O TEMPO DA CRUZ — A ETERNIDADE DA CRUZ

Toda vez que consideramos a cruz, ela causa admiração em nós! Toda vez que nos lembramos da redenção do Senhor Jesus, nosso coração é preenchido tanto por tristeza como por júbilo. Para nós, a cruz do Senhor não é somente uma cruz de madeira, mas um símbolo da Sua obra redentora completa e da plena salvação realizada por essa obra redentora.
De início, quando recebi o Senhor Jesus, freqüentemente procurava descobrir como os homens no Antigo Testamento, que vieram antes da época da crucificação do Senhor, poderiam ser salvos. Naqueles dias eu era um bebê no Senhor e estava intrigado com essa questão.
Nos últimos anos, não tenho visto muito do vigoroso poder da cruz manifestado nos cristãos. Parece-lhes que a morte do Senhor é algo que ocorreu há muito tempo, há mais de dezenove séculos. Sendo assim, ela não parece ter qualquer poder.
Agradeço ao Pai por recentemente ter-me mostrado a eternidade da cruz. Devido aos dois conceitos acima mencionados, acho necessário que os santos de Deus estejam familiarizados com o ensinamento da "eternidade"da cruz. Se percebermos que a cruz ainda é extremamente alentadora, quanto seremos tocados por ela!

A MORTE DO SENHOR RELACIONADA COM A ANTIGA E A NOVA ALIANÇA

Podemos ler primeiramente Hebreus 9:15-17: "Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova aliança, a fim de que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm sido chamados. Porque, onde há testamento [a mesma palavra para aliança no original], é necessário que intervenha a morte do testador; pois um testamento [aliança] só é confirmado no caso de mortos; visto que de maneira nenhuma tem força de lei enquanto vive o testador". Esses poucos versículos nos mostram a relação entre a morte de Cristo na cruz e a antiga e a nova aliança. Sob a antiga aliança, os homens pecaram da mesma forma que o fazem agora. Uma vez que existia o pecado, havia a necessidade do Salvador. Se um homem pecou e não recebeu o perdão de Deus, ele terá de suportar seu próprio julgamento do pecado. Deus não pode perdoar o pecado do homem simplesmente pela Sua misericórdia. Fazer isso colocá-Lo-ia em injustiça. Por essa razão, na redenção à maneira de Deus, Ele estabeleceu o caminho da substituição. Sob a antiga aliança, Ele utilizava muitos sacrifícios e ofertas para fazer propiciação pelos pecados do homem. Uma vez que muitos animais morriam a favor do homem, este recebia o justo perdão de Deus. A palavra "propiciação" no hebraico significa "encobrir". Sob a antiga aliança, a propiciação era somente um encobrimento dos pecados do homem com o sangue de animais, pois a Bíblia claramente diz: "Porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados" (Hb 10:4). Por essa causa, na plenitude dos tempos Deus enviou Seu Filho ao mundo para morrer pelos homens. Por meio de Sua única oferta de Si mesmo, a salvação eterna da redenção foi cumprida. Os pecados que não eram removidos pelo sangue de touros e bodes, no Antigo Testamento, são agora removidos por meio da Sua morte, pois Ele é o "Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (Jo 1:29). A morte de Cristo conferiu grande mudança à história: dividiu a era do Antigo Testamento da do Novo Testamento. Antes dela tínhamos a era do Antigo Testamento; após ela temos a era do Novo Testamento. A leitura dos versículos mencionados acima abrange esse ponto.
Esses três versículos falam sobre dois tipos de relacionamento que a morte do Senhor tem com a antiga e a nova aliança. Hebreus 9:15 mostra como Ele é o Mediador. Os versículos 16 e 17 mostram como Ele se tornou o que fez o testamento.
Vimos que todos os homens na primeira aliança eram pecadores. Embora oferecessem a Deus animais como propiciação por seus pecados, estes foram apenas cobertos; não foram removidos. Naquela época, Deus perdoou seus pecados porque pelo sangue de muitos sacrifícios Ele viu, à distância, o sangue de Seu Filho e a sua eficácia. Entretanto, a menos que o Senhor Jesus morresse, Deus ainda não poderia terminar com o problema do pecado na primeira aliança. O pecado precisa ser removido. Quando Cristo morreu, o pecado sob a primeira aliança foi removido. Podemos ver de outro ângulo a relação que a morte do Senhor tem com a primeira aliança. Toda aliança tem as suas condições. A antiga aliança também tinha suas exigências. Quando o homem ficava aquém desses requisitos, ele pecava. A punição pelo pecado é a morte. É por isso que o Senhor Jesus teve de morrer a favor dos que estavam na primeira aliança e redimi-los de seus pecados. Ele cumpriu todos os requisitos da primeira aliança, terminou-a e iniciou a nova aliança.
Por Sua morte, Ele redimiu o homem dos pecados cometidos na primeira aliança e tornou-se o Mediador da nova aliança. Ele ser o Mediador da nova aliança está baseado na Sua redenção dos pecados dos que estavam na primeira aliança. Originalmente, o homem deveria receber a promessa da herança eterna. Entretanto, devido ao seu pecado, ele foi impedido de herdá-la. Agora o Senhor Jesus morreu. O homem está redimido do pecado e os chamados estão qualificados a receber a herança eterna. Portanto, o Senhor Jesus tornou-se o Mediador por meio da morte na cruz. Por um lado, Ele deu fim aos pecados da antiga aliança; por outro, introduziu a bênção da nova aliança. Tudo isso está relacionado com o fato de Ele ser o Mediador.
A seguir devemos considerá-Lo como o que fez o testamento. A palavra "testamento" é "aliança" na língua original. Na explanação acima, vimos a lei da aliança. Todos os que transgrediam a lei morriam. Cristo morreu para redimir-nos do pecado. Posto isso, consideremos o testamento da aliança. Um testamento significa um arranjo feito por um testador para a passagem de suas posses, quando da sua morte, para seu herdeiro. O Senhor Jesus é o Testador, o que fez o testamento. Todas as bênçãos desta era e da próxima pertencem a Ele. Assim como Ele desejava carregar os pecados dos que estavam na primeira aliança, da mesma forma Ele deseja conceder tudo o que é prometido nessa aliança (testamento). Para que pudesse redimir o homem de seus pecados, Ele teve de morrer. Para que o homem pudesse herdar o testamento, Ele também teve de morrer. Se um homem estiver vivo, o testamento que ele fizer não estará em vigor. Ele deve morrer antes que o herdeiro possa receber a herança. Aqui vemos o profundo relacionamento entre a morte de Cristo e a antiga e a nova aliança. Resumindo, sem a Sua morte não haveria a antiga e a nova aliança. Sem a Sua morte, o Antigo Testamento não poderia ser completo, pois o requisito da Sua lei não teria sido satisfeito. Sem a Sua morte não poderia haver o Novo Testamento, porque não haveria maneira de a bênção do Seu testamento ser concedida aos chamados. Mas o Senhor morreu, e terminou a primeira aliança e decretou a segunda. De fato, o Novo Testamento foi decretado por Seu sangue.

COMO OS HOMENS ERAM SALVOS NO ANTIGO TESTAMENTO?
Se o sangue de touros e bodes não era capaz de remover pecado, como mencionamos anteriormente, como, então, os homens no Antigo Testamento eram salvos? Pela cruz. O homem havia pecado. Portanto, somente um homem podia cumprir a redenção do pecado. Embora os animais fossem inocentes e sem mácula, eles não podiam redimir o homem de seus pecados. Por que, então, Deus prometeu, em Levítico 17, que o sangue de criaturas era capaz de redimir alguém do pecado? Deve existir algum significado muito profundo aqui. As coisas da lei são "sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo" (Cl 2:17). Portanto, todos os sacrifícios e ofertas no Antigo Testamento referem-se a Cristo. Apesar de Cristo ainda não ter morrido na época da primeira aliança, Deus pretendia que todos os sacrifícios oferecidos naquele período fossem prefigurações de Cristo. A morte deles era tomada como a morte de Cristo. Por intermédio do sangue de muitos animais, Deus contemplava o sangue de Seu Filho amado. Por meio de muitos touros e bodes, Ele via "o Cordeiro de Deus". Nos muitos sacrifícios, Ele contemplava a morte substitutiva de Cristo. Ao aceitar aquelas ofertas, era como se aceitasse o valor da morte de Seu Filho. Por causa disso, o homem era redimido dos pecados. Ele reconheceu nos inocentes touros e bodes o Seu querido Filho. Assim Ele podia perdoar os pecadores com base nos sacrifícios que ofereciam. Toda vez que as ofertas eram imoladas, elas falavam do sacrifício vindouro do Filho de Deus como a oferta pelo pecado no Gólgota e do Seu cumprimento da eterna obra de salvação. Pelo fato de o Senhor ser um homem, Ele é capaz de redimir o homem do pecado. Por ser Ele Deus, é capaz de redimir dos pecados todos os homens, do passado e presente.
Os que ofereciam os sacrifícios no Antigo Testamento, consciente ou inconscientemente, criam em um Salvador crucificado que havia de vir. Todos os seus sacrifícios eram para fazê-los voltar ao Salvador que viria. Embora o Senhor Jesus ainda não tivesse nascido naquela época, a fé não contemplava o que podia ser visto. Pelo contrário, ela contemplava o que não podia ser visto. A fé viu ao longe um Salvador vicário e creu Nele. Quando chegou o tempo, o Filho de Deus veio e morreu pelos homens. Então, o que havia sido apenas questão de fé, tornou-se fato.

COMO OS HOMENS SÃO SALVOS NO NOVO TESTAMENTO?
Sabemos que estamos na era do novo testamento. Como somos salvos nesta era? Cristo morreu e a salvação foi consumada. Se crermos no Senhor Jesus, que significa recebê-Lo pela fé como o Salvador, seremos salvos. Alguns têm dificuldade para compreender como Cristo pôde morrer por eles mesmo antes de terem nascido. De fato, isso representa um problema para os sentidos físicos. Contudo, para a fé, é uma verdade gloriosa.
Primeiramente, precisamos perceber que o tempo não pode restringir Deus. Para nós, mortais, umas poucas décadas são um longo tempo, mas o nosso Deus é eterno. Para Ele, até mesmo mil anos não significam muito. Embora o tempo possa restringir-nos, ele não pode restringi-Lo. Sendo assim, muito embora tenhamos crido em um Senhor que morreu por nós uma única vez, há muitos anos, somos salvos.
A Bíblia diz que o Senhor Jesus ofereceu-se a Si mesmo uma vez por todas e cumpriu a obra da redenção (Hb 7:27). Ele é Deus, por isso pode transcender o tempo para redimir os que viveram milhares de anos antes Dele, bem como os que vivem milhares de anos depois Dele. E Ele não somente pode redimir estes; se, infelizmente, o mundo continuar por outros milhares de anos, a Sua redenção ainda será eficaz. Uma vez que Ele terminou a Sua obra, ela foi cumprida eternamente. Se um pecador desejar ser salvo agora, o Senhor não precisa morrer por ele novamente. Ele só precisa aceitar o valor da oferta única do Senhor e será salvo. A nossa fé também não é restringida pelo tempo; a fé pode conduzir alguém para a realidade da eternidade. Assim como os homens no Antigo Testamento contemplaram um Salvador vindouro e foram salvos, da mesma forma contemplamos um Salvador no passado e somos salvos. O fato de a questão ter sido no passado não significa que tenha terminado. Pelo contrário, significa que está feito. Os homens no Antigo Testamento olhavam para frente; nós, no tempo presente, olhamos para trás. A fé levou os do Antigo Testamento a aceitar um Salvador que viria. Não irá a nossa fé levar-nos a aceitar um Salvador que passou?
Ao ler Hebreus 9:12-15 seria muito significativo se ligássemos os três "eternos" desses versículos. O que o Senhor cumpriu foi uma redenção eterna. Portanto, quando alguém crê Nele, recebe essa redenção. É necessário percebermos que a importância da cruz não foi determinada pelo homem, e, sim, por Deus. Deus avalia a redenção da cruz como sendo eterna. Por conseguinte, nós, pecadores que não temos justiça própria, deveríamos reconhecer a palavra de Deus como verdadeira, agir de acordo com ela, crer na cruz do Seu Filho e ser salvos.

O TEMPO DA CRUZ
Esse é o ponto mais crucial. Embora a Bíblia diga que o Senhor Jesus ofereceu um único sacrifício pelos pecados, ela ressalta que "tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se" (Hb 10:12). A palavra "único" significa que o sacrifício do Senhor pelos pecados foi perfeito; Ele somente teve de redimir o homem dos pecados uma vez. Entretanto, esse sacrifício pelos pecados é para sempre. É um eterno sacrifício pelos pecados! Isso quer dizer que não somente o efeito desse sacrifício pelos pecados é eterno, mas o próprio sacrifício é eterno. Muito embora Cristo tenha ressuscitado e viva eternamente, .parece que a Sua cruz continua a existir! Que possamos perceber a eternidade da cruz! Não se trata de um acontecimento ocorrido há mil e novecentos anos. Hoje ele permanece cheio de frescor.
Apocalipse 13:8 diz: "Do Cordeiro que foi morto, desde a fundação do mundo". O nosso Senhor é o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo, até agora e eternamente. Para Ele, a cruz não é meramente um evento de determinado tempo, em determinada data, de determinado mês, de determinado ano. Pelo contrário, é algo que tem existido desde a fundação do mundo até agora. Ao criar o homem, Ele já sabia de antemão o preço da redenção vindoura. Ele criou o homem com Seu poder. Da mesma maneira redimiu o homem com Seu sangue. É como se fosse crucificado desde o início quando criou o homem. Por milhares de anos Ele suportou o prolongado sofrimento da cruz. A morte única no Gólgota simplesmente expressou a aflição que o Espírito de Deus havia suportado por longo tempo. Que graça! Que maravilha! Não temos palavras para expressar o significado desse versículo. Antes de o Senhor Jesus deixar o céu e enquanto ainda estava na glória, Ele já conhecia o sofrimento da cruz. Ele o conhecia durante os milhares de anos antes de vir. Ele conhecia isso na época da criação. Desde a eternidade passada, a cruz tem estado no coração de Deus. Ao considerar como, na eternidade passada, Deus sabia que iria criar o homem e este iria cair, nós percebemos como o Seu coração, humanamente falando, deve ter-se afligido com isso. Por amar tanto os homens, Ele determinou antes da fundação do mundo que Cristo morreria em nosso favor (1 Pe 1:20). Embora Cristo tenha aparecido uma única vez, nos últimos tempos, pelos nossos pecados, por causa do Seu amor pelo mundo Ele vem sofrendo aflição e dor desde a fundação do mundo, como se já houvesse sido crucificado milhares de vezes! Que lástima que muitos, ainda agora, O aflijam, como que crucificando-O novamente. Quando ficamos cientes de Seu tão grande amor, nada podemos fazer senão ficar maravilhados e admirados diante Dele! Esse é o coração de Deus! Se percebermos isso, não amaremos a Deus muito mais? Portanto, humanamente falando, os do Antigo Testamento criam em uma cruz vindoura, enquanto os do Novo Testamento crêem em uma cruz do passado. Na verdade, não existe distinção de tempo e período. A cruz do Antigo Testamento é algo presente e a cruz do Novo Testamento também é algo presente. Possa o Senhor abrir-nos os olhos a fim de vermos que a cruz independe do tempo.


O ETERNO FRESCOR DA CRUZ

Os do Antigo Testamento morreram. Portanto, prestaremos atenção somente aos do tempo presente. Muitos afastam a cruz de volta mil e novecentos anos e consideram-na velha, ultrapassada e obsoleta. Embora seja verdade que a história da humanidade considere o Gólgota de Cristo como um acontecimento histórico, na experiência espiritual dos crentes a cruz de Cristo ainda é um evento fresco. Não é algo velho, ultrapassado ou obsoleto. Podemos considerar alguns versículos:
Hebreus 10:19-20 diz: "Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne". Para compreender esses dois versículos, precisamos entender as coisas mencionadas no Antigo Testamento. Nos tempos antigos, o tabernáculo era dividido em duas seções. A primeira era chamada de Lugar Santo e a segunda, de Santo dos Santos. As duas seções eram separadas por um véu. Os que entravam no  Santo dos Santos tinham de passar pelo véu. A glória de Deus era manifestada dentro do Santo dos Santos. Nenhuma pessoa comum podia entrar ali. Somente o sumo sacerdote podia entrar nele uma vez ao ano. Antes de fazê-lo, ele devia primeiramente oferecer sacrifícios e fazer propiciação por si mesmo e pelo povo, e a seguir entrar com o sangue de touros e bodes. Ora, quanto a nós, entramos no Santo dos Santos por meio do sangue do Senhor Jesus. Isso representa a cruz. Antigamente o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos somente uma vez ao ano. Agora, pela cruz do Senhor Jesus, podemos entrar nele a qualquer momento. Qual é o significado de entrar no Santo dos Santos? Significa que podemos achegar-nos a Deus a fim de confessar os pecados, ter comunhão com Ele e estar na Sua presença.
Os que entravam no Santo dos Santos tinham de passar pelo véu, que representa o corpo do Senhor Jesus. Quando Ele foi crucificado, o véu do templo foi rasgado ao meio de alto a baixo. Se não tivesse sido rasgado, os homens não poderiam ter passado por ele. Se o Senhor Jesus não tivesse morrido e não tivesse tido Seu corpo partido, os homens não poderiam passar por ele e não poderiam entrar no Santo dos Santos. No tempo presente, achegamo-nos a Deus por intermédio da morte do Senhor Jesus. Isso também representa a cruz.
Nossa Bíblia nos diz que esse caminho pelo véu tornou-se acessível a nós por causa do Senhor Jesus. De fato, Ele voluntariamente entregou a vida para redimir-nos.
Necessitamos atentar ao fato de que esse caminho é "novo e vivo". A palavra "novo" na língua original refere-se a algo recém-oferecido ou recém-sacrificado. Aqui vemos o eterno frescor da cruz! O sumo sacerdote não podia confiar nas ofertas e sacrifícios dos anos anteriores. Ele devia ter ofertas frescas e sacrifícios frescos. Ele somente tinha ousadia e era capaz de entrar no Santo dos Santos por meio do sangue desses animais. E quanto a nós, agora? Nós nos achegamos a Deus pelo sangue do Senhor e pelo Seu corpo. Toda vez que vimos à presença de Deus, não precisamos oferecer sacrifícios novamente. O nosso Sacrifício é eternamente fresco! A cruz do Senhor Jesus não envelhece com os anos. O seu frescor é o mesmo hoje e eternamente assim como o foi no momento da crucificação. Toda vez que nos achegamos a Deus, podemos perceber o frescor da cruz do Senhor. Nos tempos antigos, a menos que o sumo sacerdote tivesse sangue fresco de sacrifícios recém-ofertados, ele morreria diante do Senhor. O sacrifício dos anos anteriores não poderia redimi-lo dos pecados no presente ano. Se Deus não considerasse o sacrifício redentor do Senhor como eternamente fresco, teríamos perecido há muito tempo. Graças ao Senhor que a cruz é eternamente fresca perante Ele. O Senhor considera a crucificação como algo recém-cumprido.
Esse caminho também é "vivo". Essa palavra pode também ser traduzida para "eternamente vivo". Esse é um caminho "recém-oferecido". É também um caminho "eternamente vivo". Cristo morreu e ressuscitou; Ele cumpriu a salvação por nós e nos conduziu a Deus. Devemos saber que Ele ressuscitou e a Sua ressurreição permanece até hoje. Também devemos saber que Ele morreu e a Sua morte substitutiva continua até hoje. Os maiores acontecimentos na vida terrena de Cristo foram a Sua morte e ressurreição. Ambas não são eventos passados, obsoletos; ainda são frescas hoje. Visto que temos tal Salvador redentor novo, deveríamos recebê-Lo e vir a Deus por meio Dele a fim de receber perdão e bênção.
Apocalipse 5 registra como João viu o Senhor Jesus Cristo no céu. Ele disse: "Então vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto" (v. 6). Esse é um quadro do futuro. Quando João viu o Senhor no céu, haviam decorrido muitos anos desde o Gólgota. Contudo, o Senhor era como Aquele que acabara de ser morto. As palavras "tendo sido morto" podem também ser traduzidas por "tendo sido recentemente morto". No céu, no momento de introduzir a eternidade, o Senhor ainda será o que foi morto recentemente! Oh! o eterno frescor da cruz! Verdadeiramente a cruz atravessa todas as eras e continua cheia de frescor! Se a cruz será cheia de frescor no céu naquele dia, como podemos considerá-la velha hoje? Futuramente, quando a glória celestial irromper, a glória da cruz provará ser imarcescível! Quando os redimidos de Deus ascenderem ao céu, encontrarão a redenção da cruz tão fresca quanto antes!
Há um ponto que merece nossa atenção. No Antigo Testamento Cristo é chamado de Cordeiro duas vezes (Is 53:7; Jr 11:19). Nos Evangelhos e Atos Ele é mencionado como o Cordeiro três vezes (Jo 1:29, 36; At 8:32). Nas Epístolas Ele é mencionado como o Cordeiro uma vez (1 Pe 1:19). Entretanto, em Apocalipse Ele é citado como o Cordeiro vinte e oito vezes! A glória da cruz do Senhor excederá em fulgor por todas as eras! Deus propositadamente chamou a Seu Filho de Cordeiro nesse livro da eternidade. O Cordeiro aqui é visto como tendo sido recentemente morto. A ferida ainda está ali! A eterna ferida garante a eterna salvação. A crucificação do Cordeiro torna-se o nosso memorial eterno. Deus jamais pode esquecer-se disso. Os anjos nunca podem esquecer-se disso e os ascendidos e salvos nunca podem esquecer-se da redenção da cruz. Quem receberá essa salvação eterna? A cruz é o único lugar inabalável. Todos os que pecaram deveriam vir.

O MEMORIAL DA CRUZ

O próprio Deus sabe do valor eterno da cruz de Seu Filho. Ele manifestou a todos o eterno frescor da cruz de Seu Filho. Agora Ele deseja ganhar os redimidos para que também conheçam esse fato. A percepção do frescor eterno da cruz traz poder. A percepção do frescor eterno da cruz traz amor. A percepção do frescor eterno da cruz traz vitória. A percepção do frescor eterno da cruz traz longanimidade. Se verdadeiramente conhecermos o frescor da cruz, que inspiração receberemos dela! Que motivação obteremos dela! Se a cruz não está velha no nosso coração, certamente teremos uma comunhão íntima com o nosso Senhor. Se um crente se esqueceu da cruz, isso indica que se esqueceu do Senhor.
O Senhor pretende que a Sua cruz seja eternamente fresca em nosso espírito e em nossa mente. Essa é a razão de Ele nos dizer: "Fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim" (1 Co 11:25). As palavras "todas as vezes" significam "sempre". O motivo de o Senhor estabelecer a Sua ceia é que os Seus santos lembrem-se sempre Dele em Sua morte. Ele anteviu que muitos considerariam Sua cruz obsoleta. Por isso Ele encarregou Seus discípulos de sempre lembrar Sua morte na ceia do Senhor. Ele sabia que os afazeres seculares, distrações e tentações viriam e secretamente roubariam de nós o frescor da cruz. E é por isso que Ele encarregou-nos de tomar a ceia com freqüência e de nos lembrar Dele. Como era fresca a cruz para nós assim que cremos! Mas, após muitos dias, a cruz parece ter-se tornado nebulosa. Quando pela primeira vez percebemos a vitória da cruz, quão fresca ela era para . nós! Todavia, pela freqüente menção da sua glória, a cruz parece ter-se tornado comum. Entretanto, o Senhor não nos quer ver perder o frescor da cruz. Ele deseja que nos lembremos dela freqüentemente e que sempre tenhamos a morte do Senhor diante de nós.
É lamentável que tenhamos perdido a inspiração da cruz do Senhor Jesus. A crucificação do Senhor deveria estar exposta ante nossos olhos todo o tempo (Gl 3:1). Nunca devemos considerar a cruz do Senhor como simples monumento histórico.
O livro de Gálatas é uma epístola a respeito da cruz. Quando ela foi exposta diante dos gálatas, quão livres eles ficaram! Ao tentar receber o Espírito Santo guardando a lei ou ser aperfeiçoados pela obra da carne, eles perderam o frescor da cruz. Pode-se dizer qual a condição espiritual de um santo simplesmente pela sua atitude em relação à cruz. Se ele a considera algo velho, isso mostra que ele está afastado da fonte do seu poder.


A CRUZ E A ESPIRITUALIDADE

Quais os benefícios de se conhecer o frescor da cruz? São inumeráveis. Sabemos que qualquer coisa nova facilmente impressiona os homens. Se alguma coisa ocorreu há muito tempo, ela não tem o poder de comovê-los. Se tivermos a cruz do Senhor exposta diante de nós, todos os dias, quanto seremos motivados por ela! José nos tempos antigos somente desejava ser um discípulo de Cristo secretamente. Nicodemos só ousou ir ver o Senhor à noite. Mas quando ambos viram a crucificação do Senhor, foram motivados fortemente. Como resultado, eles arriscaram ofender a multidão e pediram o corpo do Senhor para O sepultar. A cruz pode fazer dos mais medrosos dos homens, os mais corajosos. Quando viram Jesus na cruz e como sofria e era repreendido pelos homens, o amor da cruz os inspirou e os motivou. Portanto, se tivermos a morte de Cristo diante de nós todo o tempo, seremos motivados da mesma maneira que eles o foram. A cruz, então, tornar-se-á a nossa força.
"Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante?" (Rm 6:1). Deveríamos ser capazes de responder a essa pergunta. Se verdadeiramente virmos a cruz do Senhor a todo o momento, se virmos como Ele sofreu ali, se virmos os ferimentos em Suas mãos e pés, e a coroa de espinhos sobre a Sua cabeça, se virmos como o Seu amor e sangue se misturaram e se virmos Seus sofrimentos e tristeza, acaso não seremos profundamente motivados e não cessaremos de fazer coisas que não O agradam ou que Lhe causem sofrimento? É por nos faltar o eterno frescor da revelação da cruz diante de nós que desprezamos o amor do Senhor.
Se a cruz na qual o Senhor morreu por nós for eternamente cheia de frescor, a nossa crucificação com Ele também se tornará imutável. Se tivermos revelação fresca da cruz dia após dia, acrescentaremos a nós mesmos muitas experiências frescas de fé em nosso morrer juntamente com Ele. É devido ao fato de não vermos uma cruz diária que temos muitas experiências do pecado ressuscitando em nós. Se virmos o eterno frescor da cruz e a sua natureza sempre imutável, a nossa morte para o pecado também será imutável. Muitos filhos de Deus fracassam por não perceber que a morte na cruz não é simplesmente algo que ocorreu uma vez por todas, mas algo que está continuamente conosco, todo o tempo.
Sabemos que muitas vezes caímos inconscientemente. Graças a Deus Pai que não nos rejeita por isso. A Bíblia diz que "o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado" (1 Jo 1:7). Ele não nos purificou apenas uma vez. O sangue de Seu Filho ainda nos purifica continuamente. A palavra "purifica" no original tem o sentido de ação contínua. Essa é a incessante obra da cruz. Quão maravilhoso é que Deus nos tenha preparado tal salvação! Se tropeçarmos sem querer e viermos a Ele e confessarmos os pecados, Ele nos perdoará e o sangue de Seu Filho nos purificará de todo pecado. Que frescor eterno há na cruz!

A SALVAÇÃO ETERNA

Se percebermos isso, vamos exclamar com altos louvores a Deus Pai. Lamentavelmente, muitas pessoas não sabem que são salvas para sempre. Somos não salvos ou somos salvos para sempre. Se realmente aceitamos uma vez o sacrifício do Senhor pelo pecado e se uma vez cremos de fato no valor da Sua cruz, ela falará por nós eternamente. "Esta é a lei do holocausto: o holocausto ficará na lareira do altar toda a noite até pela manhã, e nela se manterá aceso o fogo do altar" (Lv 6:9). O holocausto é um tipo de Cristo e o altar é um tipo da cruz. A noite é um tipo da presente era sem Cristo. É a mesma noite de Romanos 13:12. Uma vez que o Sol da justiça (o Senhor Jesus) partiu deste mundo, este tornou-se a noite. Continuará sendo a noite até que Ele venha novamente. O holocausto estará queimando até o romper do dia! Na presente era, o valor da redenção do Senhor está continuamente suplicando por nós! A noite, os israelitas poderiam estar no acampamento ainda a murmurar, mas o holocausto sobre o altar continuamente intercedia por eles! Deveríamos perceber que, de semelhante modo, o sangue intercede por nós. Uma vez que tenhamos aceitado a cruz, ela fala por nós eternamente! Isso é a salvação eterna.
No futuro, quando virmos a cruz no céu, ela não terá envelhecido através das eras. Por isso, a salvação que temos recebido não se tornará mero monumento através do tempo. A eternidade não será uma vida monótona e sem gosto; ela pode ser longa, mas não tirará a glória da cruz. Na eternidade, veremos Deus desvendar a glória da cruz a nós, pouco a pouco.
"Senhor, ensina-nos o eterno frescor da cruz!" Por que razão as hostes celestiais louvam ao Senhor? "Digno é o Cordeiro que foi morto, de receber o poder, e riqueza, e Sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor" (Ap 5:12). Naquele dia, também louvaremos ao Senhor para sempre por causa da Sua cruz. A cruz é o tema da Bíblia, hoje, na terra. Ela será a causa do louvor na glória, no futuro.
Irmãos! quão fresca é a cruz! Ela não conhece o significado do tempo; não sabe o que é velhice. Que sejamos constantemente motivados por ela! Oh! que possamos perder-nos na cruz, todos os dias da nossa vida! Oh! que ela não perca seu poder sobre nós um dia sequer! Oh! que permitamos que ela faça uma obra mais profunda em nós cada dia! Possa o Pai abrir-nos os olhos a fim de vermos o mistério oculto na cruz de Seu Filho. "Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo" (Gl 6:14).

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