Os homens devem obedecer à autoridade delegada.

Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem \ foram por ele instituídas (Rm 18:1).

 Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor; quer seja ao rei, como so­berano; quer às autoridades como enviadas por ele, tanto para castigo dos malfeitores, como para louvor dos que praticam o bem (1 Pedro 2:13-14).

Deus é a fonte de toda a autoridade no uni­verso. Considerando que todas as autoridades go­vernantes foram por ele instituídas, então toda a autoridade é delegada por ele e representa a sua autoridade. O próprio Deus estabeleceu este sistema de autoridade a fim de se manifestar. Onde quer que as pessoas encontrem autoridade encontram Deus. Os homens podem vir a co­nhecer Deus através de sua presença; mas mesmo sem ela podem vir a conhecê-lo através de sua autoridade.
No jardim do Éden o homem conhecia Deus através de sua presença, ou, durante a sua au­sência, lembrando-se de suas ordens. Hoje, entre­tanto, os homens raramente encontram Deus diretamente neste mundo. Isto, naturalmente, não se aplica àqueles que, na igreja, vivem constante­mente em espírito, pois eles geralmente vêem Deus face a face. Hoje em dia o lugar onde ele mais se manifesta é nos seus mandamentos.
So­mente aqueles que são tolos como os lavradores da parábola de Marcos 12:1-9, precisam da pre­sença pessoal do Proprietário da vinha para obe­decer, pois na história não foram os servos e o seu Filho enviados antes dele como seus repre­sentantes?
Aqueles que são estabelecidos por Deus devem exercer autoridade em lugar dele Considerando que todas as autoridades governantes foram ins­tituídas e ordenadas por Deus, devem ser obede­cidas. Se nós realmente aprendêssemos a obedecer a Deus, não teríamos nenhum problema em re­conhecer sobre quem repousa a autoridade de Deus. Mas se nós conhecemos apenas a autoridade direta de Deus, possivelmente violamos mais da metade de sua autoridade. Sobre quantas vidas podemos identificar a autoridade de Deus? Po­demos escolher entre a autoridade direta de Deus e sua autoridade delegada? Não, temos de nos submeter à autoridade delegada como também à autoridade direta de Deus, pois "não há auto­ridade que não proceda de Deus".
No que se refere às autoridades terrenas, Paulo não só exorta positivamente para que haja su­jeição, mas também adverte negativamente con­tra a resistência. Aquele que resiste à autoridade resiste à lei do próprio Deus; aquele que rejeita a autoridade delegada por Deus rejeita a autori­dade do próprio Deus. A autoridade, de acordo com a Bíblia, caracteriza-se por uma natureza única: não existe autoridade exceto a que vem de Deus. Aquele que resiste à autoridade resiste a Deus e aquele que resiste incorrerá em julga­mento. Não há possibilidades de rebeldia sem jul­gamento. A consequência da resistência à auto­ridade é morte. O homem não tem escolha na questão da autoridade.                                   
No tempo de Adão Deus deu aos homens do­mínio sobre toda a terra. O que eles deveriam ­governar era, entretanto, as criaturas viventes Depois do dilúvio, Deus concedeu a Noé o poder de governar os outros homens, declarando que "se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu" (Gn. 9:6). A partir daí, a autoridade de governar o homem foi con­cedida aos homens. Desde então tem havido go­verno humano sob o qual os homens são colo­cados.
Depois de tirar o seu povo do Egito levando-o para o deserto, Deus lhe deu os Dez Manda­mentos e muitas ordenanças. Entre estas, havia uma que declarava: "Contra Deus não blasfema­rás, nem amaldiçoarás o príncipe do teu povo" (Êx. 22:28). Isto prova que Deus os colocou sob governantes. Já no tempo de Moisés, os israelitas que resistiam à autoridade, na verdade resistiam a Deus. Embora os governantes das nações não creiam em Deus e seus países estejam sob o domínio de Satanás, o princípio da autoridade ficou imutá­vel. Exatamente como Israel era o reino de Deus e o Rei Davi foi escolhido por Deus, assim o Imperador Persa foi declarado estabelecido por
 Deus. Quando nosso Senhor estava na terra, su-jeitava-se às autoridades do governo como tam­bém à autoridade do sumo sacerdote. Pagou im­postos e ensinou aos homens a dar a César o que é de. César (Mt. 22:21). Durante o interroga-tório, quando o sumo sacerdote o conjurou pelo Deus vivo para que dissesse se era o Cristo, o Filho de Deus, o Senhor imediatamente obedeceu (Mt. 26:63-64), reconhecendo assim em todas es­sas ocasiões que eles eram autoridades na terra.
   Nosso Senhor jamais tomou parte em qualquer rebelião.
Paulo mostra-nos em Romanos 13 que todos os que se encontram em posição de autoridade são servos de Deus. Temos de nos sujeitar à autori­dade local sob a qual vivemos, como também à autoridade de nosso próprio país e raça. Não deveríamos desobedecer à autoridade local sim­plesmente porque somos de uma nacionalidade diferente. A lei não constitui terror para a boa conduta, mas para a má. Embora diferentes as leis das nações, todas elas derivam da lei de Deus; o princípio básico de todas as leis de Deus é punir o mal e recompensar o bem. Todos os po­deres têm suas próprias leis. Sua função é manter e executar suas leis para que o bem seja aprovado e o mal disciplinado. Eles não empunham a es­pada em vão. Apesar do fato de alguns poderes exaltarem o mal e sufocarem o bem, têm de recorrer à distorção para chamar o mal de bem e o bem de mal. Não se atrevem a apresentarem-se francamente declarando que uma pessoa má seja exaltada por causa de sua maldade enquanto a boa é castigada por causa de sua bondade.
Até o presente momento, todos os poderes ainda seguem pelo menos em princípio — a regra da recompensa do bem e castigo do mal. Este prin­cípio não mudou; portanto a lei de Deus perma­nece em vigor virá o dia em que o iníquo anti­cristo subirá ao poder; então ele distorcerá todo o sistema da lei e francamente declarará que o bem é mal e vice-versa. Então os bons serão mortos e os maus exaltados.
Os símbolos da sujeição às autoridades terrenas são quatro: imposto a quem se deve imposto, tributo a quem se deve tributo, respeito a quem se deve respeito, e honra a quem se deve honra.
O cristão obedece à lei não só para fugir à ira de Deus mas também por causa de sua cons­ciência. Sua consciência o reprova se for deso­bediente. Por isso temos de aprender a sujeição às autoridades locais. Os filhos de Deus não de­veriam levianamente criticar ou acusar o gover­no. Até a polícia nas ruas foi instituída por Deus pois foi comissionada para uma tarefa específica. Quando os cobradores de impostos e taxas nos procuram, qual a nossa atitude para com eles? Será que os atendemos como autoridades delega­das por Deus? Somo-lhes sujeitos?

Como é difícil obedecer se não percebemos a autoridade de Deus. Quanto mais tentamos obe­decer mais difícil fica. "Especialmente aqueles que, seguindo a carne, andam em imundas pai­xões e menosprezam qualquer governo. Atrevidos, arrogantes, não temem difamar autoridades su­periores" (2 Pedro 2:10). Quantos perdem o seu poder e desperdiçam a sua vida por causa de injúrias. Os homens não deveriam cair em um estado de anarquia. Temos de nos preocupar sobremaneira com o modo pelo qual Deus vai resolver aquilo que é injusto, embora devamos orar para que Deus discipline com base na justi­ça. Em qualquer circunstância, a insubordinação à autoridade é motim contra Deus. Se somos in­subordinados, estaremos ajudando o princípio do anticristo. Vamos nos fazer a pergunta: Quando o mistério da anarquia está operando, somos um impedimento ou uma ajuda?

2. NA FAMÍLIA

As mulheres sejam submissas a seus pró­prios maridos, como ao Senhor; porque o ma­rido é o cabeça da mulher, como também Cris­to é o cabeça ... Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas a seus maridos (Ef. 5:22-24).

Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promes­sa), para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra (Ef. 6:11-3).

Esposas, sede submissas aos próprios mari­dos, como convém no Senhor.. . Filhos, em tudo obedecei a vossos pais; pois fazê-lo é gra­to diante do Senhor... Servos, obedecei em tudo aos vossos senhores segundo a carne, não servindo apenas sob vigilância, visando tão-só agradar homens, mas em singeleza de coração, temendo ao Senhor (Cl. 3:18, 20, 22).

Deus estabelece sua autoridade no lar, mas mui­tos dos seus filhos não prestam suficiente aten­ção a este setor da família. Mas as epístolas, tais como Efésios e Colossenses que são consideradas as epístolas mais espirituais, não ignoram este assunto. Especificamente mencionam a sujeição no lar, pois sem ela será difícil servir a Deus. As cartas de l Timóteo e Tito tratam da questão do trabalho, mas também falam do problema fa­miliar como algo que poderia afetar o trabalho, A primeira carta de Pedro focaliza o reino, mas também considera a rebeldia contra a autorida­de familiar como rebeldia contra o reino. Quando os membros de uma família entendem a autorida­de muitas dificuldades no lar desaparecem.
Deus estabeleceu o marido como autoridade de­legada de Cristo, com a esposa no papel de re­presentante da igreja. Seria difícil para a esposa ficar sujeita ao seu marido se não visse a autori­dade delegada que lhe foi concedida por Deus. Ela tem de entender que o ponto principal é a autoridade divina, não o seu marido. "A fim de instruírem as jovens recém-casadas a amarem a seus maridos e a seus filhos, a serem sensatas, honestas, boas donas-de-casa, bondosas, sujeitas a seus próprios maridos, para que a palavra de Deus não seja difamada" (Tito 2:4-5). "Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vossos próprios maridos, para que, se alguns deles ainda não obe­decem à palavra, sejam ganhos, sem palavra al­guma, por meio do procedimento de suas espo­sas" (1 Pedro 3:1). "Pois foi assim também que a si mesmas se ataviaram outrora as santas mulhe­res que esperavam em Deus, estando submissas a seus próprios maridos, como fazia Sara, que obe­deceu a Abraão, chamando-lhe senhor" (1 Pedro 3:5-6).
"Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor" (Ef. 6:1), porque Deus estabeleceu os pais como auto­ridade. "Honra a teu pai e a tua mãe ... para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra" (Ef. 6:2-3). Dos Dez Mandamentos este é o pri­meiro com promessa específica. Alguns morrem cedo por causa de sua falta em prestar honra filial enquanto que outros podem ser curados quando o seu relacionamento com os pais é nor­malizado. "Filhos, em tudo obedecei a vossos pais; pois fazê-lo é grato diante do Senhor"
(Cl. 3:20). Estar sujeito aos pais requer percepção da auto­ridade divina. *

Quanto a vós outros, servos, obedecei a vos­sos senhores segundo a carne com temor e tremor, na sinceridade do vosso coração, como a Cristo, não servindo à vista, como para agra­dar a homens, mas como servos de Cristo, fa­zendo de coração a vontade de Deus; servindo de boa vontade, como ao Senhor, e não como a homens (Ef. 6:5-7),
 Todos os servos que es­tão debaixo de jugo considerem dignos de toda honra os próprios senhores, para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasfe­mados (1 Tm. 6:1).
  Quanto aos servos, que sejam, em tudo, obe­dientes aos seus próprios senhores, dando-lhes motivo de satisfação; não sejam respondões, não furtem; pelo contrário, dêem prova de toda a fidelidade, a fim de ornarem, em todas as cousas, a doutrina de Deus, nosso Salvador (Tito 2:9-10) Se honramos a autoridade do Senhor em nossas vidas, os outros respeitarão a autoridade do Se­nhor em nós. Quando Pedro e Paulo disseram essas palavras, a escravidão se encontrava no auge no Império Romano. Se a escravidão é coisa certa ou errada não é um problema que vamos con­siderar agora, mas precisamos entender que Deus ordenou que os servos obedecessem a seus se­nhores.

  1. NA IGREJA

Agora vos rogamos, irmãos, que acateis com apreço os que trabalham entre vós, e os que vos presidem no Senhor e vos admoestam; e que os tenhais com amor em máxima consi­deração, por causa do trabalho que realizam. Vivei em paz uns com os outros (1 Ts. 5:12-13).
f Devem ser considerados merecedores de do­brados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino (1  Tm. 5:17).
E, agora, irmãos, eu vos peço o seguinte (sabeis que a casa de Estéfanas é as primí­cias da Acaia, e que se consagraram ao ser­viço dos santos): que também vos sujeiteis a esses tais, como também a todo aquele que é cooperador e obreiro (1 Co. 16:15-16).
Deus estabeleceu autoridades na igreja tais co­mo os "presbíteros que presidem bem" e "os que se afadigam na palavra e no ensino". São aque­les a quem todos deveriam obedecer. Os mais jovens também devem aprender a sujeitar-se aos mais velhos. O apóstolo exortou os crentes coríntios a honrar especialmente homens como Estéfanas cuja família foi a primeira que se converteu na Acaia e que desejava servir os santos com grande humildade.
Na igreja as mulheres devem ficar sujeitas aos homens. Quero, entretanto, que saibais ser Cris­to o cabeça de todo homem, e o homem o cabeça da mulher, e Deus o cabeça de Cris­to" (1 Co. 11:3). Deus estabeleceu que os ho­mens representassem Cristo como autoridade, e as mulheres, a igreja em sujeição. Portanto, as mulheres deveriam usar um véu (no grego: auto­ridade) sobre a cabeça por causa dos anjos (1 Co. 11:10), e deveriam ficar sujeitas a seus próprios maridos.
"Como em todas as igrejas dos santos, conser-vem-se as mulheres caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar, mas estejam submis­sas como também a lei o determina. Se, porém, querem aprender alguma cousa, interroguem, em casa, a seus próprios maridos" (1 Co. 14:33-35). Algumas irmãs perguntam: — E se nossos ma­ridos não souberem responder? — Bem, Deus manda perguntar; façam-no. Depois de algum tempo seu marido saberá, considerando que sen­do repetidas vezes interrogado ver-se-á forçado a procurar entendimento. E assim você ajudará a seu marido e a si mesma também. "A mulher aprenda em silêncio, com toda a submissão. E não permito que a mulher ensine, nem que exerça autoridade sobre o marido; esteja, porém, em si­lêncio. Porque primeiro foi formado Adão, de­pois Eva" (1 Tm. 2:11-13).
"Outrossim, no trato de uns com os outros, cingi-vos todos de humildade"  (1 Pedro 5:5). É coisa muito vergonhosa que alguém consciente­mente exiba sua posição e autoridade.
Deus também instituiu autoridades no mundo espiritual. "Especialmente aqueles que, seguindo a carne, andam em imundas paixões e menospre­zam qualquer governo. Atrevidos, arrogantes, não temem difamar autoridades superiores, ao passo que anjos, embora maiores em força e poder, não proferem contra elas juízo infamante na presen­ça do Senhor" (2 Pedro 2:10-11). Somos infor­mados aqui de um fato muitíssimo significativo: que há autoridades e posições gloriosas no mundo espiritual sob as quais os anjos são colocados, Embora algumas tenham fracassado, os anjos não se atrevem a injuriá-las uma vez que são supe­riores. Depois de sua queda, embora você possa falar sobre o fato da queda, você não pode acres­centar o seu juízo, pois o fato mais o juízo é coisa injuriosa.
"Contudo, o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não se atreveu a proferir juízo infamató­rio contra ele; pelo contrário, disser o Senhor te repreenda" (Judas 9). Por quê? Porque numa certa ocasião Deus estabeleceu Lúcifer como o chefe dos arcanjos; e Miguel, sendo um arcanjo, estivera sob sua autoridade. Mais tarde Miguel, em obediência a Deus, procurou o corpo de Moi­sés porque um dia Moisés teria de ressuscitar dos mortos (possivelmente no Monte da Transfi­guração). Quando Miguel foi impedido por Sa­tanás, ele poderia, com espírito de rebeldia, ter-se havido com esse rebelde, Satanás, abrindo a sua boca e injuriando-o. Mas ele não se atreveu. Tudo o que disse foi: "O Senhor te repreenda." (Com os homens o caso é diferente, uma vez que Deus nunca colocou os homens sob a autoridade de Sa­tanás. Embora tenhamos caído sob o seu governo, jamais fomos colocados sob a sua autoridade.)
Dentro do mesmo princípio, Davi durante um determinado período submeteu-se à autoridade delegada a Saul. Consequentemente, ele não se atreveu a contrariar a desvanecente autoridade de Saul. Que coisa dignificante é a autoridade dele­gada no reino espiritual! Não deve ser despreza­da; qualquer injúria contra ela resultará em perda de poder espiritual.
Se você já tomou conhecimento da autoridade em sua vida então você terá capacidade de per­ceber a autoridade de Deus em toda parte. Aonde quer que você vá, sua primeira pergunta será: A quem devo obedecer, a quem devo atender? Um cristão deve ser sensível em dois pontos: para com o pecado e para com a autoridade. Mesmo quando dois irmãos se consultam mutuamente, embora cada um possa apresentar a sua opinião, só um deles toma a decisão final.
Em Atos 15 houve um concílio. Os jovens tam­bém, além dos velhos, puderam levantar-se para falar. Cada irmão pôde apresentar a sua opinião. Mas depois que Pedro e Paulo terminaram de fa­lar, Tiago levantou-se para apresentar a decisão. Pedro e Paulo só relataram fatos, mas Tiago fez o julgamento. Mesmo entre os anciãos ou após­tolos havia uma ordem. "Porque eu sou o menor dos apóstolos", disse Paulo (1 Co. 15:9). Alguns apóstolos são maiores, outros menores. Esta or­dem não foi estabelecida pelo homem; todavia, cada um precisa saber onde foi colocado.
Que maravilhoso testemunho e que lindo qua­dro! É disso que Satanás tem medo, pois é o que finalmente provocará a queda do seu reino. Pois quando todos nós estivermos no caminho da obe­diência, Deus virá julgar o mundo.

Seja destemidamente sujeito  à autoridade delegada

Que risco foi para Deus instituir autoridades! Que perda Deus sofre quando as autoridades de­legadas que instituiu não o representam devida­mente! Contudo, indômito, Deus estabeleceu tais autoridades. É muito mais fácil para nós deste­midamente obedecer às autoridades do que para Deus instituí-las. Não poderíamos, portanto, obe­decê-las sem temor, uma vez que o próprio Deus não teve receio de confiar autoridade aos ho­mens? Assim como Deus ousadamente estabeleceu autoridades, vamos corajosamente obedecê-las. Se algo ficar faltando, a falta não estará conosco mas com as autoridades, pois o Senhor declara: "Todo homem esteja sujeito às autoridades su­periores" (Rm. 13:1).
"Quem receber esta criança em meu nome, a mim me recebe" (Lucas 9:48). Para o Senhor representar o Pai não há problema. O Pai tem confiança nele e nos pede que confiemos nele como confiaríamos no Pai. Mas aos olhos do Senhor estas crianças também o representam. Ele tem fé nestas crianças e nos exorta a que as re­cebamos como o recebemos.
Quando enviou seus discípulos, o Senhor lhes disse que "quem vos der ouvidos, ouve-me a mim, e, quem vos rejeitar, a mim me rejeita" (Lucas10:16). O que quer que aqueles discípulos disses­sem ou decidissem seria reconhecido como re­presentando o Senhor. Como o Senhor foi des­temido quando lhes delegou sua autoridade! Ele reconheceu cada palavra que enunciaram em seu nome. Portanto aqueles que os rejeitaram, rejei­taram o Senhor. Ele não preveniu os discípulos a não falar levianamente. Não ficou nem um pouco apreensivo de que errassem. Teve a fé e a ousadia de lhes confiar a sua autoridade.
Os judeus, entretanto, eram diferentes. Duvida­ram e perguntaram: "Como isto pode acontecer? Como podemos ter certeza de que será assim? Precisamos de tempo para pensar." Não tiveram coragem para crer e tiveram muito medo.
Imaginemos que você é o diretor de uma ins­tituição. Enviando um representante, você lhe diz que reconhecerá tudo o que fizer de acordo com o que achar melhor e que as pessoas que o ouvi­rem estarão ouvindo a você mesmo. Naturalmente você exigirá dele que lhe preste um relatório diá­rio para que não cometa nenhum erro. Mas o Senhor nos fez representantes plenipotenciários. Que confiança teve em nós! Será que podemos confiar menos quando o Senhor demonstrou tal confiança na autoridade que delegou?
Talvez as pessoas argumentem: "E se a auto­ridade estiver errada?" A resposta é: Se Deus teve coragem de confiar sua autoridade aos homens, então precisamos de coragem para obedecer. Se a pessoa com autoridade está certa ou errada não nos diz respeito, uma vez que é diretamente res­ponsável para com Deus. Os obedientes só preci­sam obedecer; o Senhor não nos considerará res­ponsáveis por qualquer erro devido à obediência, mas, antes, considerará responsável a autoridade delegada pelo erro cometido. A insubordinação, entretanto, é rebeldia, e, por esta, aquele que se encontra debaixo da autoridade terá de respon­der a Deus.
Fica portanto explícito que nenhum elemento humano está envolvido nesta questão da autori­dade. Se a nossa sujeição for simplesmente diri­gida a um homem todo o significado da autorida­de fica perdido. Quando Deus institui sua auto­ridade delegada ele fica obrigado por sua honra a manter essa autoridade. Cada um de nós é responsável diante de Deus nessa questão. Vamos tomar o cuidado de não cometer erros.
Rejeitar a autoridade  delegada é uma afronta a Deus

Toda a parábola registrada em Lucas 20:9-16 focaliza a questão da autoridade delegada. Deus não veio pessoalmente para receber o que lhe era devido depois que arrendou a vinha aos la­vradores. Três vezes enviou seus servos e na quarta vez enviou o seu próprio Filho. Todos fo­ram seus delegados. Queria ver se os lavradores se sujeitariam às autoridades por ele delegadas, Ele poderia ter vindo pessoalmente, mas enviou representantes.
Aos olhos de Deus aqueles que rejeitam seus servos rejeitam-no pessoalmente. É impossível que ouçamos a palavra de Deus e não as pala­vras dos seus delegados. Se estamos sujeitos à autoridade de Deus, então também devemos ficar sujeitos à sua autoridade delegada. Noutras pas­sagens, além de Atos 9:4-15 que exemplifica a autoridade direta do Senhor, o restante da Bíblia demonstra a autoridade que ele delegou aos ho­mens. Pode-se dizer que ele concedeu quase toda a sua autoridade aos homens. Os homens podem frequentemente pensar que são simplesmente su­jeitos a outros homens, mas aqueles que conhe­cem a autoridade percebem que estes outros ho­mens são autoridades delegadas por Deus. Não é preciso humildade para ser obediente à autori­dade direta de Deus, mas é preciso modéstia e quebrantamento para ficar sujeito à autoridade delegada. Se uma pessoa não se despojar com­pletamente da carne não será capaz de aceitar e atender à autoridade delegada. Vamos tomar consciência de que, em vez de vir pessoalmente, ele enviou seus delegados para recolher aquilo que lhe é devido. Qual, então, deveria ser a nos­sa atitude para com Deus? Deveríamos esperar que Deus viesse pessoalmente? Lembre-se de que quando ele aparecer virá para julgar, não para recolher!
O Senhor mostrou a Paulo como ele tinha re­calcitrado contra os aguilhões quando resistiu ao Senhor. Quando Paulo viu a luz e a autoridade, entretanto, perguntou: "Que queres que eu faça, Senhor?" Com esta atitude colocou-se sob a auto­ridade direta do Senhor. Não obstante, o Senhor imediatamente desviou Paulo para sua autorida­de delegada. "Levanta-te, e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer" (Atos 9:6). Dali em diante Paulo reconheceu a autoridade. Não se considerou tão excepcional que só ouviria se o próprio Senhor lhe dissesse o que fazer. Durante seu primeiro encontro o Senhor colocou Paulo sob sua autoridade delegada. E nós? Considerando
que cremos no Senhor, até que ponto estivemos sujeitos à autoridade delegada? A quantas autori­dades delegadas temo-nos sujeitado?
No passado Deus ignorou nossas transgressões porque éramos ignorantes, mas agora temos de pensar seriamente nas autoridades delegadas por Deus. O que Deus enfatiza não é a sua própria autoridade mas as autoridades indiretas que ele estabeleceu, todos aqueles que são insubordina­dos às autoridades indiretas de Deus não estão sujeitos à autoridade direta de Deus.
Para conveniência da explanação, fazemos dis­tinção entre autoridade direta e autoridade dele­gada; para Deus, entretanto, só existe uma única autoridade. Não desprezemos as autoridades no lar e na igreja; não negligenciemos todas aque­las autoridades delegadas. Embora Paulo ficasse tomado pela cegueira, esperou por Ananias com seus olhos interiores bem abertos. Ver Ananias foi como ver o Senhor; ouvi-lo foi como ouvir o Senhor.
A autoridade delegada é tão séria que se al­guém a ofende fica em desacordo com Deus. Ninguém pode esperar obter luz diretamente do Senhor se recusar-se a receber luz da auto­ridade delegada. Paulo não raciocinou: "Uma vez que Cornélio pediu para falar com Pedro, eu vou procurar Pedro ou Tiago; eu não vou aceitar que este humilde irmão Ananias exerça autori­dade sobre mim." É absolutamente impossível re­jeitar a autoridade delegada e continuar sujeito diretamente a Deus; rejeitar o primeiro é o mes­mo que rejeitar o segundo. Só um louco tem pra­zer em falhar diante da autoridade delegada. Aquele que não gosta dos delegados divinos não gosta do próprio Deus. É a natureza rebelde do homem que fá-lo desejar obedecer à autoridade direta de Deus sem ficar sujeito às autoridades delegadas que Deus estabeleceu.

Deus respeita sua autoridade delegada

Números 30 trata da questão do voto ou pro­messa feita por uma mulher. Enquanto estivesse na casa de seu pai durante a sua mocidade o voto ou promessa feita por uma mulher seria válido só se o pai não tivesse nada contra ele. Se ela fosse casada, seu voto teria de ser apro­vado ou desaprovado por seu marido. A autorida­de direta agiria sobre o que a autoridade dele­gada consentisse ou anularia aquilo que esta cancelasse. Deus gosta de delegar sua autoridade e também respeita seus delegados. Considerando que a mulher se encontrava sob a autoridade do marido, Deus preferia que ela obedecesse à au­toridade a que cumprisse o seu voto. Mas se o marido como autoridade delegada errasse, Deus certamente lidaria com ele, pois ele levaria a iniquidade dela. A mulher não era considerada responsável.
Assim, esta passagem das Escrituras nos mostra como não podemos ignorar a autoridade delega­da para nos sujeitarmos à autoridade de Deus. Tendo delegado sua autoridade aos homens, o próprio Deus não suplanta a autoridade delega­da; antes ele se restringe pela autoridade que delegou. Ele confirma o que a autoridade dele­gada confirmou e anula o que também foi anu­lado. Deus sempre mantém a autoridade que de­legou. Ficamos, portanto, sem outra escolha a não   ser sujeitarmo-nos  às  autoridades  gover­nantes.
Todo o Novo Testamento se apóia na autori­dade delegada. A única exceção se encontra em Atos 5:29 quando Pedro e os apóstolos respon­deram ao concílio judeu que lhes proibia en­sinar em nome do Senhor Jesus. Pedro respon­deu dizendo: "Antes importa obedecer a Deus do que aos homens." Isto porque a autoridade dele­gada, neste caso, transgrediu distintamente a ordem de Deus e pecou contra a Pessoa do Senhor. Uma resposta como essa de Pedro só poderia ser dada nesta situação particular. Em todas as ou­tras circunstâncias temos de aprender a nos su­jeitarmos às autoridades delegadas. Jamais deve­ríamos produzir obediência através da rebeldia.

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