As autoridades delegadas têm de permanecer sob autoridade.

Tendo Saul voltado de perseguir os filisteus, foi-lhe dito: Eis que Davi está no deserto de En-Gedi. Tomou então Saul três mil homens, escolhidos dentre todo o Israel, e foi ao en­calço de Davi e dos seus homens, nas faldas das penhas das cabras monteses. Chegou a uns currais de ovelhas no caminho, onde ha­via uma caverna; entrou nela Saul, a aliviar o ventre. Ora Davi e os seus homens estavam assentados no mais interior da mesma. En­tão os homens de Davi lhe disseram: Hoje é o dia, do qual o Senhor te disse: Eis que te entrego nas mãos o teu inimigo e far-lhe-ás o que bem te parecer. Levantou-se Davi, e furtivamente cortou a orla do manto de Saul. Sucedeu, porém, que, depois sentiu Davi ba-ter-lhe o coração, por ter cortado a orla do manto de Saul; e disse aos seus homens: O Senhor me guarde de que eu faça tal cousa ao meu senhor, isto é, que eu estenda a mão contra ele, pois é o ungido do Senhor
 (1 Sm. 24:1-6).

Vieram, pois, Davi e Abisai de noite ao povo, e eis que Saul estava deitado, dormindo no acampamento, e a sua lança fincada na terra à sua cabeceira; Abner e o povo estavam deitados ao redor dele. Então disse Abisai a Davi: Deus te entregou hoje nas mãos o teu inimigo; deixa-me, pois, agora, encravá-lo com a lança, ao chão, de um só golpe; não será preciso segundo. Davi, porém, respondeu a Abisai: Não o mates, pois quem haverá que estenda a mão contra o ungido do Senhor, e fique inocente? Acrescentou Davi: Tão certo como vive o Senhor, este o ferirá, ou o seu dia chegará em que morra, ou em que, descendo à batalha, seja morto. O Senhor me guarde, de que eu estenda a mão contra o seu ungido; agora, porém, toma a lança que está à sua cabeceira, e a bilha da água, e vamo-nos. Tomou, pois, Davi a lança e a bilha da água, da cabeceira de Saul, e foram-se; ninguém o viu, nem o soube, nem se despertou, pois todos dormiam, por­quanto da parte do Senhor lhes havia caído profundo sono
 (1 Sm. 26:7-12).

Disse Davi ao moço que lhe dava as no­vas: Como sabes tu que Saul e Jôanatas, seu filho são mortos? Então disse o moço por­tador das notícias: Cheguei por acaso à mon­tanha de Gilboa, e eis que Saul estava apoia­do sobre a sua lança, e os carros e a cava­laria apertavam com ele. Olhando ele para trás, viu-me e chamou-me. Eu disse: Eis-me aqui. Ele me perguntou: Quem és tu? Eu respondi: Sou amalequita. Então me disse: Arremete contra mim, e mata-me, pois me sinto vencido de cãibra, mas o tino se acha ainda todo em mim. Arremessei-me, pois, so­bre ele, e o matei, porque bem sabia eu que ele não viveria depois de ter caído. Tomei-Ihe a coroa que trazia na cabeça e o bra­celete, e os trouxe aqui ao meu senhor. Então apanhou Davi as suas próprias ves­tes e as rasgou, e assim fizeram todos os homens que estavam com ele. Prantearam, choraram e jejuaram até à tarde por Saul, e por Jônatas, seu filho, e pelo povo do Se­nhor, e pela casa de Israel, porque tinham caído à espada. Então perguntou Davi ao moço portador das notícias: Donde és tu? Ele respondeu: Sou filho de um homem es­trangeiro, amalequita. Davi lhe disse: Como não temeste estender a mão para matares o ungido do Senhor? Então chamou Davi a um dos moços, e lhe disse: Vem, lança-te sobre esse homem. Ele o feriu, de sorte que mor­reu  (2 Sm. 1:5-15).

Depois disto consultou Davi ao Senhor, dizendo: Subirei a alguma das cidades de Judá?  (2 Sm. 2:1).

Indo Recabe e Baaná, filhos de Rimom beerotita, chegaram à casa de Is-Bosete, no maior calor do dia, estando este a dormir, ao meio-dia. Ali entraram para o interior da casa, como que vindo buscar trigo, e o feri­ram no abdómen; Recabe e Baaná, seu ir­mão escaparam. Tendo eles entrado na casa, estando ele no seu leito, no quarto de dor­mir, feriram-no, e o mataram. Cortaram-lhe depois a cabeça e a levaram, andando toda a noite pelo caminho da planície. Trouxeram a cabeça de Is-Bosete ao rei Davi, a Hebrom, e lhe disseram: Eis aqui a cabeça de Is-Bose­te, filho de Saul, teu inimigo, que procurava tirar-te a vida; assim o Senhor vingou hoje ao rei meu senhor, de Saul e da sua descen­dência. Porém Davi respondendo a Recabe e a Baaná, seu irmão, filhos de Rimom, o beerotita, disse-lhes: Tão certo como vive o Senhor, que remiu a minha alma de toda a angústia, se eu logo lancei mão daquele que me trouxe notícia dizendo: Eis que Saul é morto, parecendo-lhe porém aos seus olhos que era quem trazia boas novas, e como re­compensa o matei em Ziclague, muito mais a perversos, que mataram a um homem jus­to em sua casa, no seu leito; agora, pois, não requereria eu o seu sangue de vossas mãos, e não vos exterminaria da terra? Deu Davi ordem aos seus moços; eles, pois, os mataram e, tendo-lhes cortado as mãos e os pés, os penduraram junto ao açude em He­brom; tomaram, porém, a cabeça de Is-Bosete, e a enterraram na sepultura de Abner, em Hebrom   (2 Sm. 4:5-12).

Então todas as tribos de Israel vieram a Davi, a Hebrom, e falaram, dizendo: Somos do mesmo povo de que tu és. Outrora, sendo Saul ainda rei sobre nós, eras tu que fazias entradas e saídas militares com Israel; tam­bém o Senhor te disse: Tu apascentarás o meu povo de Israel, e serás chefe sobre Is­rael. Assim, pois, todos os anciãos de Israel vieram ter com o rei em Hebrom; e o rei Davi fez com eles aliança em Hebrom, pe­rante o Senhor. Ungiram a Davi, rei sobre Israel  (2  Sm.  5:1-3).

Ao entrar a arca do Senhor na cidade de Davi, Mical, filha de Saul, estava olhando pela janela, e, vendo ao rei Davi, que ia saltando e dançando diante do Senhor, o des­prezou no seu coração. Introduziram a arca do Senhor, e puseram-na no seu lugar, na tenda que lhe armara Davi; e este trouxe holocaustos e ofertas pacíficas perante o Senhor. Tendo Davi trazido holocaustos e ofertas pacíficas, abençoou o povo em nome do Senhor dos Exércitos. E repartiu a todo o povo, e a toda a multidão de Israel, assim a homens como a mulheres, a cada um, um bolo de pão, um bom pedaço de carne e pas­sas. Então se retirou todo o povo, cada um para sua  casa.
Voltando Davi para abençoar a sua casa, Mical, a filha de Saul, saiu a encontrar-se com ele, e lhe disse: Que bela figura fez o rei de Israel, descobrindo-se hoje aos olhos das servas de seus servos, como sem pejo se descobre um vadio qualquer! Disse, porém, Davi a Mical: Perante o Senhor, que me escolheu a mim antes do que a teu pai, e a toda a sua casa, mandando-me que fosse chefe sobre o povo do Senhor, sobre Israel, pe­rante o Senhor me tenho alegrado. Ainda mais desprezível me farei, e me humilha­rei aos meus olhos; quanto às servas, de quem falaste, delas serei honrado. Mical, filha de Saul, não teve filhos, até ao dia da sua morte (2 Sm. 6:16-23).

Então entrou o rei Davi na casa do Se­nhor, ficou perante ele, e disse: Quem sou eu, Senhor Deus, e qual é a minha casa, para que me tenhas trazido até aqui? (2 Sm. 7:18).

Disse, pois, o rei a Itai, o geteu: Por que irias também tu conosco? Volta, e fica-te com quem vier a ser o rei, porque és estrangeiro e desterrado de tua pátria. Chegaste ontem e já te levaria eu hoje conosco a vaguear, quando eu mesmo não sei para onde vou? Volta, pois, e faze voltar a teus irmãos con­tigo. E contigo sejam misericórdia e fide­lidade (2 Sm. 15:19, 20).

Eis que Abiatar subiu, e também Zadoque e com este todos os levitas que levavam a arca da aliança de Deus; puseram ali a arca de Deus, até que todo o povo acabou de sair da cidade. Então disse o rei a Zadoque: Torna a levar a arca de Deus à cidade. Se achar eu graça aos olhos do Senhor, ele me fará voltar para lá, e me deixará ver assim a arca como a sua habitação. Se ele, porém, disser: Não tenho prazer em ti; eis-me aqui, faça de mim como melhor lhe parecer (2 Sm. 15:24-26).

Tendo chegado o rei Davi a Baurim, eis que dali saiu um homem da família da casa, de Saul, cujo nome era Simei, filho de Gera; saiu, e ia amaldiçoando. Atirava pedras con­tra Davi e contra todos os seus servos; ainda que todo o povo e todos os valentes estavam à direita e à esquerda do rei. Amaldiçoando-o dizia Simei: Fora daqui, fora, homem de san­gue, homem de Belial; o Senhor te deu agora a paga de todo o sangue da casa de Saul, cujo reino usurpaste, já o entregou nas mãos de teu filho Absalão; eis-te agora na tua desgraça, porque és homem de sangue. Então Abisai, filho de Zeruvia, disse ao rei: Por que amaldiçoaria este cão morto ao rei meu se­nhor? Deixa-me passar, e lhe tirarei a ca­beça. Respondeu o rei: Que tenho eu con­vosco, filhos de Zeruia? Ora deixai-o amal­diçoar; pois se o Senhor lhe disse: Amaldi­çoa a Davi, quem diria: Por que assim fizes­te? Disse mais Davi a Abisai, e a todos os seus servos: Eis que meu próprio filho pro­cura tirar-me a vida, quanto mais ainda este benjamita? Deixai-o, que amaldiçoe, pois o Senhor lhe ordenou. Talvez o Senhor olhará para a minha aflição e me pagará com bem a sua maldição deste dia. Prosseguiam, pois, o seu caminho, Davi e os seus homens; tam­bém Simei ia ao longo do monte, ao lado dele, caminhando e amaldiçoando, e atirava pedras e terra contra ele. O rei e todo o povo que ia com ele chegaram exaustos ao Jordão, e ali descansaram (2 Sm. 16:5-14).

Todo o povo, em todas as tribos de Israel, andava altercando entre si, dizendo: O rei nos tirou das mãos de nossos inimigos, livrou--nos das mãos dos filisteus, e agora fugiu da terra por causa de Absalão. Absalão, a quem ungimos sobre nós, já morreu na peleja; agora, pois, por que vos calais, e não fazeis voltar o rei? Então o rei Davi mandou dizer a Zadoque e a Abiatar, sacerdotes: Falai aos anciãos de Judá: Por que seríeis vós os últimos em tornar a trazer o rei para a sua casa? visto que aquilo que todo o Israel dizia já chegou ao rei, até à sua casa. Vós sois meus irmãos, sois meu osso e minha carne; por que, pois, seríeis os últimos em tornar a trazer o rei? Dizei a Amasa: Não és tu meu osso e minha carne? Deus me faça o que lhe aprouver se não vieres a ser para sempre comandante do meu exército, em lugar de Joabe. Com isto, moveu o rei o co­ração de todos os homens de Judá, como se fora um só homem, e mandaram dizer-lhe: Volta, ó rei, tu e todos os teus servos. Então o rei voltou, e chegou ao Jordão; Judá foi a Gilgal, para encontrar-se com o rei, a fim de fazê-lo passar o Jordão (2 Sm. 19:9-15).

Nos tempos do Velho Testamento Davi foi o segundo a quem Deus fez rei; o primeiro rei, Saul, também foi estabelecido por ele. Davi era a nova autoridade estabelecida por Deus, o novo ungido do Senhor; enquanto Saul era a auto­ridade rejeitada, aquele cuja unção era coisa do passado, pois o Espírito de Deus já o tinha dei­xado. Vamos observar agora como Davi estava sujeito à autoridade, não se esforçando em esta­belecer a sua própria autoridade.

Esperando que Deus garantisse a autoridade

1 Samuel 24 apresenta o que aconteceu em En-Gedi. Davi cortou um pedaço do manto de Saul e o seu coração o acusou porque sua consciência era extremamente sensível. O capítulo 26 conta como Davi tomou a lança e o cantil de Saul. Provavelmente pensava que tirando essas coisas que pertenciam a Saul daria provas de sua pre­sença e seria assim mais atendido. Isto, entre­tanto, é o modo de agir de um advogado e não de um cristão. Um cristão se preocupa com os sentimentos, não com o raciocínio; lida com fa­tos, não com evidências. É verdade que Davi, no princípio, agiu como um advogado, mas tendo os sentimentos de um cristão, seu coração podia imediatamente ser tocado. Diante de Deus somos pessoas que se preocupam com atos e não com a política, por isso não enfatizamos processos. Embora o cortar do manto e o tirar de uma espada e um cantil nos tornassem mais cons­pícuos, nosso coração haveria de nos acusar.
Davi era capaz de se sujeitar à autoridade. Jamais anulou a autoridade de Saul; simples­mente aguardava que Deus garantisse a sua au­toridade. Não ajudaria Deus a fazê-lo; pelo con­trário, prontamente aguardaria que Deus agisse. Qualquer pessoa para ser autoridade delegada por Deus tem de aprender a não tentar estabelecer sua própria autoridade.
As autoridades precisam ser escolhidas por Deus e pela igreja

O primeiro capítulo de 2 Samuel conta como um homem matou Saul, mas Davi então, por sua vez, julgou o assassino. Por quê? Porque o homicida violou a autoridade. Embora a violação não se dirigisse contra Davi, ele julgou o assunto porque foi uma violação de autoridade.
Depois da morte de Saul, Davi perguntou a Deus a que cidade devia ir. Humanamente fa­lando, Davi com o seu exército deveria descer rapidamente a Jerusalém, pois ali estava o pa­lácio. Era uma oportunidade que não deveria ser perdida. Mas ele perguntou a Deus e Deus lhe disse que fosse a Hebrom. Hebrom era ape­nas uma cidade pequena e sem importância. A ida de Davi para lá provou que ele não estava tentando usurpar a autoridade por sua própria iniciativa. Esperou para ser ungido pelo povo de Deus. Samuel já o tinha ungido porque era o escolhido por Deus. Agora Judá o ungiu, porque era o escolhido do povo. Esta atitude tipifica a igreja fazendo suas escolhas. Davi não podia nem se opor nem recusar a unção do povo; ele não podia dizer: "Uma vez que já tenho a unção de Deus sobre mim não preciso da unção de vo­cês." Ser ungido por Deus é uma coisa; ser un­gido por seu povo é outra coisa. É preciso que haja a escolha da igreja e a escolha de Deus Ninguém pode se impor aos outros.
Davi não subiu a Jerusalém, porque esperava que o povo de Deus o ungisse. Permaneceu em Hebrom por sete anos. Embora não fosse um período curto, Davi não ficou impaciente. Deus jamais escolhe alguém para ser autoridade que esteja cheio de egoísmo e que procure a sua própria glória. Deus ungira Davi para ser rei sobre toda a nação de Israel como também sobre Judá, mas o povo de Deus ainda não o tinha aceito totalmente. Quando a casa de Judá o un­giu, tornou-se rei sobre aquela casa primeiro. Pelo resto, não estava ansioso; podia esperar.
Depois de reinar sobre Judá em Hebrom duran­te sete anos, todas as tribos de Israel ungiram Davi seu rei; assim foi rei em Jerusalém durante trinta e três anos. Por sua própria natureza, a autoridade não pode promover-se nem impor­-se aos outros; deve ser estabelecida por Deus e ungida pelos homens. Para estar em autori­dade sobre os filhos de Deus, é necessário que haja as duas coisas, a unção do Senhor e a unção do povo. Jamais durante aqueles sete anos desde os trinta até os trinta e sete, Davi duvidou que seria ungido pelo povo de Israel. Submeteu este assunto nas mãos de Deus.
Todos aqueles que conhecem a Deus podem esperar. Se a condição de uma pessoa está corre­ta, será reconhecida não só pelo Senhor como seu representante mas também pela igreja como representante de Deus Jamais lutemos com a carne, nem mesmo para levantar um dedo. Nin­guém pode se levantar e afirmar: "Sou auto­ridade estabelecida por Deus, vocês todos têm de submeter-se a mim." Primeiro temos de apren­der a ter ministério espiritual diante do Senhor e então, na hora designada por Deus, entraremos no meio dos seus filhos para servi-los. Por que Davi teve de esperar em  Hebrom?
Porque depois da morte de Saul, seu filho Is-Bosete, sucedeu-o como rei em Jerusalém. Mais
tarde, Recabe e Baaná  assassinaram  Is-Bosete e trouxeram sua cabeça a Hebrom, pensando que  traziam boas notícias. Pelo contrário, Davi mandou matá-los. Davi os julgou porque se rebelaram  contra a autoridade. Quanto mais uma pessoa aprender a ser autoridade, mais capaz será de manter a autoridade. Ninguém jamais deveria permitir que a autoridade de outra pessoa fosse prejudicada a fim de estabelecer a sua própria. Sempre que há rebelião contra a autoridade — e mesmo que não seja diretamente contra você — tem de ser julgada. Não aja com as pessoas só quando elas infringirem a sua autoridade.

           Nenhuma autoridade diante de Deus

2 Samuel 6 conta como, quando já era rei so­bre todo o Israel, Davi dançou diante da arca. Mical, sua esposa, a filha de Saul, viu-o e des­prezou-o em seu coração. Mical achava que, sen­do rei, ele deveria se santificar diante do povo  de Israel; isto é, deveria manter sua dignidade  exatamente como seu pai Saul fizera. Davi en­tendia a coisa de maneira diferente. Ele achava  que na presença de Deus não tinha autoridade nenhuma, pois era vil e desprezível. Em pensamento Mical cometeu a mesma falta de seu pai que, mesmo depois que Deus o rejeitou por ter-se rebelado poupando o que havia de melhor entre o gado e as ovelhas, ainda assim quis salvar o seu prestígio pedindo a Samuel que o honrasse diante do povo de Israel. Mical estava familiari­zada com esse jeito de fazer as coisas, mas era diferente com Davi. o resultado foi que Deus aceitou Davi, mas julgou Mical fechando o seu ventre. Até o dia de hoje, todos aqueles que an­dam pelo caminho de Mical, serão privados de descendência.
  Qualquer um que representa autoridade deve­ria ser manso e humilde diante de Deus e do seu povo. Não deveria ser presunçoso; não deve­ria também procurar manter a sua própria auto­ridade entre os homens. Embora Davi fosse o rei sobre o trono, diante da arca de Deus era igual ao seu povo. Mical achava que Davi também era rei na presença de Deus. Não aguentou a visão de Davi dançando diante da arca, por isso caçoou dele, dizendo: "Que bela figura fez o rei de Israel hoje!" Embora alguns sejam escolhidos para fi­car em posição de autoridade na igreja, todos são iguais diante de Deus. Eis aí a base e o segredo da autoridade.


Sem consciência de autoridade

Gosto de maneira especial das palavras de 2 Sa­muel 7:18: "Então entrou o rei Davi na casa do Senhor, ficou perante ele." O templo ainda não fora construído, portanto a arca se encontrava numa tenda; e Davi se sentou no chão. Ali Deus fez uma aliança com Davi, e ali Davi ofereceu uma oração maravilhosa. Nesta oração descobri­mos um espírito terno e sensível. Antes de se tornar rei, Davi foi um poderoso guerreiro;
nin­guém podia enfrentá-lo. Agora que era rei, assentou-se humildemente sobre o chão. Continuou sendo um homem humilde.
Mical, que tinha nascido no palácio, quis reter a sua majestade, exatamente como seu pai. Não via a diferença entre o homem entrando na pre­sença de Deus e saindo de sua presença. Sair é falar e agir em nome de Deus com auto­ridade, mas entrar é prostrar-se aos pés do Senhor, reconhecendo sua própria indignidade. Davi foi verdadeiramente um rei estabelecido por Deus, pois tinha a autoridade de Deus. Cristo não só era filho de Abraão, mas também filho de Davi. O nome do último rei mencionado em toda a Bí­blia é o nome de Davi. Portanto não nos sur­preende que Davi, mesmo sendo rei, não tivesse consciência de sua realeza, só de sua indignidade?
Não, qualquer um que pensa e sente que é uma autoridade não é digno dessa autoridade. Quan­to mais autoridade alguém possui, menos cons­ciência tem dela. Aquele que representa a autori­dade de Deus deve ter em si esta bendita tolice: ter autoridade mas não ter consciência de ser  uma autoridade.

A autoridade não precisa ser automantida

A rebelião de Absalão foi dupla: como filho rebelou-se contra o seu pai, e como cidadão re­voltou-se contra o seu soberano. Quando Davi fugiu da cidade tinha terrível necessidade de se­guidores. Mesmo assim pôde dizer de Itai: "Volta, e fica-te com quem vier a ser o rei, porque és es­trangeiro e desterrado de tua pátria' (2 Sm. 15:19). Como o coração de Davi era sensível! Mesmo em seu desespero não queria levar homens consigo.
Não é fácil conhecer-se uma pessoa de verdade dentro de um palácio, mas na provação ela se revela claramente.
Então os sacerdotes vieram com a arca. Se a arca fosse com Davi, muitos dentre o povo de Israel certamente o teriam seguido. Mas Davi elevou-se acima de sua aflição. Não permitiria que a arca o seguisse; preferia deixar que Deus fizesse com ele o que julgasse bom. Sua atitude foi de absoluta sujeição sob a poderosa mão de Deus. Ele disse: "Se achar eu graça aos olhos do Senhor, ele me fará voltar para lá, e me deixará ver assim a arca como a sua habitação. Se ele, porém, disser: Não tenho prazer em ti; eis-me aqui, faça de mim como melhor lhe parecer" (2 Sm. 15:25-26). Persuadiu Zadoque e todos os sacerdotes que carregavam a arca a voltar.
Essas palavras parecem fáceis de dizer, mas num momento de fuga são extremamente difíceis de enunciar. Aqueles que fugiram da cidade eram poucos em número, e Jerusalém estava cheia de gente rebelde. Não obstante Davi pôde mandar seus bons amigos de volta. Como o coração de Davi era puro! Subiu ao Monte das Oliveiras, chorando pelo caminho, descalço e com a cabe­ça coberta. Como era manso e humilde!
Tal, realmente, é a condição da autoridade estabelecida por Deus. Por que lutar com os ho­mens? Deus é que decide se uma pessoa é rei ou não; não depende das multidões de seguidores, nem mesmo da presença da arca. Davi não sentiu necessidade de tentar estabelecer sua autoridade.
A autoridade suporta a provocação

Um espírito rebelde é contagioso. Pelo caminho, apareceu Simei que amaldiçoava Davi sem parar e atirava pedras nele acusando-o: "O Senhor te deu agora a paga de todo o sangue da casa de Saul" (2 Sm. 16:8). Nada podia estar mais longe da verdade, uma vez que Davi não derramou ne­nhum sangue da casa de Saul. Não obstante Davi nem argumentou nem procurou vingar-se ou re­sistir. Tinha ainda seus homens de guerra ao seu lado, e tinha poder para matar aquele ho­mem. Mas impediu-os de matar Simei, dizendo: "Deixai-o, que amaldiçoe, pois o Senhor lhe or­denou" (2 Sm. 16:11).
 Que homem quebrantado e manso era Davi! Lendo a Bíblia precisamos captar o espírito de Davi nesta hora. Desesperado e solitário como se encontrava naquela ocasião, certamente poderia pelo menos desabafar um pouco sobre Simei. Mas Davi era homem de obediência absoluta. Submetia-se a Deus e aceitava qualquer coisa que viesse de Deus.
 Que todos os irmãos aprendam esta lição: o ho­mem de autoridade que Deus estabelece é capaz de suportar provocação. Se a autoridade que você possui é incapaz de
 ofender-se você está qualifica­do para ficar em autoridade. Não imagine que você pode exercer autoridade livremente porque foi escolhido por Deus. Só os obedientes têm capacidade para ficar em autoridade.

Aprenda a humilhar-se sob a poderosa mão de Deus

Davi não retornou ao palácio imediatamente após a morte de Absalão. Por quê? Porque Absalão também já fora ungido rei pelo povo. Por­tanto Davi tinha de aguardar. Então as onze tribos vieram ao rei e lhe pediram que voltasse, mas a tribo de Judá permaneceu em silêncio. Então Davi, a fim de animar seus corações, enviou uma mensagem a Judá porque ele mesmo era daquela tribo, embora, estivesse agora expulso por eles. Devia esperar que todo o seu povo lhe pedis­se para voltar. É verdade que Davi foi
original­mente estabelecido por Deus; não obstante, quan­do surgiram as provações, ele aprendeu a hu­milhar-se sob a poderosa mão de Deus. Não se sentia ansioso, nem lutou por si mesmo. Todas as suas batalhas foram pelo povo de Deus.   Todos os que são usados por Deus em posição de autoridade devem ter o espírito de Davi. Que ninguém se defenda nem fale por si mesmo. Aprendamos a esperar e a humilhar-nos diante de Deus. Aquele que sabe como obedecer melhor, é aquele que é melhor qualificado para ficar em posição de autoridade. Quanto mais alguém se prostra diante de Deus mais depressa o Senhor o vinga.

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