Como Deus estabelece o seu Reino

Embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas cousas que sofreu e, tendo sido aperfei­çoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem (Hb. 5:8-9).
Ora, nós somos testemunhas destes fatos, e bem assim o Espírito Santo, que Deus outor­gou aos que lhe obedecem  (Atos 5:32).
Mas nem todos obedeceram ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem acreditou na nossa pregação?" (Rm. 10:16).
Tomando vingança contra os que não conhe­cem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus (Ts. 1:8).
Tendo purificado as vossas almas, pela vos­sa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos de coração uns aos outros ardentemente (1 Pedro 1:22).

O Senhor aprendeu a obediência através do sofrimento

Assim como Deus garantiu o princípio da obe­diência através da vida de nosso Senhor, Deus também estabeleceu sua autoridade através do Senhor. Vamos ver agora como Deus estabelece hoje em dia o seu reino com base nessa autori­dade. O Senhor veio a este mundo de mãos va­zias; não trouxe consigo a obediência. Apren­deu a obediência através do que sofreu e, as­sim, tornou-se a fonte da salvação eterna a todos os que lhe obedecem. Passando por so­frimento após sofrimento aprendeu a obede­cer até à morte, e morte de cruz. Quando o Senhor deixou a Divindade para se tornar ho­mem, verdadeiramente tornou-se um homem — fraco e sofredor. Cada sofrimento pelo qual pas­sou amadureceu num fruto de obediência. Ne­nhum sofrimento foi capaz de incitá-lo à mur­muração ou à impaciência.
Como diferem disto muitos cristãos que não conseguem aprender a obedecer mesmo depois de muitos anos. Embora seu sofrimento aumente, sua obediência não. Quando surge o sofrimento, geralmente murmuram zangados, indicando no­vamente que não aprenderam a obedecer. Mas nosso Senhor, ao passar por toda espécie de so­frimentos, continuamente exibiu o espírito da obediência; e assim se tornou a fonte de nossa salvação eterna. Através da obediência de um homem muitos receberam graça. A obediência de nosso Senhor foi por amor do reino de Deus. O alvo da redenção é promover o reino de Deus.

Deus estabelecerá o seu reino

Você já notou até que ponto a queda dos anjos e do homem afetou o universo, que grande pro­blema criou para Deus? Era intenção divina que os seres por ele criados aceitassem sua autorida­de, mas ambos os tipos de seres criados rejeita-ram-na; Deus não pôde estabelecer sua autorida­de nos seres criados; mesmo assim, não a re­tirou. Ele poderia retirar sua presença, mas ja­mais desistirá da autoridade que iniciou. Onde houver sua autoridade, ali é o seu lugar de di­reito. Por isso, de um lado, Deus afirmará sua autoridade e, de outro, estabelecerá o seu reina Embora Satanás continuamente viole a autorida­de de Deus e os homens diariamente se rebelem contra ele, Deus não permitirá que tal rebeldia continue para sempre; ele estabelecerá o seu rei­no. Por que a Bíblia chama o reino de Deus de o reino dos céus? Porque a rebeldia não se res­tringiu simplesmente  a  esta  terra,  mas,  além dela, alcançou os céus onde os anjos se rebelaram, Como, então, o Senhor Jesus estabelece o reino de Deus? Ele o estabelece através de sua obe­diência. Nunca foi desobediente a Deus; nunca resistiu à autoridade de Deus enquanto esteve na terra. Obedecendo  perfeitamente e  permitindo que a autoridade reinasse absolutamente, estabe­leceu o reino de Deus dentro do reino de sua própria obediência. Agora, exatamente como fez nosso Senhor, a igreja deveria obedecer hoje em dia a fim de que a autoridade de Deus pudesse prosperar e o reino de Deus se manifestar.

Deus ordena que a igreja seja a vanguarda do seu reino

Depois da queda de Adão Deus escolheu Noé e sua família. Contudo, eles também falharam — depois do dilúvio. Então Deus chamou Abraão para ser o pai de uma multidão de nações, tendo a intenção de estabelecer o seu reino através de Abraão. Abraão foi substituído pela escolha de Isaque e, então, mais tarde, Jacó. Os descenden­tes de Jacó multiplicaram-se grandemente sob a opressão egípcia e, por isso, Deus enviou Moisés para livrá-los do Egito a fim de que pudessem estabelecer uma nova nação. Mas como havia desobedientes entre eles, Deus levou os israelitas através do deserto a fim de ensinar-lhes a obe­diência. Não obstante, persistiram em sua rebel­dia contra Deus, resultando que toda a geração morreu pelo caminho.
Conquanto a segunda geração conseguisse en­trar em Canaã, não deu ouvidos à palavra de Deus com coração perfeito; por isso não puderam expulsar os cananeus completamente da terra. Saul tornou-se o primeiro rei, mas devido à sua rebeldia o reino não pôde ser estabelecido. Só depois que Davi foi escolhido, Deus encontrou nele o rei que foi segundo o seu próprio coração, pois Davi obedeceu totalmente à autoridade de Deus. Mesmo assim, traços de rebeldia ainda per­maneceram dentro da nação. Deus indicou Je­rusalém como o lugar onde o seu nome seria estabelecido, mas o povo continuou a sacrificar no grande lugar alto de Gibeom. Falhou em obe­decer. Tinha um rei mas faltava-lhe a substância espiritual de um reino. Antes de Davi, havia um reino sem um rei apropriado. No tempo de Davi, ambos, rei e reino, estavam presentes, mas a substância espiritual do último ainda faltava. O reino de Deus tinha de ser verdadeiramente
es­tabelecido.
 O Senhor veio a este mundo para estabelece o reino de Deus. Seu evangelho é duplo em natureza: o pessoal e o geral. No que se refere ao pessoal, o evangelho chama homens para
 receber vida eterna através da fé; quanto ao geral convida homens para entrar no reino de Deus; através do arrependimento.
Os olhos de Deus estão sobre o reino: o "Pai Nosso", por exemplo, começa e termina com o reino. Começa com "Venha o teu reino, faça-se tua vontade, assim na terra como no céu".
O reino de Deus é aquele reino dentro do qual a vontade de Deus é executada sem nenhuma
in­terferência. A oração termina com "Pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém". (Mt. 6:13.) O reino e o poder e a glória estão in­terligados. "Agora veio a salvação, o poder, o rei­no do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo", (Apocalipse 12:10). Eis por que o reino é o campo de ação da autoridade. "O reino de Deus está en­tre vós", diz o Senhor (Lucas 17:21, à margem, na versão usada pelo autor). "Entre vós", não "den­tro de vós". O próprio Senhor é finalmente o reino de Deus.
Quando o Senhor Jesus está entre vós o reino, de Deus está no vosso meio. Isto acontece porque a autoridade de Deus passa a ser completamente executada em vossa vida. Pois exatamente como o reino de Deus está no Senhor, deve também ser encontrado na igreja — porque a vida do Senhor é liberada para a igreja e assim o reino de Deus também se estende à igreja. Começando com Noé, Deus conseguiu obter um reino, mas era um reino terreno, não o reino de Deus. O reino de Deus realmente começa com o Senhor Jesus. Como foi pequena a sua esfera de ação no começo! Hoje, entretanto, este grão de trigo já deu muito fruto. Seu campo de ação abrange não só o Senhor mas também muitos santos.
Deus tem o propósito de que sejamos o seu reino e a sua igreja, uma vez que a igreja tem ordens de constituir o terreno onde a autoridade de Deus é exercida. Ele deseja ter o seu lugar de direito em mais do que apenas alguns indivíduos; ele deseja que toda a igreja lhe conceda preemi­nência absoluta a fim de que sua autoridade pre­valeça e não haja rebeldia. Assim Deus há de estabelecer sua autoridade no meio dos seres que criou. Quer que sejamos obedientes não ape­nas à autoridade direta que ele mesmo exerce mas também às autoridades delegadas que ele estabelece. O que ele espera é obediência total, não parcial.

O evangelho não só convoca o povo a crer mas também a obedecer

A Bíblia menciona a obediência além da fé, pois não somos apenas pecadores, mas também filhos da desobediência. O que Romanos 10:16 quer dizer com "acreditou na nossa pregação" de Isaías 53:1 é "obedeceu às boas novas" (Darby). A natureza da crença no evangelho é a obediên­cia. "Tomando vingança contra os que não co­nhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus" (2 Ts. 1:8). Aqueles que não obedecem são os rebeldes: "Ira e indignação aos facciosos que desobedecem à verdade" (Rm. 2:8). Os desobedientes são os re­beldes. "Tendo purificado as vossas almas, pela vossa obediência à verdade" (1 Pedro 1:22). Isto indica claramente que a purificação é através da obediência à verdade. A fé é obediência.
Os crentes deveriam ser antes chamados de "obedecedores", pois devem ficar sujeitos à auto­ridade do Senhor além de crer nele. Depois que Paulo foi iluminado, perguntou: "Que farei, Se­nhor?" (Atos 22:10). Não só creu, mas também se submeteu ao Senhor. Seu arrependimento foi causado pela compreensão da graça e pela obe­diência à autoridade. Quando foi movido pelo Espírito Santo para ver a autoridade do evan­gelho, chamou Jesus de Senhor.
Deus não nos chama só para receber sua vida através da fé, mas também para manter sua au­toridade através da obediência. Ele aconselha--nos, aos que estamos na igreja, a obedecer às autoridades que ele estabeleceu — no lar, na es­cola, na sociedade e na igreja — como também a obedecer à sua autoridade direta. Não é neces­sário destacar especificamente a que pessoa seria preciso obedecer. Simplesmente significa que sempre quando nos encontramos com a autora dade de Deus, direta ou indiretamente, devemos; aprender a obedecer.
Muitos são capazes de dar ouvidos e obedecer somente a uma determinada pessoa. Isto indica que ainda não descobriram a autoridade. De nada adianta obedecer ao homem; é à autoridade que devemos obedecer. Para aqueles que conhecem a autoridade, até a mais leve desobediência fá-los sentir que foram rebeldes. Mas aqueles que não conhecem a autoridade não têm ideia de como são os rebeldes. Antes de ser iluminado, Paulo re­calcitrava contra os aguilhões sem perceber o que estava fazendo. Depois da iluminação, entre­tanto, a primeira coisa que aconteceu foi que os olhos de Paulo se abriram para ver a autoridade e essa visão continuou a se desenvolver mesmo de­pois. Embora Paulo se encontrasse apenas com um humilde irmão chamado Ananias, jamais per­guntou que espécie de homem era ele — culto ou ignorante — porque não olhava para o homem Paulo reconheceu que Ananias era enviado por Deus, por conseguinte, sujeitou-se àquela autori­dade delegada. Como é fácil obedecer quando se reconhece a autoridade.


Através da igreja as nações se tornam o reino de Deus

Se a igreja se recusa a aceitar a autoridade di­vina, Deus não tem meios de estabelecer o seu reino. A maneira de Deus obter o seu reino é, em primeiro lugar, no Senhor Jesus, depois na igreja, e, finalmente, em todo o mundo. Um dia se fará uma proclamação anunciando que "o reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo" (Ap. 11:15). A igreja ocupa o lugar entre o reino que se encontra na pessoa do Se­nhor Jesus, e sua mais ampla extensão se ve­rá quando o mundo se transformar no reino do Senhor e do seu Cristo. O reino tem de ser encontrado no Senhor Jesus antes que seja estabelecido na igreja; tem de ser implantado na igreja antes que seja assegurado entre as nações. Não pode haver igreja sem o Senhor Je­sus, e não pode haver uma extensão maior do reino de Deus sem a igreja. Quando se encontrava na terra, o Senhor obe­deceu em todos os menores detalhes. Por exem­pio, pagou o imposto devido ao templo. Não ten­do dinheiro, arranjou a moeda na boca de um peixe Novamente, quando interrogado em outra ocasião sobre o pagamento dos impostos civis, afirmou: "Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus" (Mt. 22:21). Embora: César fosse uma pessoa rebelde, fora estabelecido por Deus; consequentemente, tinha de ser obe­decido) Depois de obedecermos totalmente, nos­so Senhor se levantará e tratará daqueles que desobedecem.
Através de nossa obediência o reino será esten­dido por toda a terra. Hoje, entretanto, muitos têm consciência de pecado, mas não de rebeldia. Os homens precisam de um senso de autoridade, além do senso do pecado. Não ser sensível ao pecado prejudica a vida cristã; falta de sensibili­dade diante da autoridade desqualifica a pessoa.

A igreja tem de obedecer à autoridade de Deus

Temos de saber como obedecer na igreja. Não existe autoridade dentro da igreja que não exija obediência. Deus pretende que sua autoridade se manifeste totalmente na igreja e que seu reino se estenda através da igreja. Quando a igreja ti­ver obedecido totalmente, toda a terra ficará sob a autoridade de Deus. Se a igreja falhar em per­mitir que a autoridade de Deus prevaleça dentro dela, o reino de Deus será desviado do seu
alvo de cobrir toda a terra. A igreja é, portanto, o caminho para o reino; mas pode igualmente frustrar o reino.
Como pode o reino de Deus se manifestar se não somos capazes de nos sujeitar a pequenas dificuldades dentro da igreja? Como pode o reino de Deus prevalecer se sempre discutimos e ar­gumentamos entre nós? Temos grandemente atra­sado o horário divino. Todos os rebeldes têm de ser expulsos para que o caminho de Deus seja desobstruído. Quando a igreja obedecer verdadei­ramente, todas as nações lhe seguirão. A respon­sabilidade da igreja é imensa. Quando a vontade e a ordem de Deus encontrar livre acesso na igreja; seu reino certamente virá.

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