Abuso de autoridade e a disciplina governamental de Deus.

Não havia água para o povo; então se ajuntaram contra Moisés e contra Arão. E o povo contendeu com Moisés, e disseram: Oxa­lá tivéssemos perecido quando expiraram nos­sos irmãos perante o Senhor!...Disse o Senhor a Moisés: Toma a vara, ajunta o povo, tu e Arão teu irmão, e, diante dele, falai à rocha, e dará a sua água; assim lhe tirareis água da rocha, e dareis a beber à congregação e aos seus animais. Então Moisés tomou a vara de diante do Senhor, como lhe tinha ordenado. Moisés e Arão reuniram o povo diante da rocha, e lhe disseram: Ouvi, agora, rebeldes, porventura faremos sair água desta rocha para vós outros? Moisés levantou a mão, e feriu a rocha duas vezes com a sua vara, e saíram muitas águas; e bebeu a congregação e os seus animais. Mas o Senhor disse a Moisés e a Arão: Visto que não crestes em mim, para me santificardes diante dos filhos de Israel, por isso não fareis entrar este povo na terra que lhe dei. São estas as águas de Meribá, porque os filhos de Israel conten­deram com o Senhor; e se santificou neles (Nm. 20:2-3,  7-13).
Disse o Senhor a Moisés e a Arão no monte de Hor, nos confins da terra de Edom: Arão será recolhido a seu povo, porque não entrará na terra que dei aos filhos de Israel, pois fostes rebeldes à minha palavra, nas águas de Meribá. Toma a Arão e a Eleazar, seu filho, e faze-os subir ao monte Hor; de­pois despe a Arão das suas vestes, e veste com elas a Eleazar, seu filho; porque Arão será recolhido a seu povo, e aí morrerá. Fez Moisés como o Senhor lhe ordenara; su­biram ao monte Hor perante os olhos de toda a congregação. Moisés, pois, despiu a Arão de suas vestes, e vestiu com elas a Eleazar, seu filho; morreu Arão ali sobre o cume do mon­te; e dali desceram Moisés e Eleazar (Nm. 20:23-28).
Naquele mesmo dia falou o Senhor a Moi­sés, dizendo: Sobe a este monte de Abarim, ao monte Nebo, que está na terra de Moabe, defronte de Jericó, e vê a terra de Canaã, que aos filhos de Israel dou em possessão. E morrerás no monte, ao qual terás subido, e te recolherás ao teu povo, como Arão, teu irmão, morreu no monte Hor, e se recolheu ao seu povo, porquanto prevaricastes contra mim no meio dos filhos de Israel, nas águas de Meribá de Cades, no deserto de Zim, pois me não santificastes no meio dos filhos de Israel. Pelo que verás a terra defronte de ti, porém, não entrarás nela, na terra que dou aos filhos de Israel (Dt. 32:48-52).

Autoridade delegada deve santificar a Deus

Depois de mais de trinta anos vagando pelo deserto o povo de Israel tornou a esquecer as lições aprendidas na rebelião. Quando chegaram ao deserto de Zim e não acharam água tornaram a discutir com Moisés e Arão, pronunciando muitas palavras desagradáveis. Deus, não obs­tante, não se zangou com eles. Simplesmente ordenou que se pegasse a vara e falasse à rocha para que pudesse dar água. Moisés pegou a vara, um símbolo da autoridade de Deus, em suas mãos. Contudo, estava tão tomado de ira que chamou o povo de rebelde e, então, ignorando a ordem de Deus, bateu na rocha duas vezes com a vara. Errou, mas mesmo assim a água jorrou da rocha.
Por causa disto, Deus repreendeu o seu servo, dizendo: "Não crestes em mim, para me santifi­cardes diante dos filhos de Israel." Significava que Moisés não colocara Deus à parte de si mesmo e de Arão. Representara mal a Deus, pois agira seguindo o seu próprio espírito e assim falara de maneira errada e ferira a rocha erra­damente. Parece que Deus repreendeu Moisés deste modo: "Vi meu povo com sede e quis lhe dar água para beber, por que você os repreendeu?" Deus não reprovou o povo, mas Moisés, sim. E assim deu ao povo de Israel uma impressão er­rada de Deus, como se Deus fosse violento, vin­gativo e desprovido de graça.
Ser autoridade é representar Deus. Seja na ira ou na misericórdia, uma autoridade sempre tem de ser como Deus. Se, numa tal posição, fizermos alguma coisa errada, temos de reconhe­cer que é atitude nossa. Não devemos jamais co­locar Deus em nossos próprios erros. Tendo Moi­sés representado mal a Deus, tinha de ser jul­gado. Se uma pessoa em posição de autoridade representa mal a Deus e não o confessa, Deus tem de se vingar. Assim, mostrou ao povo de Israel que fora ati­tude do próprio Moisés, não dele. É verdade que o povo tinha murmurado e talvez sua atitude fosse rebelde, não obstante Deus não os julgara. Como pôde Moisés ser tão impaciente julgando-os antes que Deus fizesse, e falando colericamen­te sem controle? Foi atitude sua e sua ira, mas com toda probabilidade o povo de Israel ficou com a impressão que foi atitude de Deus e ira de Deus. Por isso Deus precisou inocentar-se se-parando-se de Moisés e Arão.
Vamos tomar o cuidado de jamais responsa­bilizar Deus pelo fracasso humano, dando a im­pressão errada de que ele está expressando sua atitude através de nós. No caso de uma tal ati­tude errada, Deus terá de se inocentar. Se ficar­mos zangados, vamos confessar que esta ira é nossa e não de Deus. É preciso haver separação. É coisa terrível misturar as nossas atitudes com as de Deus.
Somos propensos demais para o erro. Por cau­sa disto, sempre que errarmos reconheçamos imediatamente que é nosso próprio erro. As­sim não representaremos mal a Deus e não
con­cederemos nenhum terreno ao mal, nem caire­mos nas trevas. Se confessarmos logo, então Deus não precisará se defender e seremos libertados de cair sob sua mão governamental.

Ser   autoridade delegada  é um  assunto  sério

Em consequência do incidente acima, Deus anunciou que tanto Moisés como Arão não te­riam permissão de entrar em Canaã. Se uma pessoa falar  descuidadamente e  fizer  algo   de maneira que não santifique a Deus, então, no momento em que Deus tiver de se manifestar justificando-se, não há mais jeito de pedir per­dão. Devemos temer e tremer quando dirigimos os negócios divinos. Tomemos o cuidado de não nos tornarmos negligentes e imprudentes quando ficarmos mais velhos.
Tempos atrás, quando a ira de Moisés se in­flamou e ele quebrou em pedaços as tábuas em que Deus escrevera a lei, Deus não o acusou. Com seu zelo, tocara o coração de Deus e por isso sua ira foi justificada. Agora, depois de seguir o Senhor por muitos anos mais e ainda assim fa­lhando em obedecer quando bateu na rocha duas vezes e pronunciou palavras apressadas, Moisés deturpou a pessoa divina. Por isto, não teve per­missão de entrar em Canã. O povo de Israel rebelou-se contra Deus mui­tas vezes, mas ele teve paciência. Moisés e Arão, pelo contrário, cometeram um erro e não tiveram permissão de entrar em Canaã. Isto é prova da seriedade da autoridade delegada. Deus é mais severo com aqueles que o representam. Em Nú­meros 18 o Senhor disse a Arão: "Tu e teus filhos, e a casa de teu pai contigo, levareis sobre vós a iniquidade relativamente ao santuário" (versículo 1). Quanto mais autoridade for dele­gada, mais severa é a atitude de Deus. O Senhor também disse: "Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão" (Lu­cas 12:48).
Realmente foi um quadro lindo ver Moisés, Arão e Eleazar, seu filho, subindo juntos ao Monte Hor. Todos foram obedientes a Deus, aceitando humildemente o julgamento divino. Nem sequer oraram, pois conheciam a Deus. Arão sa­bia que o seu dia tinha chegado, e Moisés tam­bém estava cônscio de seu próprio futuro. Deus ordenou a Moisés que realizasse a troca, uma vez que junto às águas de Meribá Moisés tam­bém foi o personagem principal. Vendo como Arão partia, Moisés ficou sabendo como ele
 tam­bém partiria.
Quando Arão foi despido de suas roupas san­tas, morreu. Pessoas comuns não morrem só porque se lhes tiram as roupas, mas Arão sim, porque sua vida era mantida pelo serviço isto dá a idéia de que a vida da pessoa que serve a Deus acaba quando acaba o serviço.
Muitos anos se passaram depois do aconteci­do acima, mas o juízo de Deus não passou. Fi­nalmente ele agiu com Moisés da mesma maneira que tinha agido com Arão. Convocou Moisés ao Monte Nebo para morrer, mesmo que durante os anos sucessivos Moisés tivesse permanecido fiel. Antes de sua morte Moisés abençoou o povo de Israel com um hino, mas não pediu que fosse poupado de sua própria sentença: (Veja Deutero-nômio 33). Ele também se humilhou sob a podero­sa mão de Deus. Ele que representara a autorida­de de Deus e que o tinha obedecido toda a sua vi­da exceto naquela vez quando já era idoso, não te­ve permissão de entrar em Canaã. Que tremenda perda para Moisés! Não pôde participar da pro­messa que Deus fez a Abraão seiscentos anos antes!
Nada é mais sério nem considerado com maior severidade do que a autoridade delegada que age erradamente. Toda a vez em que exercemos autoridade devemos pedir para ficar unidos a Deus. Se houver um erro, vamos nos separar rapida­mente de Deus, para não incorrermos em seu julgamento. Antes de decidirmos qualquer coisa, vamos procurar saber o que ele pensa. Só depois de tomar conhecimento do que ele pensa pode­mos fazê-lo em seu nome. Moisés não podia de­clarar que aquilo que fez junto às águas de Meribá foi feito em nome do Senhor. Não seja­mos tolos, mas aprendamos a temer e tremer diante de Deus. Não julgue com leviandade; antes, controle seu espírito e sua boca, especial­mente no momento de provocação. Quanto mais alguém conhece a Deus, menos descuidado é. Às vezes uma pessoa pode receber perdão depois de ter caído sob a mão governamental de Deus, mas isto não acontece sempre. O governo de Deus não deve ser ofendido. Vamos ser claros a res­peito disto.

Autoridades delegadas não devem errar

Para que o nosso trabalho seja aprovado por Deus não devemos servir com nossas próprias forças mas com base na ressurreição. Nós mes­mos não temos autoridade, estamos apenas re­presentando autoridade. Assim, a carne não tem lugar. Só causamos problemas se fazemos algo de acordo com nossas próprias inclinações. A igreja não só teme a ausência de autoridade, mas também teme a autoridade errada. Deus tem um pensamento e é o de estabelecer a sua pró­pria autoridade.
Na igreja, a submissão à autoridade deve ser absoluta. Sem submissão não pode haver igreja.
Do mesmo modo, a atitude de temor e tremor naqueles que representam a autoridade também deve ser absoluta. Há duas dificuldades na igre­ja: a falta de submissão absoluta e a presença de autoridade errada. Temos de aprender a não falar inadvertidamente, a não dar opinião
levia­namente. Nosso espírito deve sempre se manter aberto para com o Senhor, esperando sua luz disponível. Caso contrário, seremos arrastados aos nossos erros e faremos coisas em seu nome que não são dele. Por isto, temos de aprender, de um lado, como nos submeter e, de outro, como representar Deus. Isto significa que temos de conhecer a cruz e a ressurreição. Se a igreja tem um futuro, isto depende muitíssimo de como aprendermos nossas lições.

A autoridade vem do ministério;  o ministério, da ressurreição

A autoridade de uma pessoa se baseia em seu ministério, e o seu ministério por sua vez na ressurreição. Se não houver ressurreição não po­de haver ministério; e se não houver ministério, não há autoridade. O ministério de Arão veio da ressurreição; sem esta, não poderia nem ter servido. Deus jamais estabeleceu como autorida­de alguém que não tem ministério.
Atualmente autoridade não é uma questão de posição. Onde falta ministério espiritual, não pode haver posição de autoridade. Quem tem trabalho espiritual diante de Deus tem autori­dade diante dos homens. Justo significa que o mi­nistério espiritual de uma pessoa concede autori­dade à pessoa entre os filhos de Deus. Quem, então, pode lutar por esta autoridade, considerando que não há jeito de se lutar pelo ministério? Exatamente como o ministério é concedido pelo Se­nhor, a autoridade também é decidida por ele.
Toda autoridade se baseia no ministério. Arão possuía autoridade porque tinha serviço a pres­tar diante de Deus. Seu incensário devia fazer expiação pelo povo e fazer parar a praga, quando os incensários dos duzentos e cinquenta líderes foram amaldiçoados por Deus. A rebelião de
Nú­meros 16 não foi dirigida somente contra a auto­ridade mas também contra o ministério. Arão estava em posição de autoridade pois possuía ministério. A autoridade de uma pessoa não pode ultrapassar ao seu ministério
Não deveríamos tentar ultrapassar a autorida­de de nosso ministério Nossa atitude sempre
de­veria ser a de não nos atrevermos a fazer coisas grandes demais e maravilhosas demais para nós (veja SI 131:1) Sejamos, pelo contrário, fiéis diante de Deus de acordo com nossa posição. Muitos irmãos imaginam erradamente que po­dem assumir autoridade ao acaso, não sabendo que a autoridade que vem do ministério jamais se impõe aos filhos de Deus. a autoridade de uma pessoa diante dos homens e igual ao minis­tério dela diante de Deus. A medida do minis­tério determina a proporção da autoridade. Se a autoridade excede o ministério, torna-se posi­cional e portanto já não é mais espiritual. Se uma autoridade delegada erra, Deus irá julgar O mais alto princípio no governo divino é sua própria vindicação. Considerando que Deus está pronto a nos dar o seu nome e permite que o usemos —exatamente como alguém nos confia o seu selo para nosso uso — então ele deve exonerar-se quando o representamos mal. Ele dirá ao povo que a falta é nossa e não dele.
Arão morreu e Moisés também. Não tiveram permissão de entrar em Canaã. Lutaram contra Deus? Não, porque estavam cônscios de que a justificação de Deus era muito mais importante que sua entrada em Canaã. Eles preferiram dei­xar de entrar em Canaã para que Deus pudesse inocentar-se. Como se pode ver em Deuteronô­mio 32, Moisés se esforçou para explicar ao povo que fora falta de Israel, não de Deus. Portanto devemos manter a incondicionalidade da verda­de. Nenhum servo do Senhor deveria procurar uma saída fácil ou conveniente. A vindicação divina é muito mais importante do que o
 pres­tígio do homem. Embora Moisés e Arão tivessem algumas desculpas, não argumentaram nem in­tercederam por si mesmos. Muitas vezes no pas­sado eles tinham intercedido pelo povo de Is­rael, mas agora nada pediram para si mesmos. Esse silêncio é preciosíssimo. De preferência en­frentariam a dificuldade se com isto proporcio­nassem a Deus a oportunidade de absolver-se.
A autoridade vem do ministério; flui para os corações das pessoas e as torna cônscias de Deus. O ministério brota da vida da ressurreição e está enraizado em Deus. Quando um ministro repre­senta mal a autoridade de Deus seu ministério cessa, exatamente como aconteceu com Moisés e Arão. Aprendamos, portanto, a manter o tes­temunho do Senhor. Não ofereçamos conselhos levianamente, para não cairmos em juízo.
Que o Senhor nos conceda a graça de sermos instruídos por Deus. Que conceda graça à sua igreja neste final dos tempos. Como é necessário que oremos: ó Senhor, que a tua autoridade se manifeste na igreja; Senhor, leva cada irmão e irmã a reconhecer o que é autoridade. A igreja local se revelará quando Deus for capaz de ex­pressar sua autoridade através dos homens. Aque­les que estão em responsabilidade não represen­tarão mal e o povo não os interpretará mal. Todos e cada um saberão qual é o seu lugar e assim o Senhor poderá operar.

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