A base para a delegação de autoridade: Ressurreição.

Disse o Senhor a Moisés: Fala aos filhos de Israel, e recebe deles varas, uma pela casa de cada pai de todos os seus príncipes segundo as casas de seus pais, isto é, doze varas; es­creve o nome de cada um sobre a sua vara. Porém o nome de Arão escreverá sobre a vara de Levi; porque cada cabeça da casa de seus pais terá uma vara. E as porás na tenda da congregação, perante o testemunho, onde eu vos encontrarei. A vara do homem que eu escolher, essa florescerá; assim farei cessar de sobre mim as murmurações que os filhos de Israel proferem contra vós. Falou, pois, Moisés aos filhos de Israel, e todos os seus príncipes lhe deram varas, cada um lhe deu uma, segundo as casas de seus pais: doze va­ras; e entre elas a vara de Arão. Moisés pôs estas varas perante o Senhor na tenda do testemunho.
No dia seguinte Moisés entrou na tenda do testemunho, e eis que a vara de Arão, pela casa de Levi, brotara, e, tendo inchado os gomos, produzira flores, e dava amêndoas. Então Moisés trouxe todas as varas de dian­te do Senhor a todos os filhos de Israel; e eles o viram, e tomaram cada um a sua vara. Disse o Senhor a Moisés: Torna a pôr a vara de Arão perante o Testemunho, para que se guarde por sinal para os filhos rebeldes; as­sim farás acabar as suas murmurações con­tra mim, para que não morram. E Moisés fez assim; como lhe ordenara o Senhor, assim fez   (Nm. 17:1-11).

O propósito do incidente em Números 17 é o de resolver a rebelião do povo de Israel. No ca­pítulo precedente testemunhamos uma rebelião que sobrepujou todas as outras; no capítulo que temos diante de nós, veremos como Deus acaba com tal rebelião, libertando o seu povo dela e de suas consequências, a morte. Deus provaria a Israel que a autoridade procede dele e que ele tem uma base e uma razão para estabelecê-la. Cada pessoa à qual Deus garante autoridade, deve ter esta experiência básica. Caso contrário não pode ser designada por Deus.

Vida ressurreta é base de autoridade

Deus ordenou aos doze líderes das tribos que pe­gassem doze varas, uma para cada chefe de fa­mília, e que as colocassem na tenda da congrega­ção diante do testemunho. A vara do homem que Deus escolhesse brotaria. Uma vara é um pedaço de madeira, um galho de árvore, cortado nas duas pontas. Não tem folhas nem raízes. Já foi vivo mas agora está morto. Antes recebia seiva da árvore e tinha capacidade de brotar e dar frutos, mas agora é uma vara morta. Todas as doze varas foram desprovidas de folhas e raízes, todas eram mortas e secas. Mas Deus disse que se uma brotasse, seria a vara daquele que ele escolhera. Isto dá uma ideia de que a resur-reição é a base para a eleição como também para a autoridade.
No capítulo 16 o povo rebelou-se contra a au­toridade designada por Deus; no capítulo
17 Deus confirma a autoridade que destacou. Deus determinou que a base para a autoridade fosse a ressurreição, acabando assim com toda mur­muração do povo. O povo não tinha o direito de pedir explicações a Deus, mas apesar disso Deus condescendeu em informar qual era a sua base para o estabelecimento de autoridade. A base foi a ressurreição; era uma coisa contra a qual o povo de Israel não poderia argumentar.
Naturalmente, Arão e os israelitas descendiam de Adão. Todos eram filhos da ira, de acordo com a vida natural; não havia diferença. Aquelas doze varas eram todas iguais, todas desprovidas de folhas e raízes, mortas e sem vida. A base do ministério está na recepção da vida ressurreta além da vida natural. E isto constitui autorida­de. A autoridade depende não da pessoa mas da ressurreição. Arão não era diferente dos
ou­tros, exceto que Deus o escolhera e lhe dera vida ressurreta.


O brotar da vara seca mantém os homens humildes

É Deus que faz uma vara brotar. É ele que coloca o poder da vida numa vara morta e seca. A vara que brota torna humilde o dono da vara e aquieta as murmurações dos donos das outras varas. A vara que originalmente pegamos está seca, morta e sem esperanças como a de Arão, mas se ela brota, dá flores e frutos no dia se­guinte, devemos chorar diante de Deus dizendo: "Isto é coisa tua; nada tem a ver comigo; é tua glória, não minha." Naturalmente nos humilha­remos diante de Deus, pois é verdadeiramente o tesouro em vasos terrenos, demonstrando que o poder transcendente pertence a Deus e não a nós. Só os tolos podem ficar orgulhosos. Aqueles que são favorecidos se prostrarão diante de Deus, dizendo: "Isto foi feito por Deus; não há nada em que o homem possa se gloriar; tudo vem da misericórdia de Deus, não dos esforços humanos. O que há que não seja recebido, pois tudo é es­colha de Deus?"
Vamos igualmente perceber que a autoridade não se baseia em nós. Na realidade, não se re­laciona conosco. Daí em diante, sempre que Arão usava sua autoridade ministrando a Deus ele confessaria: "Minha vara é tão morta quanto as outras. A única razão por que posso servir e eles não, é por que tenho autoridade espiritual e eles não, não está nas varas (pois todas estão igual­mente secas), mas deve-se à misericórdia e es­colha de Deus." Arão não servia no poder da vara, mas no poder que a vara tinha de brotar.

A  pedra  de   toque do  ministério  é  a ressurreição

A vara indica a posição do homem, mas o bro­tar indica vida ressurreta. No que se referia à posição, aqueles doze homens estavam todos li­derando nas doze tribos de Israel. Arão simples­mente representava a tribo de Levi, uma das doze tribos. Ele não podia servir a Deus com base em sua posição, pois as outras tribos não concorda­riam com isso. Como Deus resolveu o problema? Ordenou que depositassem doze varas — uma cada um — na tenda da congregação diante do testemunho. As varas deviam ficar ali a noite inteira, e a vara do homem que ele escolhese brotaria.
Isto é vida que brota da morte. Só aqueles que passaram pela morte e pela ressurreição são re­conhecidos por Deus como seus servos. A pedra de toque do ministério é a ressurreição. Nin­guém pode visar tal posição; tem de ser escolha de Deus. Depois que Deus fez brotar, florescer e dar fruto a vara de Arão, e quando os outros líderes todos o viram, nada mais tiveram a dizer.
Autoridade, então, não vem pelo esforço. É estabelecida por Deus. Depende não de uma po­sição de liderança mas da experiência da morte e ressurreição. Os homens são escolhidos para exercer autoridade espiritual não porque são diferentes dos demais mas com base na graça, eleição e ressurreição. É preciso que haja mui­tas trevas e cegueira para se ter orgulho! No que nos diz respeito, embora possamos depositar nossas varas por toda uma vida, não brotarão. A dificuldade nos dias de hoje é que tão poucos caem sobre os seus rostos reconhecendo que não são diferentes dos outros.

Os tolos são orgulhosos

Quando o Senhor Jesus entrou em Jerusalém montado no jumentinho, as multidões gritaram: "Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas maiores alturas!" (Mt. 21:9). Vamos imaginar por um ins­tante que o jumento, ouvindo as exclamações de hosanas e vendo os galhos pelo caminho, se voltasse para o Senhor e perguntasse: "É para mim ou para você?", ou se voltasse para a jumen­ta e dissesse: "Afinal, sou mais nobre que você," Seria evidente que o jumentinho não estaria reconhecendo aquele que montava nele.
Muitos dos servos de Deus são exatamente tão tolos. Não havia nenhuma diferença entre o
ju­mentinho e a jumenta; era o Senhor sobre o jumento que tinha de ser louvado. As
excla­mações de hosana não são para você; nem os galhos estendidos pelo chão. Só um tolo diria: "Eu sou melhor do que você." Quando Arão viu pela primeira vez a vara que brotara, sua reação imediata deveria ser a de espanto. Ele deveria cair sobre o seu rosto, dizendo: "Por que minha vara brotou? Não é igual às outras? Por que Deus me concedeu tal glória e poder? Eu mesmo jamais poderia fazê-lo. O que é nascido da carne é carne. Eu sou igual ao povo de Deus." Outros poderiam ficar confusos, mas Arão entendeu. Ele reconheceu que toda sua autoridade espiri­tual fora dada por Deus. Nenhum de nós tem direito de ficar orgulhoso.
Se hoje recebemos misericórdia, é porque Deus assim o quis. Quem é competente para este
mi­nistério? Nossa competência vem de Deus. Viver alguém na presença de Deus e não se sentir humilde seria muito estranho. Seria preciso que houvesse uma quantidade tremenda de
autocon­fiança e tolice da parte do jumento para que ima­ginasse que o louvor daquele dia lhe fosse dirigido. Um dia ele despertaria e ficaria enver­gonhado de si mesmo. É verdade que seremos glorificados, mas nossa glória está no futuro, não agora.
Irmãos e irmãs mais jovens deveriam aprender a lição da humildade. Todos nós precisamos sa­ber que não depende nem um pouco de nós mes­mos o nosso progresso. Não deveríamos nos con­siderar diferentes dos outros só porque aprende­mos algumas lições espirituais. Tudo é graça de Deus, tudo é concedido por Deus, nada vem de nós mesmos.
Arão sabia muito bem que fora Deus que fizera sua vara brotar, porque tudo aconteceu através de poder sobrenatural. Deus usou este meio para falar a Arão como também ao povo de Israel. Daquele momento em diante Arão fi­cou sabendo que todo ministério baseava-se no brotar, não nele mesmo. Hoje, ao servirmos a Deus, nós também devemos reconhecer que o ministério vem da ressurreição e a ressurreição vem de Deus.

O  que é a ressurreição?

A ressurreição significa aquilo que não é na­tural, não vem do ego nem da capacidade da pes­soa. É aquilo que eu não posso fazer, pois está além de minha capacidade. Eu posso pintar e e esculpir flores sobre a vara, mas não posso fazê-la brotar. Ninguém jamais ouviu falar de uma vara velha que tivesse brotado, nem de uma mulher idosa que tivesse concebido. Sara deu à luz Isaque: foi obra de Deus. Portanto Sara re­presenta a ressurreição. A ressurreição é aquilo que eu não posso, mas Deus pode; o que eu não sou, mas o que Deus é. Não importa o que eu sou, pois baseia-se em Deus. Não depende de grande inteligência ou muita eloquência. O que eu tenha de espiritualidade deve-se à operação do
pró­prio Deus em mim.
 Como teria sido absurdo e tolo se Arão insis­tisse em que sua vara brotou porque era diferente das outras varas, mais polida e mais reta. Se por um momento pensamos que somos melhores do que os outros, fazemos a coisa mais tola deste mundo. Qualquer diferença que haja vem do Senhor.
Isaque significa riso. Sara riu porque sabia que era velha demais para conceber. Ela o
con­siderava impossível. Por isso Deus chamou seu filho de IsaqueiServindo ao Senhor, nós tam­bém precisamos rir e dizer: eu não posso, eu te­nho certeza de que não sou capaz, mas isto é obra do Senhor. Se há alguma manifestação de autoridade, temos de confessar que é obra sua, não nossa.

A ressurreição é regra permanente para o serviço

Deus devolveu todas as varas aos seus respec­tivos donos, exceto a de Arão que brotou. Ela tinha de permanecer na arca como lembrete eterno. Isto sugere que a ressurreição é a regra permanente para o serviço. Se um serviço não passar da morte para a ressurreição, não é acei­to por Deus. Aquilo que ressuscita é de Deus; não é de nós mesmos. Todos aqueles que se jul­gam louváveis não têm conhecimento do que é ressurreição. Aqueles que conhecem a
ressurrei­ção já se desiludiram de si mesmos. Enquanto houver poder natural, o poder da ressurreição fica obscurecido.
Não é na criação que o poder de Deus se mani­festa de maneira mais poderosa; é na ressurrei­ção. O poder de Deus não se manifesta de manei­ra mais poderosa na criação; aparece na ressur­reição. Tudo aquilo que o. homem é capaz de fazer não é da ressurreição Temos de chegar ao ponto de nos considerarmos como nada, como cães mortos; temos de ficar tão completamente arrasados que só possamos dizer a Deus o seguin­te: "Haja o que houver, foi dado por ti; qualquer coisa que foi feita, veio toda de ti. De agora em diante não vou me enganar mais a respeito disto, pois estou totalmente persuadido que de mim só vem o que está morto, mas de ti, tudo o que é vivo. Temos, portanto, de tomar cons­ciência desta diferença. O Senhor jamais enten­de mal, mas nós geralmente interpretamos erra­do. Era absolutamente impossível para Sara pen­sar que Isaque nasceu através de suas próprias forças. Deus tem de nos levar ao ponto onde jamais interpretaremos mal as suas obras.
A autoridade vem de Deus, não de nós mesmos. Somos simplesmente mordomos de sua autorida­de. Uma visão interior assim torna-nos capaci­tados para recebermos autoridade delegada. Sem­pre que tentamos exercer autoridade como se fosse nossa, somos imediatamente despojados de qualquer autoridadeJ A vara seca só pode pro­duzir morte. Onde houver ressurreição, há au­toridade, porque a autoridade repousa na res­surreição e não é coisa natural. Considerando que aquilo que nós temos é natural, não temos autoridade a não ser no Senhor.
O que Paulo diz em 2 Coríntios 4:7 harmoniza com a interpretação acima. Ele se compara a um vaso terreno, e o tesouro, ao poder da res­surreição. Ele percebe muito bem que é mera­mente um vaso de barro, mas que o tesouro que há nele possui poder transcendente. Quanto a ele mesmo, é afligido de todas as maneiras; mas, através do tesouro, não é esmagado. De um lado há morte, mas ao mesmo tempo manifesta vida.  Onde a morte opera, manifesta-se vida. Desco­brimos o centro do ministério de Paulo em 2 Co­ríntios, capítulos 4 e 5; e a regra do seu minis­tério é a morte e ressurreição. O que há em nós é morte, o que há no Senhor é ressurreição.
Não nos enganemos, a autoridade vem de Deus. Cada um de nós deve entender claramente que toda autoridade pertence ao Senhor. Nós mera­mente mantemos a autoridade do Senhor sobre a terra, mas nós mesmos não somos autoridade. Sempre que dependemos do Senhor temos au­toridade. Mas, logo que um pouco do natural se intromete, somos como os outros — sem autori­dade. Tudo aquilo que é da ressurreição tem autoridade. A autoridade vem da ressurreição e não de nós mesmos. É mais do que simplesmente depositar a vara diante de Deus; é a vara da ressurreição que permanece na presença de Deus. Ser autoridade delegada por Deus não é simples­mente manifestar um pouco de ressurreição mas é ter a vara brotando, florindo e produzindo fru­tos, transformando-se assim em vida ressurreta amadurecida.

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