"Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo
presente não são para comparar com a glória por vir a ser revelada em
nós." (Rm 8.19.)
Há um fato curioso a respeito da mariposa imperial: ela
sai do casulo por uma abertura que nos parece pequena demais para o seu
corpo. E, interessante, não deixa vestígio de sua passagem: um Casulo
vazio é tão perfeito como um casulo ocupado. Vim a saber que, segundo se
supõe, a exígua abertura desse casulo é uma provisão da natureza para
forçar a circulação dos humores nas asas da mariposa, asas que ao tempo
da eclosão são menores que as de outros insetos congêneres.
Certa vez guardei por bom tempo um desses casulos, que
têm Interessante forma cilíndrica. Estava ocupado. Eu anelava por ver
chegar o dia da saída do inseto. Finalmente o dia esperado chegou: e lá
fiquei eu uma manhã inteira, interrompendo a todo momento o meu serviço,
para observar a trabalhosa saída da mariposa.
Mas, no meu entender, aquela saída estava trabalhosa
demais! Pensei que talvez fosse por ter o casulo ficado tanto tempo fora
de seu habitat, quem sabe se em condições desfavoráveis. Podia ser que
suas fibras se tivessem ressecado ou enrijecido. E agora o pobre inseto
não teria condições de sair dali.
Depois de muito pensar, arvorando-me em mais sábio e
compassivo que seu Criador, resolvi dar-lhe uma pequena ajuda. Tomei
uma tesoura e dei um pique no fiozinho que lhe embaraçava a saída.
Pronto!
Sem mais dificuldade, lá saiu a minha mariposa,
arrastando um corpo intumescido. Fiquei atento e curioso para ver a
expansão de suas asas encolhidas, o que é um espetáculo admirável aos
olhos do observador. Olhava curiosamente aqueles minúsculos pontos
coloridos, ansioso por vê-los dilatarem-se, formando os desenhos que
fazem da mariposa imperial a mais bela de sua espécie. Mas, nada... E o
fenômeno nunca se deu!
Em minha pressa de ver o inseto em liberdade, eu havia,
sem o saber, impedido que se completasse o laborioso processo que
estimularia a circulação nos minúsculos vasos de suas asas! E a minha
mariposa, criada para voar livremente pelos ares, atravessou sua curta
existência arrastando um corpo disforme, com asas atrofiadas.
Muitas e muitas vezes tenho-me lembrado desta mariposa
quando observo, com olhos compassivos, pessoas que se estão debatendo em
meio a sofrimento, angústias e dores. Eu de bom grado lhes cortaria a
disciplina e daria liberdade. Homem sem visão! Qual dessas dores poderia
sem dano ser poupada?
A perfeita visão, o perfeito amor, que deseja a perfeição
de seu objeto, não recua por uma fraqueza sentimental diante do
sofrimento presente e transitório. O amor de nosso Pai é muito
verdadeiro para fraquejar. Porque Ele ama a Seus filhos, Ele os corrige,
a fim de fazê-los participantes da Sua santidade. Com este glorioso fim
em vista, Ele não nos poupa o pranto. Aperfeiçoados através do
sofrimento, como seu Irmão mais velho, os filhos de Deus são exercitados
na obediência e trazidos à glória, através de muita tribulação. — De um folheto
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