[Estudo da Pessoa do Espirito Santo] Figuras e Símbolos do Espírito Santo.


É importante estarmos familiarizados com a lingua­gem gramatical das Escrituras, tendo em vista a signifi­cação correta das palavras, a forma das frases e as parti­cularidades idiomáticas da língua empregada.
De igual modo devemos conhecer o que cada figura representa, à luz do contexto lógico. A. linguagem figuía-da e certos símbolos empregados na Bíblia, quando bem apresentados, nos dão maior segurança, intensidade e beleza na interpretação.
As figuras de linguagem, também chamadas figuras de estilo, são recursos especiais de que se vale quem fala ou escreve, para comunicar-se com mais força, colorido, evidência e beleza. ([1])
Deus também permitiu que certas figuras e símbolos fossem inseridos no cânon sagrado, para melhor compre­ensão de determinadas verdades espirituais. O Espírito Santo é representado na Bíblia por muitas figuras e sím­bolos, conforme veremos a seguir.

 Figuras e Símbolos do Espírito Santo

Estas são as figuras e símbolos do Espírito Santo nas Escrituras: ÁGUA CHUVA RIO
ORVALHO VENTO ÓLEO UNÇÃO FOGO COLUNA PENHOR SELO VINHO POMBA
Evidentemente há outras, detectadas por inferência. Entretanto, estas são as mais usadas e conhecidas dos estudiosos da Bíblia.

Água
"Porque derramarei água sobre o sedento, e rios sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua poste­ridade, e a minha bênção sobre os teus descendentes" (Is 44.3).
A água encontra-se em três regiões do Universo:
   na expansão dos céus (Gn 1.6-10);
   sobre a face da terra (Gn 7.11);
   debaixo da terra (Jo 38.30).
Esta é uma figura real do Espírito Santo - Ele opera nas três dimensões da constituição humana, produzindo a regeneração do espírito, da alma e do corpo (cf. 1 Ts 5.23). A operação miraculosa do Espírito no homem pro­duz um tipo de "lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo" (Tt 3.5). Certamente era este o sentido das palavras do apóstolo Paulo, ao ensinar a igreja de Corinto sobre a atuação poderosa do Espírito: "Todos temos bebido de um Espírito" (1 Co 12.13). Uma outra figura, utilizada por Jesus, compara o Espírito Santo a "rios de água viva". Em seu imortal discurso em Jerusa­lém, no último dia da festa, o Mestre convida: "Se al­guém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isso disse ele do Espírito, que haviam de rece­ber os que nele cressem..." (Jo 7.37-39).
O ato de beber do Espírito Santo fala evidentemente de algo que mata a nossa sede espiritual. Alguns têm fome e sede de justiça (Mt 5.6); outros têm fome e sede de evangelizar os perdidos (Rm 15.19,20); outros ainda têm fome e sede de uma comunhão perfeita e permanente com o Espírito (Gl 5.25). O Espírito, como fonte perene, calma e cristalina, satisfaz toda e qualquer necessidade espiritual ou reverte o estado de sequidão em nossa vida. Ele é realmente a Água da vida, que "refrigera a nossa alma" nos desertos cálidos deste mundo injusto e cruel.
O cálice, neste caso, fala da comunhão entre o Espíri­to Santo e o crente que se dispõe a seguir sua orientação. Pão e água são os dois elementos essenciais à sobrevi­vência humana. No campo espiritual isso é ainda mais evidente: Cristo, o Pão da vida, satisfaz a nossa fome espiritual (Jo 6.35); o Espírito Santo, a Água da vida, satisfaz a nossa sede espiritual (Ap 22.17).

Chuva
"E a elas [as ovelhas], e aos lugares ao redor do meu outeiro, eu porei por bênção; e farei descer a chuva a seu tempo: chuvas de bênção serão" (Ez 34.26). Tiago, o irmão do Senhor Jesus e autor da epístola que leva o seu nome, menciona "as primeiras chuvas e últimas chuvas", como sendo a "chuva têmpora e serôdia", baseado na metáfora agrícola (Tg 5.7). O apóstolo sabia muito bem dessas chuvas, por experiência pessoal. Os lavradores pa­lestinos esperavam o "precioso fruto da terra", aguardando as chuvas oportunas, tanto as primeiras (no hebraico, yoreh ou moreh) como as últimas (no hebraico, malhos).
Na Palestina, a estação chuvosa normalmente começa nos primeiros dias de outubro e muitas vezes se prolonga até janeiro, quando se transforma em neve. As primeiras chuvas provêem umidade à semente recém-plantada, para que possa germinar. Portanto, é sinal para a semeadura.
As últimas chuvas ocorrem em abril e maio, e são neces­sárias para que a semente amadureça. Este simbolismo, aplicado ao Espírito Santo, fala da beneficência que Ele traz à Igreja como um todo e ao crente em particular. A chuva sempre foi retratada como sendo uma "bênção de Deus", que traz alegria aos corações (At 14.17).
Na metáfora de Tiago, o simbolismo é perfeito: o Espírito Santo desceu no dia de Pentecoste, preparando assim a terra para a grande semeadura da Palavra de Deus. Depois, no decorrer dos séculos, as últimas chu­vas, ou seja, suas manifestações contínuas neste mundo, especialmente onde a vontade de Deus é aceita, têm produzido o amadurecimento e garantido uma safra de almas abundante (cf. Jo 4.35-38).
No final, aparece o "precioso fruto da terra" como o resultado satisfatório da chuva, da semeadura e da colheita.
   O "precioso fruto da terra" é a Igreja;
   O "lavrador" é Deus. Assim interpretou Jesus: "Eu sou a videira verdadeira, meu Pai é o lavrador" (Jo 15.1);
   a "chuva têmpora" é a descida do Espírito Santo no dia de Pentecoste (At 2.1-4);
• a "chuva serôdia" refere-se a outras manifestações do Espírito: batizando os crentes e concedendo-lhes dons (At 8.15-17; 9.17; 10.44-46; 19.1-6; 1 Co 1.7; 12.1-11). E, na Igreja que se seguiu, a chuva do Espírito Santo tem continuado e continuará até o dia do arrebatamento da Igreja por Jesus Cristo (Mc 16.17 etc).

Rio
"Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre" (Jo 7.38).
Logo no versículo seguinte, encontramos o significa­do destas palavras de Jesus: "Isto disse ele do Espírito, que haviam de receber os que nele cressem".
Este deve ser também o sentido de Salmos 46.4: "Há um rio [o Espírito] cujas correntes [os dons espirituais] alegram a cidade [Igreja] de Deus, o santuário [coração] das moradas do Altíssimo".
Um rio pode surgir de uma fonte, de um lago ou do derramamento de geleiras. O lugar onde ele nasce é cha­mado de nascente ou cabeceira. A partir daí, o rio corre em direção a outro rio, a um lago ou mar, onde lança suas águas. O lugar onde o rio lança suas águas chama-se foz.
Chamamos curso ao caminho percorrido por um rio entre sua cabeceira e sua foz; o terreno sobre o qual as águas correm é denominado leito. As terras de um e outro lado do rio são as margens.
De acordo com historiadores judaicos, o último dia da festa dos Tabernáculos era denominado "Dia do Grande Hosana", porque se fazia um circuito, por sete vezes, em torno do altar, ao mesmo tempo que todos clamavam: "Hosana!" ([2])
Antes do dia final, um sacerdote trazia, em um vaso de ouro, água tirada do tanque de Siloé, e então, acompa­nhado por um cortejo jubiloso, seguia até o Templo. Despejava a água sobre o altar, juntamente com vinho, cerimônia esta acompanhada pelo cântico do Halel (Sl 113-118). Simbolicamente, segundo os rabinos, esta água mitigava a sede espiritual do povo.
Jesus, entretanto, mostrou àquela gente que sua mis­são era outorgar uma água eterna, que é o "derramar do Espírito Santo em cada coração". A água anunciada por Cristo não será tirada do Siloé nem levada ao Templo, porque cada crente será um templo do Espírito Santo e uma fonte de vida; não meramente um único rio, mas rios, o que expressa, no pensamento geral da Bíblia, um derramamento do Espírito Santo em sua plenitude (Jl 2.28; At 2.17,18; 10.45; Tt 3.5,6).

Orvalho
"Assim pois te dê Deus do orvalho dos céus, e das gorduras da terra, e abundância de trigo e de mosto" (Gn 27.28).
Encontramos, no Antigo Testamento, cerca de 34 re­ferências sobre o orvalho, como sendo um refrigério adi­cional à escassez das chuvas têmpora e serôdia. Era ne­cessário durante o período de estiagem, para revigoramento da erva e da relva (Dt 32.2). Tornou-se assim, um símbolo do Espírito Santo, por cair gradual­mente e, algumas vezes, de maneira imperceptível nos corações humanos. Onde cai o orvalho, ali Deus ordena a bênção e a vida para sempre (Sl 133.3), trazendo prospe­ridade à alma sob a influência do Espírito Santo, como gotas copiosas.

Vento
"O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito (Jo 3.8). Os ventos sempre trazem consigo as características dos lugares de onde vêm. Assim podemos descobrir, através de nosso sistema sensível, os ventos quentes e os frios, os úmidos e os secos. Para sabermos se estamos caminhando em direção a terra ou em direção ao mar, basta parar um pouco ao cair da noite e analisar a direção do vento.
Os ventos mais importantes para esse tipo de orienta­ção são os alísios. Os ventos alísios são carregados de umidade, pois vêm dos oceanos. Pela madrugada, as bri­sas continentais (ventos que sopram da terra para o mar) tornam-se mais essenciais para orientação. Assim, é fácil saber se as brisas estão soprando para o mar ou para a terra.
A pressão depende da temperatura, e os ventos, dos diferentes níveis de pressão. Assim, de madrugada a terra está mais "fria" que a água, o que significa maior pressão atmosférica sobre a terra. Por isso, o vento sopra do continente para a água. À tarde, ou ao cair da noite, a água está menos quente que a terra, o que quer dizer maior pressão do ar sobre a água.
Assim o diz a ciência, e assim acontece com o soprar do Espírito Santo em nossas vidas.
Se Ele sopra "suave", está indicando a direção traçada por Deus a favor de seus filhos, numa rota onde a calma e a tranqüilidade nos esperam (cf. Gn 8.1).
Se Ele sopra "veemente e impetuoso", como no dia de Pentecoste, é sinal evidente de sua presença com mani­festações de poder (At 2.1-4; Hb 2.4).
Se Ele sopra apenas com "gemidos inexprimíveis", está nos alertando de perigos iminentes (cf. Rm 8.26; Hb 3.7,8).
Esses movimentos do Espírito Santo são completa­mente desconhecidos para o pecador. Por isso Jesus instruiu Nicodemos, um mestre do primeiro século de nossa era, acerca do "movimento" produzido pelo Espírito San­to neste mundo.
Então o Mestre disse: "O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes [Nicodemos é que não sabia] donde vem, nem para onde vai". Assim, Nicodemos não sabia também do movimento operado pelo Espírito Santo, que produz a regeneração do homem, porque isso se "discerne espiritualmente" (Jo 3.8; 1 Co 2.14).

Óleo
"Amaste a justiça e aborreceste a iniqüidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria, mais do que a teus companheiros" (Hb 1.9).
Na Bíblia, o azeite da unção era usado somente para consagração de pessoas de grande poder, tais como reis (1 Sm 10.1; 16.13), sacerdotes (Lv 8.30) e profetas (1 Rs 19.16; Is 61.1). Também eram ungidos com óleo os escu­dos dos ilustres guerreiros, numa demonstração de honra (2 Sm 1.21; Is 21.5).
O tabernáculo e seus móveis foram também ungidos (Êx 30.22-33), e os enfermos eram muitas vezes ungidos com azeite, para que sua fé aumentasse e seus pecados fossem perdoados (Mc 6.13; Tg 5.14,15). Mas parece que o óleo usado na unção dos enfermos não era o mes­mo da "santa unção" (cf. Êx 30.31,32). Neste caso, a unção de homens e coisas não podia ser feita com qual­quer tipo de óleo, e sim com um óleo especial chamado "azeite da santa unção" (Êx 30.31).
Metaforicamente, é chamado "óleo fresco" (Sl 92.10), "óleo precioso" (Sl 133.2), "excelente óleo" (Am 6.6), "óleo de alegria" (Sl 45.7). O óleo, portanto, tomado neste sentido simboliza o Espírito Santo como "unção especial" para os salvos em Cristo - que quer dizer também "ungido". Em Atos 10.38, o Espírito Santo é retrata­do como aquEle que consagrou a Cristo com este tipo de unção especial: "Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazen­do o bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele". E, em 1 Coríntios 1.21, Paulo afirma que quem nos capacitou para o desempenho de nossa missão foi Deus. "O que nos ungiu é Deus", disse o apóstolo. O Espírito Santo, de fato, é a unção de Deus em nossas vidas, tanto para aprender como para ensinar (Lc 4.18,19; 1 Jo 2.20,27). Sempre que alguém era ungido com óleo, as pessoas ao redor mantinham respeito e reverência. Era expressamente proibido por Deus tocar em alguém que tivesse recebido a unção com óleo (2 Sm 1.21). O Espírito Santo, portanto, torna-se nosso prote­tor, a garantia de que as forças do mal não nos tocarão.

Unção
"E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo... e a unção que vós recebestes dele, fica em vós..." (1 Jo 2.20,27).
Já tivemos a oportunidade de analisar o óleo como símbolo do Espírito Santo. Agora, estudaremos este ou­tro símbolo, que, evidentemente, alude à operação e in­fluência do Espírito Santo na vida dos crentes, ensinando as verdades mais profundas da Bíblia, ao mesmo tempo que dá a interpretação e significação de cada palavra nela inserida.
A unção desempenha grande papel na vida física das raças orientais, tal como o orvalho faz reviver a verdura das colinas. Assim também a influência curadora e suavizante do Espírito Santo soprada sobre os filhos de Deus, nos "guiando em toda a verdade" e ensinando "todas as coisas" concernentes a Deus e sua Palavra".

Fogo
"E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arre­pendimento; mas aquele que vem após mim é mais pode­roso do que eu; cujas alparcas não sou digno de levar; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo" (Mt 3.11). O fogo é sinal da presença de Deus.
As manifestações de Deus algumas vezes faziam-se acompanhar pelo fogo (Êx 3.2; 13.21,22; 19.18; Dt 4.11), que tanto representa sua presença como sua glória (Ez 1.4,13), sua proteção (2 Rs 6.17), sua santidade (Dt4.24), seus juízos (Zc 13.9), sua ira (Is 66.15,16) e, finalmente, o Espírito Santo (Mt 3.11; At 2.3; Ap 4.5).
No Antigo Testamento, a ordem divina era conservar o fogo aceso diuturnamente: "O fogo arderá continua­mente sobre o altar; não se apagará" (Lv 6.13) - sinal evidente da presença de Deus no meio do seu povo.
No Novo Testamento, a ordem divina é a mesma: "Não extingais o Espírito" (1 Ts 5.19). Numa outra tra­dução: "Não apagueis o Espírito". Em outras palavras, Paulo quer dizer que a chama do Pentecoste "deve arder em nossos corações todos os dias, até a consumação dos séculos".

 Coluna
"E o Senhor ia diante deles, de dia numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo, para os alumiar, para que caminhassem de dia e de noite. Nunca tirou de diante da face do povo a coluna de nuvem, de dia, nem a coluna de fogo, de noite" (Êx 13.21,22).
A coluna, seja como símbolo religioso, marco ou mo­numento, traz sempre a idéia de firmeza. Paulo, por exem­plo, valeu-se dessa figura para representar a Igreja: "Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te bem depressa; mas, se tardar, para que saibais como convém andar na casa de Deus, que é a igreja de Deus vivo, a coluna e a firmeza da verdade" (1 Tm 3.14,15).
Como símbolo do Espírito Santo, a coluna fala da for­ça espiritual mediante a qual a alma será eternamente abençoada, e, sendo de natureza divina como aquela que acompanhou o povo de Deus no deserto, serve de prote­ção, iluminação e orientação. O Espírito Santo é tudo isso e muito mais, com relação à Igreja. Ele foi posto por Deus no edifício espiritual de Cristo, que é sua Igreja, para segurança, ornamentação e beleza. A nuvem da gló­ria de Deus, em dado momento, quando Israel estava em extremo perigo, "se retirou de diante deles, e se pôs atrás deles... e a nuvem era escuridade para aqueles, e para estes esclarecia a noite: de maneira que em toda a noite não chegou um ao outro" (Êx 14.19,20). Podemos obser­var nesta passagem a ação imediata de Deus, mudando de posição a coluna que guiava o seu povo, retirando a nuvem de "diante" deles e pondo-a "atrás" deles.
A manobra divina deu versatilidade à nuvem: "... era escuridade para aqueles [os egípcios], e para estes [os israelitas] esclarecia a noite". O Espírito Santo também assumiu a posição de "divisor" da santidade que separa a Igreja do mundo, de tal maneira que durante toda a traje­tória da Igreja nesta Terra, "não chegou um ao outro".
A coluna de nuvem acompanhou Israel através do deserto e um dia desapareceu na fronteira de Canaã, ao atingirem a margem oriental do Jordão. O povo foi, en­tão, orientado a espalhar-se em volta da arca da aliança, num raio de 914 metros, para contemplar mais facilmen­te o símbolo guia da glória de Deus flutuando nos om­bros dos sacerdotes. Agora, o povo não seguia mais a coluna de nuvem (ela havia desaparecido!), e sim a arca da aliança do Senhor. Assim também acontecerá com o Espírito Santo, no dia do arrebatamento da Igreja. Ele terá cumprido sua missão, entregando a Noiva nos braços de Cristo - a Arca divina. Cristo, então, a conduzirá à sala do banquete nupcial (Ct 2.4; Mt 25.6,10).

Penhor
"Ora, quem para isto mesmo nos preparou foi Deus, o qual nos deu também o penhor do Espírito" (2 Co 5.5).
O vocábulo "penhor", do grego arrabon, significa "pri­meira prestação", "depósito", "garantia". Indica o paga­mento de parte do preço total da compra. Esta "primeira prestação" recebida é a regeneração. O valor total será complementado com os pagamentos intermediários - a santificação - e o pagamento final - a redenção do nosso corpo (cf. Rm 1.4; 8.23; Tt 3.5). O Espírito Santo que, mediante a Palavra de Deus e por todos os meios da graça, nos capacita a atingir a glória eterna, transformando-nos "de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor" (2 Co 3.18), é evidentemente a nossa garantia.

 Selo
"O qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações" (2 Co 1.22).
O uso mais comum do selo, na antigüidade, era na autenticação de documentos, cartas, títulos de proprieda­de e recibos de mercadoria ou dinheiro.
Após deixar a mensagem em escrita cuneiforme, o escriba pedia que o remetente e as testemunhas removes­sem de seus pescoços os próprios selos cilíndricos, que eram rolados sobre a argila ainda mole, servindo de assi­natura. As leis romanas, por exemplo, somente aceita­vam um testemunho se estivesse selado com "sete selos" e confirmado por "sete testemunhas". ([3])
Nas Escrituras, o selo traduz vários significados e aplicações:
GARANTIA (Gn 38.18)
JURAMENTO (Jr 22.24)
CONFIRMAÇÃO (Jo 6.27)
JUSTIÇA E FÉ (Rm 4.11)
AUTENTICIDADE (1 Co 9.2)
FUNDAMENTO (2 Tm 2.19)
SEGURANÇA (Mt 27.66; Ap 20.3)
IRREVOGABILIDADE (Et 8.8; Dn 6.17)
PROMESSA (Ef 1.13)
REDENÇÃO (Ef 4.30)
MISTÉRIO (Ap5.1)
VIDA (Ap 7.2)
PRESERVAÇÃO (Ap 9.4)
O selo, como figura do Espírito, traduz para a Igreja todas as vantagens mencionadas acima e muito mais. O Espírito Santo sela a Igreja (Ct 4.12), a lei do Senhor (Is 8.16), o coração (Ct 8.6), a visão e a profecia (Dn 9.24) e os crentes para o dia da redenção (2 Co 1.22; Ef 1.13; 4.30; 2 Tm 2.19). Fomos selados com o selo da promessa, que nos dá a garantia de pertencermos somente a Deus.

Vinho
"E o vinho que alegra o coração do homem, e faz reluzir o seu rosto como o azeite, e o pão que fortalece o seu coração" (Sl 104.15).
Esta figura do Espírito Santo é pouco usada pelos escritores. Entretanto, sem dúvida alguma, também se reveste de significação especial.
Para o povo hebreu, o vinho e a vinha são usados para representar a prosperidade e a bênção. Possuir uma vinha próspera era sinal evidente do favor divino. Também era considerada uma dádiva de Deus ao homem: "E lhe darei as suas vinhas dali, e o vale de Açor, por porta de espe­rança: e ali cantará como no dia da mocidade, e como no dia em que subiu da terra do Egito" (Os 2.15).
Jesus afirmou ser "a videira verdadeira", e comparou o Pai, Senhor dos homens e Deus do Universo, a um proprietário de vinha (Jo 15.1). O fruto da vide, que é o vinho, ilustra a alegria que existe entre os salvos; o cálice fala da comunhão que temos, promovida pelo Espírito Santo "derramado em nossos corações". Paulo cita-a como "a comunhão do Espírito Santo" (2 Co 13.13).
No dia de Pentecoste, em Jerusalém, as pessoas de fora acharam que os discípulos estavam "cheios de vi­nho" (At 2.13). Pedro, então, explicou-lhes que aquilo era alegria do Espírito Santo. Em outras palavras, eles não estavam embriagados com vinho, mas cheios do Es­pírito Santo!

Pomba
"E o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como uma pomba; e ouviu-se uma voz do céu que dizia: Tu és meu filho amado, em ti me tenho comprazido" (Lc 3.22).
Dificilmente tal simbolismo seria associado a João Batista. Ele era um profeta de grande poder. Sua mensa­gem produzia sempre o choro, e não o riso. Era mesmo uma mensagem de arrependimento. Suas palavras, de fato, faziam doer: víboras, pedras, machado, pá, fogo, deserto, ira, fuga etc.
De outro lado, porém, João Batista era meigo e cheio de compaixão. Era "cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe" (Lc 1.15); entretanto, sobre ele re­pousava a unção divina em sua plenitude.
João Batista viu o Espírito descer do céu como pomba e pousar sobre Jesus (Jo 1.32). Manso, terno, puro e inofensi­vo como uma pomba: assim Ele é. Como pomba, o Espírito Santo pode ser assustado ou entristecido (Ef 4.30). E, como a pomba é o símbolo universal da paz, também o Espírito Santo promove a paz nos corações dos homens.
Dizem os naturalistas que a pomba não tem fel. Assim também o Espírito Santo - nEle não existe amargura!
Alguns intérpretes opinam que o Espírito foi repre­sentado na forma "corpórea" de uma pomba pelos se­guintes motivos:

a. Sua ternura e apego ao homem. Que mostra como Deus encaminha pacientemente os homens à realização de sua potencialidade espiritual.

b. Sua gentileza. Deus trata conosco de modo positivo e completo, embora com grande gentileza.

c. Seu vôo gentil e a ternura para com os filhotes. O Espírito Santo é benigno - sempre.

d. Pelas virtudes singulares que representa. Por exem­plo, a pureza e a inocência. Nos escritos judaicos, quan­ do o Espírito Santo aparece "pairando" sobre a face das águas é expressamente comparado a uma pomba. Simbo­liza a natureza calorosa e revivificadora da terceira Pes­soa da Santíssima Trindade (Gn 1.2).


[1] CEGALLA, D. P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1977.
[2] CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado, Milenium, 1982.
[3] Silva, S. P. da. Apocalipse Versículo por Versículo. Rio de Janeiro, CPAD, 1995.

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