[Estudo da Pessoa do Espirito Santo] Os Dons Espirituais.



A discussão acerca dos dons espirituais, na igreja em Corinto, girava em torno de pelo menos quatro questões, para aqueles crentes ainda desconhecidas - pelo menos em parte:
     o que eram os dons espirituais;
     os nomes dos dons - tecnicamente relacionados;
     a finalidade dos dons na igreja;
     o uso correto dos dons, para que a igreja fosse edificada.
Parece que não faltava aos coríntios "dons ministeri­ais" e "dons auxiliares". O grande apóstolo faz uma li­geira introdução, lembrando aos coríntios que eles eram gentios levados aos ídolos mudos. E, no versículo se­guinte, mostra-lhes a Trindade (1 Co 12.2,3).
Em seguida, descreve os dons espirituais, mostrando sua finalidade e uso correto. Os coríntios haviam atingi­do um elevado grau de saber. Era o tempo em que se falava: "Os gregos buscam sabedoria" (1 Co 1.22). Entretanto, Paulo os adverte de sua ignorância no tocante às manifestações espirituais: "Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes" (1 Co 12.1).
Em Roma, por exemplo, havia profunda carência de dons, a ponto de o apóstolo expressar preocupação: "Por­que desejo ver-vos, para vos comunicar algum dom espi­ritual a fim de que sejais confortados" (Rm 1.11).
O apóstolo explica que os dons são "faculdades divi­nas operando na pessoa humana", capacitando homens e mulheres a servirem melhor a Deus no crescimento e edificação da igreja: "Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil" (1 Co 12.7).

 Classificação dos Dons

De acordo com o ensino geral da Bíblia, os dons podem ser classificados em três grupos distintos:

     Dons ministeriais
APÓSTOLOS
PROFETAS
EVANGELISTAS
PASTORES
MESTRES

  Dons auxiliares
GOVERNOS
EXORTAÇÃO
REPARTIR
PRESIDIR
EXERCITAR MISERICÓRDIA SOCORROS

   Dons espirituais
DOM DE SABEDORIA
DOM DA CIÊNCIA
 DOM DA FÉ
 DONS DE CURAR
 DOM DE OPERAÇÃO DE MARAVILHAS
 DOM DE PROFECIA
 DOM DE DISCERNIR OS ESPÍRITOS
 DOM DE LÍNGUAS
 DOM DE INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS

Esta é uma lista técnica, conforme os dons encontram-se relacionados. Estudaremos cada um deles mais à fren­te (com exceção dos dons ministeriais), por sua ordem e em cada grupo.
Alguns desses dons são citados em outros textos rela­cionados ao mesmo assunto:
     ministério (ou governos), relacionado aos apóstolos e pastores (Rm 12.7; 1 Co 12.28; Ef 4.11);
     presidência, relacionado ao ministério pastoral e administrativo da igreja (Rm 12.8; Ef 4.11; 1 Tm 5.17);
     ensino, relacionado aos mestres (Rm 12.7; 1 Co 12.28; Ef 4.11; 1 Tm 3.2);
     exortação, relacionado ao ministério profético e ao dom da profecia (Rm 12.8; 1 Co 12.10,28; Ef 4.11);
     dom de repartir, relacionado à profecia e à interpre­tação de línguas, no sentido espiritual, e ao exercício da misericórdia e socorros no seio da comunidade, no senti­do social (Rm 12.8; 1 Co 12.10,11; 2 Co 9.11-13);
     misericórdia, relacionado aos socorros (Rm 12.8; 1 Co 12.28);
     milagres, relacionado à operação de maravilhas (1 Co 12.10,28).
Os dons ministeriais e os auxiliares, ainda que um pouco diferentes dos dons espirituais, são, contudo, ma­nifestações diversificadas do Espírito Santo.
Em Romanos 12.6-8, os dons ministeriais e auxiliares encontram-se interligados com os dons espirituais.
Em 1 Coríntios 12.1-10, os dons espirituais são distin­tos, mas a partir do versículo 28 são novamente relacio­nados aos dons ministeriais e auxiliares.
Em Efésios 4.7-11, os dons ministeriais são distintos dos dons espirituais.
Na relação de Paulo em Romanos 12.6-8, o dom da profecia aparece em primeiro lugar, depois fé, ministério e os dons de ensinar, exortar, repartir e presidir.
Na relação de 1 Coríntios 12.8-10, o dom da palavra da sabedoria vem em primeiro lugar; depois são citados mais oito dons. Nos versículos 28-31, são mencionados os dons ministeriais e auxiliares, vindo em primeiro lu­gar "apóstolos". Em seguida são relacionados também oito dons.
Efésios 4.11 cita "apóstolos" em primeiro lugar, se­guido de mais quatro dons.

Os Dons São Faculdades da Trindade Divina

Os dons, quer ministeriais, auxiliares ou espirituais, são distribuídos diretamente pela Trindade Divina.
Diz Paulo que o Pai, o Filho e o Espírito Santo ope­ram conjuntamente no exercício desses dons.
   O Espírito Santo - "Ora há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo" (1 Co 12.4);
   Jesus Cristo - "E há diversidade de ministérios, mas o Senhor [Jesus] é o mesmo" (1 Co 12.5);
   Deus, o Pai - "E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos" (1 Co 12.6).
Devemos observar a vital importância do Espírito San­to no exercício dos dons espirituais. Ele recebeu de Deus plena liberdade para exercer seu ministério divino! Somente no capítulo referido nesta seção, o Espírito é mencionado 11 vezes (vv. 3,4,7,8,9,11,13).

Os Coríntios Desconheciam Algumas Manifestações

O Dr. F. W. Grant opina que havia na igreja em Corinto manifestações que não eram do Espírito Santo, embora semelhantes. Alguns dos crentes coríntios provi­nham de diversas ramificações idolatras, em cujos cultos havia manifestações de espíritos maus. Agora, com as manifestações do Espírito de Deus no meio deles, era necessária a distinção. Paulo explica, no versículo 3, que qualquer manifestação espiritual que não exalte Jesus como Senhor não é do Espírito Santo.
A expressão do apóstolo, no versículo 1 ("Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignoran­tes"), subentende que, na Igreja Primitiva, os dons espiri­tuais eram bastante freqüentes. Cinco passagens do Novo Testamento ensinam claramente que todo crente fiel está capacitado a receber algum dom espiritual (Rm 12.6; 1 Co 7.7; 12.4-7; Ef 4.7; 1 Pe 4.10). Em alguns cristãos, este dom encontra-se adormecido! Entretanto, a reco­mendação divina é que "despertes o dom de Deus, que existe em ti" (2 Tm 1.6).

Os Dons Espirituais Propriamente Ditos

Os dons mencionados em 1 Coríntios 12.8-10 são tecni­camente chamados "os nove dons espirituais", como costumeiramente usamos as expressões "os doze patriarcas dos filhos de Israel" e "os doze apóstolos do Cordeiro".
No entanto, as listas de dons apresentadas perfazem um número mais elevado. Os patriarcas, filhos de Jacó, são "doze" (At 7.8). Foram adicionados, entretanto, ou­tros dois a este número: Manasses e Efraim, embora não
ostentassem o título (Gn 48.5). Abraão e Davi também são chamados literalmente de patriarcas (At 2.29; Hb 7.4). No caso dos "doze" apóstolos, o mesmo título foi conferido também a Barnabé e a Paulo (At 14.4,14) e depois, num sentido distante, a Tiago, irmão do Senhor (Gl 1.19).
O texto menciona "dons" de curar, no plural. No en­tanto, para facilitar o estudo, manteremos nos capítulos seguintes (6, 7 e 8) "os nove dons espirituais", como é geralmente aceito pelo povo de Deus.
Pela ordem de citação, os dons espirituais estão assim relacionados:

DOM DA PALAVRA DA SABEDORIA
DOM DA PALAVRA DA CIÊNCIA
DOM DA FÉ
DONS DE CURAR
DOM DE OPERAÇÃO DE MARAVILHAS
DOM DE PROFECIA
DOM DE DISCERNIR OS ESPÍRITOS
DOM DE VARIEDADES DE LÍNGUAS
DOM DE INTERPRETAÇÃO DAS LÍNGUAS

Estes dons são classificados de acordo com a sua natureza.

 Dons de saber
Também chamados "dons de revelação".
DOM DA PALAVRA DA SABEDORIA
DOM DA PALAVRA DA CIÊNCIA
DOM DE DISCERNIR OS ESPÍRITOS

 Dons de poder
Também chamados "dons de operação sobrenatural".
DOM DA FÉ
DONS DE CURAR
DOM DE OPERAÇÃO DE MARAVILHAS

Dons de expressão
Também chamados "dons orais".
DOM DE PROFECIA
DOM DE VARIEDADES DE LÍNGUAS
DOM DE INTERPRETAÇÃO DAS LÍNGUAS

 "Dom" e "Dons"

O "dom" (singular) deve ser diferenciado de "dons" (plural). O dom propriamente dito é o batismo com o Espírito Santo, conforme defende Pedro no dia de Pente-coste e em outras ocasiões, quando se referia ao derrama­mento do Espírito: "E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado era nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo" (At 2.38). E, mais adiante, na cidade de Samaria, ao mago Simão: "O teu dinheiro seja contigo para perdi­ção, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro" (At 8.20). Finalmente, na casa de Cornélio, o centurião romano: "E os fiéis que eram da circuncisão... maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se der­ramasse também sobre os gentios" (At 10.45). Claro está que o termo "dom" usado nestes textos refere-se ao batis­mo com o Espírito Santo, que os 120 discípulos recebe­ram no cenáculo, evidenciado pelo falar em outras lín­guas.
No episódio de Atos 8.14-20, novamente o termo "dom" é repetido pelo apóstolo Pedro, como sendo o batismo com o Espírito Santo. Assim também na casa do centurião (At 10.44-47) e no concilio realizado em Jeru­salém, onde Pedro se defende por ter entrado na casa de um gentio (At 15.8).
As passagens de 2 Coríntios 9.15, Hebreus 6.4 e Tiago 1.17 podem indicar a mesma coisa. É importante obser­var que a palavra grega charismata, traduzida em portu­guês por "carismático", aparece por 17 vezes no Novo Testamento (Rm 1.11; 5.15,16; 6.23; 11.29; 12.6; 1 Co 1.7; 7.7; 12.4,9,28,30,31; 2 Co 1.11; 1 Tm 4.14; 2 Tm 1.6; 1 Pe 4.10). Relaciona-se com o verbo charizomai, que significa "eu dou como um favor".([1]) O A expressão se completa com o substantivo charismata, que quer dizer "dons gratuitos de Deus".
Aplica-se no Novo Testamento em três sentidos dife­rentes:
    a salvação do pecado (Rm 5.15-17);
    a libertação de perigo físico (2 Co 1.10,11);
    a capacidade de Deus na pessoa humana, para o bem-estar e o crescimento da comunidade cristã (Rm 12.3-8; 1 Co 12.14; Ef 4.7; 1 Pe 4.10,11).

Um Dom Específico em cada Grupo

Note-se que em cada grupo de dons espirituais há um dom de maior magnitude.
No primeiro grupo - dons de saber - destaca-se o dom da palavra da sabedoria.
No segundo grupo - dons de poder - destaca-se o dom da fé. No terceiro grupo - dons de expressão - destaca-se o dom de profecia.
Com efeito, a sabedoria é retratada na Bíblia como sendo o próprio Cristo: "Ele foi feito por Deus sabedo­ria" (1 Co 1.30). E também é o primeiro dom relacionado entre os nove (cf. Pv 4.7; 1 Co 12.8).
No caso da fé especial, torna-se evidente que ela é necessária para que alguém cure e opere maravilhas. Sem fé é impossível operar tais milagres (Mt 21.21; Hb 11.6).
Finalmente, a profecia é autônoma no grupo de ex­pressão, pois não depende de interpretação, como no caso da variedade de línguas. A profecia também repre­senta, na atual dispensação, "o testemunho de Jesus Cris­to" (Ap 19.10).
Os charismata, por conseguinte, podem ser chamados com exatidão de "dons graciosos". A forma singular é encontrada em passagens como: Romanos 1.11; 5.15,16; 6.23; 1 Coríntios 1.7; 7.7; 2 Coríntios 1.11; 1 Timóteo 4.14; 2 Timóteo 1.6; 1 Pedro 4.10.
Temos a forma plural em Romanos 11.29 e 12.6; 1 Coríntios 12.4,9,28,31 etc.
Há outros textos que mencionam a pluralidade dos dons, em sentido geral (cf. Sl 68.18; 1 Co 14.1; Ef 4.8; Hb 2.4 etc).

A Difusão dos Dons

Os dons do Espírito Santo assinalam uma nova dis­pensação, a da Graça, e foram preditos com antecedência de séculos pelos profetas do Senhor (cf. Jl 2.28; Ag 2.9; Zc 12.10).
São confirmados pelas promessas de Cristo aos seus discípulos no Novo Testamento (Mc 16.17; Jo 14.12; At 1.8). Observemos no entanto que Pedro, no dia de Pente-coste, salienta que a profecia de Joel não expirava ali: "Isto é o que foi dito pelo profeta Joel" (At 2.16). Pedro não diz: "Cumpriu-se o que foi dito". O cumprimento desta grande profecia tem acompanhado a Igreja através dos séculos, e mesmo numa outra dispensação, a do Mi­lênio, continuará.
Posteriormente, numerosos dons espirituais são men­cionados por Lucas, em Atos dos Apóstolos (3.6ss; 5.12ss; 8.13,18; 9.33ss; 12.6-8; cf. 1 Co 12-14), e por Pedro (1 Pe4.10).
Paulo, além de usar expressões técnicas para descre­ver os dons espirituais, chama-os também de "estas coi­sas", "coisas espirituais" e "as coisas do Espírito de Deus" (1 Co 2.13,14; 12.11). Expressões de idêntico significa­do são encontradas em outras passagens, tais como:
O DOM DO ESPÍRITO SANTO (At 2.38) O DOM DE DEUS (At 8.20) DOM INEFÁVEL (2 Co 9.15) O DOM CELESTIAL (Hb 6.4)
Todas estas expressões, direta ou indiretamente, apon­tam operações do Espírito Santo. ([2])

A Diversidade de Dons

Além dos dons mencionados em 1 Coríntios 12.8-10, há outros distribuídos pelo Espírito Santo. Paulo afirma: "Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo" (1 Co 12.4). Em passagens como Romanos 12.7,8 e 1 Coríntios 12.28, além dos dons propriamente ministeri­ais, aparecem outros: governos (ministérios), exortação, repartir, presidir, exercitar misericórdia, socorros.

Governos
Este dom é chamado "ministério" em Romanos 12.7, e "governos", em 1 Coríntios 12.28. Está relacionado diretamente com os "dons eclesiásticos", especialmente com os apóstolos e pastores - e, por extensão, aos anciãos da igreja. Nos dias da Igreja Primitiva, havia, pois, ne­cessidade de pessoas dotadas de habilidades especiais para a administração e a ordem social.
Na dispensação da Lei, já havia um ministério assim denominado. Os levitas eram consagrados aos trinta anos para esta função, e nela permaneciam até aos cinqüenta: "Da idade de trinta anos para cima, até aos cinqüenta, todo aquele que entrava a executar o ministério da admi­nistração..." (Nm 4.47). Era dividido em duas funções distintas: uma espiritual e uma social.
Paulo informa aos romanos que iria a Jerusalém "para ministrar" aos santos, numa passagem que fala de bens materiais e espirituais, respectivamente (Rm 15.25-27). Ele até orou neste sentido: "Para que... esta minha admi­nistração, que em Jerusalém faço, seja bem aceita pelos santos" (Rm 15.31).
Há, em nossos dias, um grande número de pessoas com extraordinária capacidade administrativa. Mas trata-se apenas de habilidade humana, técnica. A administra­ção bíblica, porém, é uma aptidão concedida ao homem ou à mulher pelo Espírito Santo, para que administrem os bens terrenos e espirituais pertencentes à igreja ou à comunidade.

Exortação
Encontramos este dom em Romanos 12.8 e 1 Coríntios 14.3, sendo nesta última passagem ligado ao dom de profe­cia, mas deve também estar relacionado a "mestres". Não é de duvidar que profetas e mestres, o primeiro através da profecia e o segundo pelo ministério da palavra, exercessem esse dom. O propósito da exortação é levar os crentes a uma vida cristã mais elevada, a uma íntima transformação se­gundo a imagem de Cristo. Trata-se de uma conclamação do Espírito de Deus ao arrependimento e à santidade. As palavras de exortação são ensinadas pelo Espírito Santo (Rml2.8; 1 Co 2.13; 14.1-3).

 Repartir
O dom de repartir é citado em Romanos 12.8. Do ponto de vista divino, este dom do Espírito está ligado diretamente aos dons de profecia e interpretação; e, no sentido social, à misericórdia e socorros. Jesus ensinou seus discípulos a "repartir o pão" (Jo 6.11). E, de igual modo, "o pão da ceia do Senhor", que representa seu corpo, e o "cálice", que simboliza o seu sangue (Lc 22.17-20).
O primeiro ato do Senhor - o repartir o pão - fala da multiplicação que sucedeu a este gesto.
O segundo ato fala da comunhão, que é representada pela ceia do Senhor. O verdadeiro cristão tanto reparte com os demais os bens temporários quanto os espirituais.
A Igreja Primitiva era sem dúvida possuidora deste dom maravilhoso, pois "não havia pois entre eles neces­sitado algum" (At 4.34). O segredo deste sucesso era que "repartia-se por cada um, segundo a necessidade que cada um tinha". Do ponto de vista divino, a Igreja cum­priu sua missão, enchendo Jerusalém e depois o mundo inteiro com a palavra de Deus.

Presidir
Este dom também é citado em Romanos 12.8. Asso­cia-se com o ministério pastoral. No original, o termo "presidir" fala de funções administrativas na igreja, en­volvendo os responsáveis pelo bom funcionamento de alguns de seus segmentos e do ministério.
No entanto, trata-se primeiramente de um dom, e so­mente depois envolve o ofício. Está presente nas "sete colunas de sabedoria", que são: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores, mestres, presbíteros e diáconos.

Misericórdia
Também citado em Romanos 12.8, este dom envolve tanto ajuda material quanto espiritual. Paulo lembra aos anciãos da igreja de Efeso que não esqueçam da miseri­córdia: "Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventura­da coisa é dar do que receber" (At 20.35).
Em 1 Coríntios, falando expressamente dos dons espi­rituais, o apóstolo menciona um dom "maior" que os demais - o amor (13.13). E é o amor o pai da misericór­dia!
Deus é amor, e também se chama "Pai das misericór­dias" (2 Co 1.3). O dom da misericórdia é uma "compai­xão demonstrada" àqueles que sofrem! É a tristeza de não fazer e a alegria de realizar! O Filho de Deus, em seus dias na Terra, ensinou a todos o valor deste dom: "Misericórdia quero, e não sacrifício" (Mt 9.13). E, a respeito dos que possuem este dom tão maravilhoso, disse: "Bem-aventurados os mise­ricordiosos, porque eles alcançarão misericórdia" (Mt 5.7).
Há quem exercite a misericórdia do dever, a primeira milha. Entretanto, só poderá caminhar a segunda milha quem possuir a misericórdia como dom.

Socorros
Este dom é citado em 1 Coríntios 12.28. A exemplo do exercício de misericórdia, tem abrangência material e espiritual. É citado no plural em função das inúmeras necessidades no seio da igreja, que são de ordem espiri­tual, moral e social.
Nas horas difíceis, pessoas capacitadas pelo Espírito Santo com o dom de socorros estão prontas para ajudar. São impelidas pelo Espírito Santo a um interesse especial e intuitivo pelos necessitados, e descobrem meios para resolver essas necessidades. Mesmo quando todas as vo­zes se calam em defesa da igreja ou do cristão individual­mente, "socorro e livramento doutra parte virá" (Et 4.14); porque "Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia" (Sl 46.1). Em qualquer tempo ou lugar, contamos sempre com o "socorro do Espírito de Jesus Cristo" (Fp 1.19).

Deus É quem Opera Tudo em Todos

Deus está em foco na operação miraculosa de cada dom. Ele é e sempre será o operador: cada dom é confe­rido e posto em funcionamento por Ele.
Apesar de haver "diversidade de dons., de ministéri­os... de operações... é o mesmo Deus que opera tudo em todos" (1 Co 12.4-6). Isto faz com que haja unidade na diversidade.
"Assim é que temos o Pai, a primeira fonte e a origem de toda a influência espiritual em todos; temos também Deus Filho, aquEle que põe em ordem, em sua Igreja, todos os ministérios, mediante o quê essa influência pode ser legitimamente trazida para edificação de seu corpo; e temos Deus Espírito Santo, que habita e opera no seio da Igreja, efetuando em cada indivíduo a medida de seus dons que Ele assim quiser fazer".
Toda e qualquer manifestação espiritual deve estar de acordo e em perfeita harmonia com o ensinamento geral da Bíblia. Se há manifestação ou operação diferente, seja rejeitada como fonte espúria. Jamais o Espírito Santo operará em desacordo com o Pai e o Filho.


[1] CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado. Milenium, 1982.
[2] Idem.

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