sobre a pequena mesa da copa, uma colher com água, um punhado de alpiste descascado, colocava o Pinda e com o dedo ensinava-lhe a comer.
Que grande alegria quando Deus honrou nossa fé, e o fez comer sozinho os primeiros grãos de alpiste!!!
Pinda já estava grandinho, havia trocado suas penas de filhote, por belas penas marrons avermelhada; os pés e os olhos rosados.
Minha filha e meu filho tiveram que fazer para ele um poleirinho, pois Pinda já não aceitava o seu antigo ninho.
De dia o poleiro ficava atrás da porta, de noite atrás do sofá da sala com uma folha de jornal para não sujar o chão.
Pinda ficou tão bagunceiro que não ficava mais sozinho de jeito nenhum, era só colocá-lo no poleirinho e sairmos todos do quarto, que lá estava o Pinda atrás de nós... Então gritávamos:
— Cuidado para não pisar nele!
Quando minhas filhas sentavam-se no chão para estudar, lá estava ele no colo delas aconchegado, hora dormindo cá, hora dormindo lá.
Pinda passava tempos empoleirado no ombro de todos de nossa família, mas de pessoas que não eram de nossa casa ele estranhava.
Quando meu filho ia fazer alguma pesquisa na internet, lá estava o Pinda em seu ombro como se estivesse querendo aprender. Também costumávamos dizer que o Pinda estava por dentro de todas as notícias.
À noite, minha filha o alimentava e o colocava em seu poleiro no cantinho do meu quarto, apagava a luz e começava a cantar para ele dormir. Ela, com sua belíssima voz, sempre louvava ao Senhor na igreja, e o Pinda gostava de dormir ao som de sua voz, também.Talvez seja por isso, que, às vezes, éramos surpreendidos com o Pinda desabrochando um lindo canto, demonstrando que ele também seria um louvador.
Nas manhãs quentes de verão do Rio de Janeiro, enquanto o calor do sol entrava pela janela do quarto, minha filha aconchegava Pinda em suas mãos e o aproximava da torneira, lentamente, Pinda ia se molhando e se sacudindo, após todo esse conforto, era levado para o sol, onde, regozijante, levantava suas asinhas. Quando ela passava grande período da tarde estudando as apostilas para a prova e cansada, jogava-se na cama para descansar, lá estava o Pinda aconchegado em seu braço. Então eu dizia:
— Cuidado para não dormir, e machucá-lo! — Dez minutos após, lá estavam os dois dormindo, então eu com todo carinho, pegava o Pinda e colocava-o em seu poleirinho.
De fevereiro para maio de 2003, três meses já haviam se passado. Pinda já estava adulto, e para ele ficar no poleiro durante o dia, era impossível! Com isso, enquanto eu passava pano no chão, ele ia escorregando para lá e para cá.
Quando eu percebi que ele já era crescido, falei para meus filhos:
— É hora de deixarmos o Pinda partir; ele já é adulto, e precisa construir sua família! Deus criou os pássaros para serem livres. Todos se opuseram:
— Mas, ele está livre mamãe, ele gosta de nós, e se nós o soltarmos, ele irá morrer! Onde ele encontrará comida?
No quintal havia um pé de mamão de dois metros de altura, a seis metros da porta da sala. Peguei o Pinda e o empoleirei no ramo da folha do mamão, eu aparentava estar bem segura, mas meu coração estava em pedaços, além do mais, todos reprovavam minha atitude.
Ele ficou muito tempo pousado na rama do mamão. Quando meu esposo passou, Pinda não perdeu tempo; com um pequeno vôo, pousou em seu ombro e, com essa atitude, lá estava ele de volta...
Todos se alegraram. No entanto, chegaram à conclusão de que ele realmente precisava ter liberdade.
O próprio Pinda nos considerava sua família. Quando algum passarinho se aproximava do seu galho, ele levantava sua asinha em sinal de defesa.
Todavia, eu continuei colocando-o no mamoeiro, para que ele pudesse conhecer a natureza.
Sentava-me um pouco distante para observá-lo. Daí a pouco ele pousava em meu ombro. Assim eu lhe dizia:
— Pinda, você precisa ter liberdade, e aprender a conviver com outras aves de sua espécie.
Todos os dias eu fazia assim. Às vezes, quando eu entrava em minha casa, ele chegava primeiro que eu, e pousava sobre o sofá. Então eu o chamava, ele voava em minha direção e pousava em minhas mãos. Eu, com todo carinho, o colocava sobre a mesa, dava-lhe água e alpiste; ele próprio já conhecia a sua latinha de comida e sua colher.
Certa manhã, após colocá-lo no ramo do mamão, estava distraída com meus afazeres; meus filhos estavam na escola; meu esposo havia saído. De repente, olhei para o mamoeiro e...
— Cadê o Pinda?
Não estava mais ali! Procurei toda casa e não o encontrei, meus filhos chegaram, e o Pinda nada de aparecer!
Quando já estava quase anoitecendo quem entra pela porta? O Pinda! Todos nós ficamos alegres, pois pensáramos o pior a respeito dele.
Desse dia em diante, quando eu o colocava no mamoeiro, ele voava para o pé de goiaba, para o pé de amora, depois para mais distante, mas sempre voltava para dormir em seu poleirinho que ficava atrás do sofá.
Até que no final de maio de 2003, Pinda não quis voltar para casa. Lembro-me que, nesta mesma noite, caiu um forte temporal, e eu tentei esconder a minha tristeza, para amenizar a de meus filhos.
À noite, enquanto a chuva caia forte, não pude conter as lágrimas, olhava para o poleiro vazio...
Eu me recordo que nessa noite, o rádio estava ligado bem baixinho, e tocava um louvor que dizia: Viajante solitário, enfrentando os perigos da noite...
Eu, sinceramente, tinha o Pinda por morto, afinal ele sempre voltava à noite.
Ao amanhecer minhas filhas, meu filho e meu esposo saíram. Somente eu fiquei em casa, lavando roupa, e, de vez em quando, dava uma parada para olhar as árvores, quem sabe ele estava vivo?
Foi quando, para minha surpresa, às 9:00hs, Pinda pousou em meu ombro... estava completamente faminto...
Que alegria! Enquanto ele comia e saciava sua sede, fiquei conversando com ele:
— Onde você andou, Pinda? Porque você não veio ontem?
Parecia que ele compreendia tudo que eu estava falando, fazia um som como se respondendo: hu, hu, hu...
O interessante é que ele queria ir embora, estava apressado. Eu queria segurá-lo para que meus filhos o vissem, mais foi impossível! Ele estava com certeza apaixonado!
Mais tarde, enquanto eu contava a aparição do Pinda, ele voltou. Todos fizeram aquela festa! Novamente ele se alimentou e foi embora.
Ficamos curiosos para saber que princesa havia conquistado o coração do Pinda. E não foi difícil para descobrir, pois ele nunca se distanciava de nossa casa, sempre estava por perto. Quando nós o víamos, batíamos as mãos e dizíamos: — Vem, Pindinha! Ele, quase que imediatamente, vinha e pousava em nosso ombro. Todos que viam, ficavam encantados...
Quando estávamos na sala conversando, ele vinha e pousava no mármore da janela; então, era só levantar uma das mãos e Pinda pousava sobre ela. Só nos restava colocá-lo sobre a mesa, para que ele pudesse alimentar-se. Surpresos, todos perguntavam: e agora o que ele vai fazer? Nós respondíamos: Ele vai comer, e vai embora.
Certa vez, ele trouxe sua amada esposa para uma árvore bem perto de nossa casa, uma rolinha linda; bem mais clara que ele. Eles estavam chocando, por esse motivo, Pinda comia bastante alpiste para que pudesse alimentá-la. Vendo isso, nós pegávamos alpiste e água e colocávamos sobre a cadeira em frente à janela e nos escondíamos.
Para nossa surpresa, vimos ambos sobre a mesa alimentando-se... Quando nos aproximamos, ela fugiu amedrontada. Desse dia em diante ela começou a aproximar-se bastante, porem, só o Pinda entrava.
Na época em que nasciam os filhotes, ele vinha muitas vezes ao dia para buscar alimento.
Certa feita, Pinda pousou em frente à porta da sala, e, quando eu o chamei, ele não atendeu. Meu esposo notou que ele chamava alguém, pois batia as asinhas, pensamos que se tratava da fêmea, no entanto, era seu filhote que ele fazia questão de nos apresentar. Quando o filhote pousou junto a ele, ele voou para dentro de nossa casa, fazendo com que o filhote o acompanhasse... Porém no momento em que o filhote nos viu, assustou-se e caiu no chão da cozinha e eu pude pegá-lo e levá-lo para o quintal, onde voou alegremente. Ficamos felizes em conhecer a família do Pinda.
Todos que conheceram o Pinda: pai, mãe, irmãos, sogra, sobrinhos e conhecidos, pediam para segurá-lo.
Quando ele chegava para comer, e encontrava pessoas desconhecidas em nossa casa, relutava um pouco para entrar. Lembro-me do sorriso de meu pai de 85 anos, que segurou em suas mãos o Pinda. Ele disse:
— Com essa idade, nunca vi nada igual, o bichinho vai e volta... É incrível!
Minhas filhas são explicadoras, e seus alunos ficavam perplexos quando o Pinda ia visitá-las, enquanto davam aulas no segundo andar de nossa casa. Minha filha aproveitava a ocasião e, com o Pinda empoleirado em sua mão, dizia-lhes que os animais afastam-se do homem por terem medo de serem maltratados...
Lembro-me que, em uma tarde bem fria, eu estava sozinha; meus filhos haviam ido à formatura e meu esposo não estava. Pinda chegou, coloquei-o, como de costume, sobre a mesa, e, após ele comer, levei-o até a porta, para que ele pudesse voar, mas ele não quis! Do contrário, aconchegou-se em minhas mãos e ali ficou... Insisti em dizer:
— Vai Pinda!
Então ele pulou das minhas mãos para o meu ombro como se quisesse fazer-me companhia, e assim ficou comigo durante muito tempo. À noite já estava chegando, quando ele resolveu ir.
Pela manhã bem cedo, antes mesmo de levantarmos, Pinda pousava em uma árvore bem próxima de nossa casa e punha-se a cantar; todos nós sabíamos que o Pinda estava nos chamando, pois ele queria que alguém abrisse a porta para que ele pudesse entrar e se alimentar.
Onde eu moro é tudo cercado por verdes árvores e que, como cenário, tinha a linda presença do Pinda, e de seu belíssimo canto... Ele tanto louvava a Deus quanto nos alegrava.
Pinda lutou para que sua companheira aceitasse construir o seu ninho em uma árvore bem em frente à porta de nossa sala, pois ele sempre gostou de ficar pertinho de nós. Ele tentou várias vezes, porém tudo foi em vão.
Eu gostava de sempre acompanhá-lo em suas persistências. Eu me recordo que ele a trazia, mostrava-lhe um lugarzinho aqui e ali, porém ela demonstrava pouco interesse e voava para outra árvore, sendo rapidamente por ele seguida.
Dentre tantas lembranças, muitas delas serviram como exemplo de vida. Fico imaginando como Deus, o Senhor, coloca dentro do coração de suas criaturinhas tão pequeninas, tamanho afeto...
Um exemplo que ficou marcado em minha lembrança, deu-se em uma dessas trajetórias, em que o Pinda e sua companheira passavam todo dia escolhendo palha para construir o seu ninho. O local preferido por ele era em um quintal que ficava ao lado de nossa casa, ali sim, ele encontrava material de qualidade para construir seu ninho. Durante todo dia, ele ia ao chão e retornava com um raminho em seu bico. Imaginei que o ninho já estivesse pronto, pois não via mais a fêmea, somente ele.
Havia chovido e ventado bastante a semana inteira, com certeza o ninho havia caído. Chamei meus filhos e meu esposo para ver o que jamais esquecerei: em um galhinho de uma árvore, estava o Pinda e sua companheira tão juntinhos de forma que sua asinha a cobria como se a quisesse consolar, a chuva fininha ainda caia sobre eles... Esta cena ficou gravada em minha mente.
Quando o Pinda não estava com filhote, ele gostava de ficar mais conosco. Quando minha filha o alimentava, e o levava até a porta para que ele voasse, ele deitava em suas mãos, fechava os olhinhos e dormia. Ele se sentia seguro em nossas mãos.
Quando nós estávamos no quarto, escrevendo ou coisa parecida, ele pousava no sofá da sala, voava para o chão e ia direto para o nosso quarto... Ele conhecia a casa inteira.
Quando víamos o Pinda chegando, caíamos na risada, dizendo: — "Chegou o Gostosão!".
As vezes em que minha mãe vinha em minha casa, ela dizia:
— Deixa-me pegar ele um pouquinho?
Apesar do Pinda reclamar um pouco: Hu... hu... hu..., eu o colocava nas mãos dela, que toda contente dizia:
— Hoje ele não me estranhou.

Ah! Que saudade desses tempos...
No início, eu disse: vou tentar descrever a saudade, mas como descrevê-la? Será que passar para o papel a trajetória de alguém que jamais tornaremos a ver, amenizará a dor?
A lembrança nos faz recordar momentos tristes, porém também nos lembram momentos de felicidades que nos fazem sorrir, então darei continuidade a esta história totalmente veraz.
Em agosto de 2003, quando terminaram as férias e os alunos de minhas filhas retornaram à escola, tiveram bastante tempo para acompanhar os movimentos do Pinda. Várias vezes eles viram o Pinda chegar e pousar em nosso ombro, então interrogavam:
— Porque ele volta? O que ele come? Eu queria ter um assim...
Minhas filhas respondiam:
— Ele volta porque é feliz e não está em cativeiro...
Na passagem de 2003 para 2004 ficamos muito preocupados com o Pinda, pois a queima de fogos foi ensurdecedora, entretanto, no primeiro dia do ano, quem veio nos ver? O Pinda! Afinal de contas, ele nunca deixou de nos ver, o mínimo que ele vinha era duas vezes ao dia. Mas, quando estava com filhotes ele vinha mais vezes.
Dia 04 de abril foi um dia festivo para nós, dia do batismo da minha filha. O ônibus estava parado em frente à igreja, os irmãos estavam chegando, todos estavam felizes.
Neste dia Pinda não se aproximou, com certeza estava temeroso, mas é certo que estava observando tudo, como sempre, das árvores mais próximas.
Retornamos depois de uma manhã de bênçãos, nos despedimos dos irmãos, e ao entrarmos no quintal, quem estava em frente a porta da sala? Era o Pinda. Ele não perdeu tempo, voou em nossa direção e pousou nas mãos de meu filho, que sorrindo foi alimentá-lo. Ele estava bem faminto.
1º de maio de 2004, estávamos todos felizes, pois se aproximava o dia das mães, nem imaginávamos que estava chegando o dia da partida daquele que tanto amávamos. Estávamos programando para o dia 09 um almoço, pois meus pais e minha sogra viriam almoçar conosco. Neste domingo haveria escola dominical e não poderíamos faltar. Nossa mente estava muito ocupada com planos e tarefas.
Finalmente chegou sábado, dia nove de maio de 2004. Levantei-me bem cedo, coloquei o frango no forno, enquanto minhas filhas colocavam o cd de Oséias de Paula homenageando as mamães.
A manhã foi de total correria, porém de muita alegria. Às 11 horas o almoço estava pronto. Aguardamos então a chegada dos convidados, que não demoraram muito; colocamos uma mesa extra na sala para os adultos e na copa estavam as meninas com uma colega convidada.
Em meio a tanta alegria e louvores, quem chega? O Pinda! Ele pousou com sua companheira em frente a janela da sala, todos olharam para eles e quase que em coro, dissemos:
— Vem, Pindinha! Eu, que estava mais próxima à janela, estendi minhas mãos e o chamei, e ele, mais que prontamente, atendeu. Coloquei-o sobre a mesa da copa e minha filha levantou-se para servi-lo. Enquanto ela o alimentava, Deus falou profundamente ao seu coração:
— Despede-se dele.
Aliás, durante a semana, o Senhor já havia falado ao seu coração, porém ela decidiu não dar importância, acreditando ser um pensamento sem sentido. Na verdade, essa foi a última vez que o vimos. Notei com clareza que ele havia morrido.
No dia seguinte, domingo pela manhã, quando chegamos da igreja, estava próxima à janela da sala, a fêmea, como que procurando algo. Interroguei meus filhos:
— O Pinda esta dentro de casa?
Eles responderam:
— Não!
Logo percebi que algo havia acontecido com nosso Pindinha.
Meu filho foi até o segundo andar, e, com os olhos, percorreu todo terreno vazio ao lado de nossa casa, onde o Pinda costumava recolher palhas, porém tudo foi em vão.
Onde procurá-lo?
O que aconteceu com nosso Pinda?
Infelizmente, não sabíamos. Talvez um gato ou uma pedrada tivesse tirado sua vida.
Todos nós choramos muito...
À noite, no meado da semana, após termos a certeza de que não o veríamos mais, entrei no quarto dos meus filhos, todos três estavam deitados, porém acordados; sentei-me na cadeira e comecei a falar sobre as travessuras do Pinda.
Despertei-me do meu raciocínio e cessei de narrá-los, quando minha filha desatou num choro que me fez entender que ainda era cedo para comentar sobre ele, pois esse assunto doía muito.
Durante o decorrer da semana, joguei alpiste para alimentar a fêmea, que sempre vinha na esperança de encontrar o seu companheiro.
Após duas semanas se passarem, notei que a fêmea estava muito triste e doente. Notei também que, ao lado dela, estava um de seus filhotes, que também era filho do Pinda, como que a consolando da perda que tivera.
Isso durou quase três semanas. A cada vez que eu a via, mais doente e triste ela estava. A última vez que eu a vi, foi em um galho onde muitas vezes meus olhos a contemplaram juntamente com o Pinda. Mas desta feita, ela estava encorujada, com um dos filhotes ao seu lado, cutucando-a com o bico como querendo alegrá-la. Essa foi a última vez que eu a vi.
Poderá passar dias, meses e até anos, porém jamais esqueceremos do Pinda, essa avezinha tão querida que nos trouxe tantas alegrias.
Hoje, tento descrever a saudade que sinto...
Embora pareça simples, esta pequena história é um verdadeiro exemplo de vida para todo e qualquer ser humano...
A nossa vida é um conto ligeiro, somos como uma flor, que hoje está bela, mas amanhã murcha e cai.
O Pinda estava feliz, ele não esperava que aquele fosse o seu último dia de vida. E você, meu amado leitor, está feliz? Está com saúde? Muito bem! Isso é muito importante! Porém, o mais importante de tudo é termos o Senhor Jesus Cristo em nosso coração.
O Pinda era uma simples avezinha, mas você é uma pessoa inteligente que tem um espírito.
O Pinda teve uma vida bastante curta, e a nossa? Quanto tempo durará?
Certo é, que existe um juiz, que possui, em seu livro, o nome de todos quanto pertencem a ele. E o seu nome já está escrito nesse livro? Pense nisso hoje! Não deixe para amanhã! Pois o amanhã não nos pertence... Hoje é o dia, agora é a hora. Não importa se você está sozinho, basta tão somente você crer em Jesus, creia e receba-o como Senhor e Salvador de sua vida!
Visite uma igreja evangélica mais próxima de sua casa e sirva a Jesus com alegria, para que um dia possamos nos encontrar lá no céu.
Jesus te Ama!
OBS: Todos acontecimentos relatados nesta história são verídicos.

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