AUTORIDADE E SUBMISSÃO - Exemplos de rebeldia no Antigo Testamento (Continuação).

A  REBELDIA  DE CÃO

Sendo Noé lavrador, passou a plantar uma vinha. Bebendo do vinho, embriagou-se, e se pôs nu dentro de sua tenda. Cão, pai de Ca­naã, vendo a nudez do pai, fê-lo saber, fora, a seus dois irmãos. Então Sem e Jafé tomaram uma capa, puseram-na sobre os próprios om­bros de ambos e, andando de costas, rostos desviados, cobriram a nudez do pai, sem que a vissem. Despertando Noé do seu vinho, sou­be o que lho fizera o filho mais moço, e disse: Maldito seja Canaã; seja servo dos servos a seus irmãos. E ajuntou: Bendito seja o Se­nhor, Deus de Sem; e Canaã lhe seja servo. Engrandeça Deus a Jafé, e habite ele nas ten­das de Sem; e Canaã lhe seja servo (9:20-27).

Fracasso na autoridade concedida é um teste para a obediência

No Jardim do Éden, Adão fracassou. Na vinha, Noé também foi derrotado, mas por causa de sua justiça Deus salvou a família de Noé. No plano de Deus, Noé era o cabeça da família. Deus co­locou toda a família sob a autoridade de Noé; ele também colocou Noé como cabeça do mundo daquele tempo.
Mas um dia Noé se embebedou em sua vinha e descobriu-se em sua tenda. Cão, seu filho mais jovem, viu a nudez de seu pai e comentou o incidente com seus dois irmãos lá fora. No que se refere à conduta de Noé, é claro que estava erra­do; ele não deveria ter-se embriagado. Mas Cão fracassou não reconhecendo a dignidade da auto­ridade. O pai é autoridade constituída por Deus no lar, mas a carne se deleita em ver defeitos na autoridade para poder se desem­baraçar de todas as restrições. Quando Cão viu a conduta imprópria de seu pai não teve o menor sentimento de vergonha ou tristeza, nem tentou encobrir a falta de seu pai. Isto revela que tinha um espírito rebelde. Pelo contrário, saiu e contou a seus irmãos, destacando a feal­dade de seu pai, acrescentando aos seus erros o pecado da injúria. Observe, entretanto, como Sem e Jafé resolveram a situação. Entraram na tenda, de costas — evitando, assim, ver a nudez de seu pai — e cobriram seu pai com a capa que tinham colocado sobre os ombros.
Vê-se então que o fracasso de Noé tornou-se uma prova para Sem, Cão, Jafé e Canaã, o filho de Cão. Revelou quem era obediente e quem era rebelde. A queda de Noé descobriu a rebeldia de Cão.
Depois que Noé despertou do vinho profetizou que os descendentes de Cão seriam amaldiçoados e se tornariam escravos dos escravos de seus irmãos. O primeiro escravo na Bíblia foi Cão. Três vezes pronunciou-se a sentença de que Ca-naã seria escravo. Isto é o mesmo que dizer que aquele que não se sujeita à autoridade vem a ser escravo daquele que obedece à autoridade. Sem seria abençoado. O Senhor Jesus veio atra­vés de Sem. Jafé foi destinado a pregar Cris­to, e assim as nações que propagam o evangelho hoje em dia pertencem aos descendentes de Jafé. O primeiro a ser amaldiçoado depois do dilúvio foi Cão. Não reconhecendo a autoridade, foi co­locado sob a autoridade nas gerações futuras. To­do aquele que deseja servir ao Senhor precisa reconhecer a autoridade} Ninguém pode servir em espírito de transgressão.

3. FOGO ESTRANHO  OFERECIDO POR NADABE E ABIÚ

Nadabe e Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo, e sobre este, incenso, o trouxeram fogo estranho perante a face do Senhor, o que lhes não ordenara. Estão saiu fogo de diante do Senhor, e os consumiu; e morreram perante o Senhor (Lv. 10:1, 2).

Por que Nadabe e Abiú foram consumidos

Como a história de Nadabe e Abiú é solene! Serviram como sacerdotes, não porque fossem pessoalmente justos mas porque pertenciam à família que Deus tinha escolhido. Deus estabe­leceu Arão como sacerdote e ele foi ungido. Em todas as questões relacionadas com o culto Arão era o chefe; seus filhos eram simples ajudantes, servindo no altar em obediência a Arão. Deus jamais teve a intenção de permitir que os filhos de Arão servissem independentemente; ele os colocou sob a autoridade de Arão. Doze vezes Arão e seus filhos foram mencionados em Le-vítico 8. No capítulo seguinte encontramos Arão oferecendo sacrifícios, com seus filhos ao lado. Se Arão nada fizesse, seus filhos também nada deveriam fazer. Tudo começou com Arão, não com seus filhos. Se os filhos se aventurassem a ofere­cer sacrifícios, estariam oferecendo fogo estra­nho. Isto, entretanto, foi exatamente o que Na-dabe e Abiú, os filhos de Arão, fizeram. Acharam que podiam oferecer sacrifícios por si mesmos e os ofereceram sem a ordem de Arão. O significado do fogo estranho é servir sem uma ordem, é ser­vir sem obedecer à autoridade. Tinham visto seu pai oferecendo; era mais do que simples para eles. E assim presumiram que podiam fazer a mesma coisa. Nadabe e Abiú só pensaram em se eram ou não capazes de fazer o mesmo. Fra­cassaram em perceber quem representava a au­toridade de Deus.

O culto é iniciado por Deus

Enfrentamos aqui um problema seríssimo: ser­vir a Deus e oferecer fogo estranho parecem-se muito, mas estão separados por um mundo de coisas. O verdadeiro culto é iniciado por Deus. Quando o homem serve sob a autoridade de Deus, é aceito por causa disso. O fogo estranho origina-se no homem. Não exige conhecimento da von­tade de Deus ou obediência à sua autoridade. É totalmente feito através do próprio zelo humano, e termina com a morte. Se acontece que nosso culto ou serviço se torna cada vez mais sem vida, é tempo de pedirmos a Deus que nos ilumine para vermos se estamos servindo no verdadeiro princípio do serviço ou de acordo com o princí­pio do fogo estranho.

A obra de Deus é a coordenação da autoridade

Nadabe e Abiú trabalharam separados de Arão; por isso trabalharam independentemente de Deus. O trabalho de Deus tem de ser coordenado sob autoridade: Deus queria que Nadabe e Abiú ser­vissem sob a autoridade de Arão. Observe no No­vo Testamento como Barnabé e Paulo, Paulo e Ti­móteo, Pedro e Marcos trabalharam juntos. Al­guns eram os responsáveis, enquanto os outros ajudaram. No trabalho de Deus ele coloca alguns em autoridade e outros sob autoridade. Deus nos chamou para sermos sacerdotes segundo a ordem de Melquizedeque; portanto, temos de ser­vir a Deus de acordo com a ordem da autoridade coordenada.
 Aquele que desordenadamente levanta a sua cabeça e age independentemente está sendo re­belde, o que resulta em morte. Todo aquele que tenta servir sem primeiro entrar em contato com a autoridade está oferecendo fogo estranho. Qualquer um que diz "Se ele pode, eu também posso" está em estado de rebeldia. Além de Deus  ter o cuidado de fornecer o fogo, ele também tem o cuidado de observar a natureza do fogo.  A rebeldia muda a natureza do fogo. Aquilo que não era ordenado por Jeová nem por Arão era fogo estranho Deus não se preocupa com a ques­tão do sacrifício mas com a manutenção da auto­ridade. Consequentemente os homens deveriam aprender a seguir, a sempre desempenhar um papel de menor importância.
Exatamente como a autoridade delegada segue a Deus, assim aqueles que estão sujeitos à auto­ridade deveriam seguir a autoridade delegada por Deus. Não há lugar para serviço individual isola-do. No trabalho espiritual todos devem servir em coordenação A coordenação é a regra; o indiví­duo não é a unidade. Nadabe e Abiú estavam fora da coordenação com Arão, portanto estavam fora da coordenação com Deus. Não deveriam ter deixado Arão, servindo independentemente. Aque­les que desobedecessem à autoridade deveriam ser consumidos pelo fogo diante de Deus. E em­bora Arão não tivesse consciência da seriedade deste assunto, Moisés percebeu a seriedade da rebeldia contra a autoridade de Deus. Hoje em dia muitos estão tentando servir a Deus          inde­pendentemente. Jamais se colocaram sob autori­dade; inconscientemente pecam contra a auto­ridade de Deus

4. O  ULTRAJE DE ARÃO   E MIRIÃ

Falaram Miriã e Arão contra Moisés, por causa da mulher etíope, que tomara; pois tinha tomado a mulher cusita. E   disseram:  Porventura tem falado o Senhor somente por Moisés? não tem falado também por nós? O Senhor o ouviu. Era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra. Logo o Senhor disse a Moisés, e a Arão, e a Miriã: Vós três saí à tenda da congregação. E saíram eles três. Então o Se­nhor desceu na coluna da nuvem, e se pôs à porta da tenda; depois chamou a Arão e a Miriã, e eles se apresentaram. Então disse: Ouvi agora as minhas palavras; se entre vós há profeta, eu, o Senhor, em visão a ele me faço conhecer, ou falo com ele em sonhos. Não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, claramente, e não por enigmas; pois ele vê a forma do Senhor: como, pois, não temestes falar contra o meu servo, contra Moi­sés? E a ira do Senhor contra eles se acen­deu; e retirou-se. A nuvem afastou-se de sobre a tenda; e eis que Miriã achou-se leprosa, branca como a neve; e olhou Arão para Miriã; e eis que estava leprosa. Então disse Arão a Moisés: Ai! senhor meu, não ponhas, te rogo, sobre nós este pecado, pois loucamente proce­demos, e pecamos. Ora não seja ela como um aborto, que saindo do ventre de sua mãe, tenha metade de sua carne já consumida. Moisés clamou ao Senhor, dizendo: Ô Deus, rogo-te que a cures. Respondeu o Senhor a Moisés: Se seu pai lhe cuspira no rosto, não seria enver­gonhada por sete dias? Seja detida sete dias fora do arraial, e depois recolhida. Assim Miriã foi detida fora do arraial por sete dias; e o povo não partiu, enquanto Miriã não foi recolhida (Nm. 12).

Falar contra a autoridade representativa provoca a ira divina

Arão e Miriã eram os irmãos mais velhos de Moisés. Portanto, em casa, Moisés deveria se sujeitar à autoridade deles. Mas na vocação e no trabalho de Deus eles deveriam se sujeitar à autoridade de Moisés. Eles não gostaram da mu­lher etíope com quem Moisés se casou, por isso murmuraram contra Moisés dizendo: "Porventura tem falado o Senhor somente por Moisés? não tem falado também por nós?" Os etíopes são africanos, descendentes de Cão. Moisés não deve­ria ter-se casado com esta mulher etíope. Na posição de irmã mais velha, Miriã poderia ter repreendido seu irmão com base em seu rela­cionamento familiar. Mas quando ela abriu a boca para difamar, tocou na obra de Deus, pondo em dúvida a posição de Moisés.
Deus tinha concedido a Moisés sua autoridade delegada para o trabalho. Como erraram Arão e Miriã em atacar a posição de Moisés, com base numa questão familiar! Fora Deus quem escolhe­ra Moisés para dirigir o povo de Israel tirando-o do Egito, mas apesar disso Miriã desprezou Moi­sés. Por causa disto Deus se aborreceu grande­mente com ela. Ela podia avir-se com o irmão mas não injuriar a autoridade de Deus. O pro­blema foi que nem Arão nem Miriã reconheceram a autoridade de Deus. Permanecendo no terreno natural exibiram um coração rebelde.
Mas Moisés não revidou. Ele sabia que, tendo sido estabelecido por Deus como autoridade, não precisava defender-se. Todo aquele que o inju­riasse encontraria a morte. Enquanto Deus lhe desse autoridade podia permanecer em silêncio, Um leão não precisa de proteção, uma vez que tem em si autoridade total. Moisés podia repre­sentar Deus com autoridade porque antes ele mesmo se sujeitou à autoridade divina, pois ele era muito manso, mais do que todos os homens que habitavam a face da terra. A autoridade que Moisés representava era a própria autoridade de Deus. E ninguém pode tirar a autoridade conce­dida por Deus.
Palavras rebeldes sobem ao céu e são ouvidas por Deus. Quando Arão e Miriã pecaram contra Moisés, pecaram contra Deus que se encontrava em Moisés. A ira do Senhor foi acesa contra eles, Sempre que o homem entra em contato com au­toridade delegada por Deus, entra em contato com o próprio Deus que se encontra nessa pes­soa; pecar contra autoridade delegada é pecai contra Deus.  
                                                  
A autoridade é opção divina, não mérito humano

Deus convocou os três na tenda da congregação Arão   e Miriã  foram  sem  nenhuma  hesitação, porque pensaram que Deus estaria do lado deles e também porque tinham muito a dizer a Deus, uma vez que Moisés causara todos aqueles pro­blemas na família casando-se com uma mulher etíope. Mas Deus proclamou que Moisés era seu servo fiel em toda sua casa. Como se atreviam a falar contra o seu servo? Autoridade espiritual não é algo que se obtém através de esforços. concedida por Deus a quem quer que ele escolha Como o espiritual difere do natural!
              O próprio Deus é autoridade. É preciso tomar cuidado para que não se cometa ofensa. Qual­quer um que falasse contra Moisés falava contra o escolhido de Deus. Não desprezemos jamais os vasos escolhidos por Deus.



A rebeldia  se   manifestou  na  lepra

A ira do Senhor se acendeu contra eles e a nuvem se afastou da tenda. A presença de Deus desapareceu e imediatamente Miriã ficou branca de lepra. Sua lepra não surgiu devido à    conta­minação; foi claramente um castigo de Deus. Ser leprosa não era de maneira nenhuma coisa me­lhor do que ser uma mulher etíope. E ela que assim ficou leprosa teve de ficar isolada, perden­do todo privilégio de se comunicar com os outros.
Quando Arão viu que Miriã estava leprosa, rogou que Moisés agisse como mediador e orasse pedindo cura. Deus disse: "Se seu pai lhe cuspira no rosto, não seria envergonhada por sete dias? Seja detida sete dias fora do arraial, e depois recolhida." E, em resultado disto, a viagem da tenda ficou atrasada por sete dias. Sempre que há rebeldia e ofensa entre nós, perdemos o con-tato com Deus, e a tenda terrena permanece irre­movível. A coluna da nuvem divina não descerá até que aquelas palavras ofensivas tenham sido esclarecidas. Se esta questão da autoridade não for resolvida, tudo mais se torna vazio e inútil.

Além da autoridade direta, seja submisso à autoridade representativa

Muitos se consideram obedientes a Deus quan­do na realidade nada sabem sobre a sujeição à  autoridade delegada por Deus. Aquele que é ver­dadeiramente obediente descobrirá que a auto­ridade de Deus se encontra em todas as circuns­tâncias, no lar, e em outras instituições. Deus perguntou: "Como, pois, não temeste falar contra o meu servo?" É preciso prestar atenção especial sempre que palavras injuriosas forem enunciadas. Palavras tais não devem ser pronunciadas levia­namente. A injúria é prova de que há um es­pírito rebelde dentro da pessoa; é o germe da rebeldia. Temos de temer a Deus e não devemos falar levianamente. Mas existem hoje em dia aqueles que falam dos anciãos da igreja e da­queles que estão acima deles; não percebem a gravidade de tais palavras. Quando a igreja for reavivada na graça de Deus, aqueles que ofen­deram serão tratados como leprosos.
Que Deus nos conceda a graça de compreender que isto não se refere aos nossos irmãos, mas à autoridade instituída por Deus. Depois de reco­nhecermos a autoridade, perceberemos como pe­camos contra Deus. Nosso conceito de pecado passará por uma transformação drástica. Olha­remos para o pecado como Deus olha. Veremos que o pecado que Deus condena é o da rebeldia do homem.

5. A REBELIÃO  DE CORE, DATA E ABIRÃO

Rebelião Coletiva

Um exemplo de rebelião coletiva encontra-se no capítulo 16 de Números. Coré e seus com­panheiros pertenciam aos levitas; portanto, representavam os espirituais. Por outro lado, Data e Abirão eram filhos de Ruben, e portanto repre­sentavam os líderes. Todos estes, junto com du­zentos e cinquenta líderes da congregação, re­solveram rebelar-se contra Moisés e Arão. Arbi­trariamente atacaram os dois, dizendo: "Bas­ta! pois que toda a congregação é santa, cada um deles é santo, e o Senhor está no meio deles; por que, pois, vos exaltais sobre a congregação do Senhor?" Foram desrespeitosos para com Moi­sés e Arão. Talvez fossem bastante honestos no que disseram, mas falharam em ver a autorida­de do Senhor. Consideraram o assunto como pro­blema pessoal, como se não houvesse autoridade entre o povo de Deus. No seu ataque não men­cionaram o relacionamento de Moisés com Deus nem o mandamento de Deus.
Não obstante, mesmo debaixo dessas sérias acu­sações, Moisés não se zangou nem perdeu o  con­trole de si mesmo. Simplesmente caiu sobre o seu rosto diante do Senhor. Considerando que a autoridade pertence ao Senhor, ele não usou de nenhuma autoridade nem fez nada ele mesmo. Disse a Core e ao seu grupo que esperassem até a manhã seguinte quando o Senhor mostraria quem era dele e quem era santo. Assim ele en­frentou o espírito do erro com o espírito de justiça.
O que Core e seu partido disseram baseava-se na razão e em conjecturas; Moisés, entretanto, respondeu: "Amanhã pela manhã o Senhor fará saber quem é dele, e quem o santo que ele fará chegar a si: aquele a quem escolher fará chegar a si" (versículo 5). O problema não era de Moi­sés, mas do Senhor. O povo pensava que estava simplesmente se opondo a Moisés e Arão; não tinha a menor intenção de se rebelar contra Deus, pois ainda desejava servi-lo. Apenas des­prezou Moisés e Arão.
 Mas Deus e sua autoridade delegada são inse­paráveis. Não é possível manter uma atitude para com Deus e outra atitude para com Moisés e Arão. Ninguém pode rejeitar a autoridade dele­gada por Deus com uma mão e receber Deus com a outra. Se eles se submetessem à autoridade de Moisés e Arão estariam sujeitos a Deus.
Moisés, portanto, não se elevou por causa da autoridade que lhe foi concedida por Deus. Pelo contrário, ele se humilhou sob a autoridade de Deus e respondeu ao seu acusador com mansi­dão, dizendo: "Fazei isto: tomai vós incensários, Core e todo o seu grupo; e, pondo fogo neles amanhã, sobre eles deitai incenso perante o Se­nhor; e será que o homem a quem o Senhor es­colher, este será o santo" (versículos 6-7). Sendo mais amadurecido, previa as consequências; por isso suspirou: "Ouvi agora, filhos de levi... Acaso é para vós outros cousa de somenos que o Deus de Israel vos separou da congregação de Israel, para vos fazer chegar a si, a fim de cumprirdes o serviço do tabernáculo do Senhor e estar pe­rante a congregação para ministrar-lhe ...? Pelo que tu e todo o teu grupo juntos estais contra o Senhor" (versículos 8-11).
Datã e Abirão não estavam presentes no mo­mento. Pois quando Moisés mandou  chamá-los, recusaram-se a vir e resmungaram: "Porventura é cousa de somenos que nos fizeste subir de uma terra que mana leite e mel (Egito), para fazer-nos morrer neste deserto, senão que também queres fazer-te príncipe sobre nós?" (versículos 13-14.) Sua atitude foi de muita rebeldia. Não criam na promessa de Deus; o que esperavam eram bên­çãos terrenas. Esqueceram-se que foi devido às suas próprias faltas que não entraram em Canaã; pelo contrário, falaram asperamente contra Moisés.

Deus eliminou a rebeldia do seu povo

A esta altura a ira de Moisés despertou. Em lugar de falar com eles, orou a Deus. Quantas vezes a rebeldia do homem força a mão do juízo de Deus. Dez vezes os israelitas tentaram a Deus e cinco vezes deixaram de crer nele, e Deus se controlou e lhes perdoou; mas por causa desta re­beldia Deus resolveu julgar. Deus disse: "E os consumirei num momento" (veja versículo 21); ele extirparia a rebeldia do meio do seu povo. Mas Moisés e Arão caíram com o rosto em terra e oraram: "Acaso por pecar um só homem, in-dignar-te-ás contra toda esta congregação?" (ver­sículo 22). Deus atendeu às orações deles mas julgou Core e o seu grupo. A autoridade estabele­cida por Deus era a pessoa a quem Israel tinha de ouvir. Até o próprio Deus testificou diante dos israelitas que ele também aceitaria as palavras de Moisés.
A rebeldia é um princípio infernal. Aquela gen­te se rebelou e as portas do inferno se abriram. A terra abriu a sua boca e engoliu todos os ho­mens que pertenciam a Core, Data e Abirão e todos os seus bens. Portanto eles e tudo quanto lhes pertencia desceram vivos ao abismo (ver­sículos 32-33). As portas do inferno não prevalecerão contra a igreja, mas um espírito rebelde abre suas portas. Um dos motivos por que a igreja às vezes não prevalece é a presença da rebeldia. A terra não abrirá sua boca se não houver um espírito rebelde. Todos os pecados libertam o poder da morte, mas o pecado da     re­beldia é o principal. Só os obedientes podem fechar as portas do inferno e produzir vida.         
Os obedientes seguem a fé, não a razão
Para os israelitas a queixa de que Moisés não os tinha levado para uma terra que mana leite e mel, nem lhes tinha dado uma herança de campos e vinhas, não era sem motivos. Continua­vam no deserto e ainda não tinham entrado na terra do leite e mel. Mas, por favor, observe; aquele que anda segundo a razão e a vista segue o caminho da razão; só aquele que obedece à autoridade entra  em Canaã pela fé. Ninguém que segue a razão pode andar pelo caminho es- piritual, porque está além e acima do raciocínio humano. Só o fiel pode desfrutar de abundância espiritual, aquele que pela fé aceita a coluna de nuvem e de fogo e a liderança de autoridade de­legada por Deus como a representada por Moisés, A terra abre sua boca para apressar a queda dos desobedientes no Sheol, pois estão viajando pelo caminho da morte. Os olhos dos desobedien­tes são bastante vivos, mas, que pena!  tudo o que vêem é a esterilidade do deserto. Embora os que prosseguem pela fé possam parecer cegos, pois não percebem a esterilidade diante deles, os olhos de sua fé vêem a promessa melhor que jaz adiante. E assim entram em Canaã. Portanto, os
homens deveriam ficar sob a restrição da autori­dade de Deus a aprender a seguir a autoridade delegada por Deus. Aqueles que só se relacionam com os pais, irmãos e irmãs não sabem o que é autoridade e, portanto, não se encontraram ain­da com Deus. Resumindo, então, a autoridade não é um assunto de instrução externa mas uma revelação interna.
A  rebeldia  é  contagiosa Há dois exemplos de rebeldia em Números 16. Do versículo 1 ao versículo 40 os líderes se re­belaram; do versículo 41 ao versículo 50 toda a congregação se rebelou. O espírito de rebeldia é muito contagioso. O julgamento dos duzentos e  cinquenta líderes que ofereceram incenso não  deteve toda a congregação. Continuou rebelde,  declarando que Moisés matara seus líderes. Mas  Moisés e Arão não podiam ordenar à terra que  abrisse a sua boca! Fora ordem de Deus. Moisés  não podia invocar fogo para consumir o povo!  O fogo veio do Senhor Deus. Os olhos humanos só vêem os homens; não  sabem que a autoridade vem de Deus. Tais pessoas são tão atrevidas que não temem mesmo  quando  presenciam o  juízo. Como  é perigoso ignorar a autoridade. Quando toda a congregação se reuniu contra Moisés e Arão, a glória do  Senhor apareceu. Isto foi prova de que a autoridade pertencia a Deus. Deus se apresentou para  executar o juízo. Começou uma  praga e qua­torze mil e setecentas pessoas morreram por causa da praga. No meio disso, a percepção espiritual  de Moisés tornou-se mais aguda; imediatamente  pediu a Arão que tomasse o seu incensário e o acendesse no altar e que colocasse incenso nele, levando-o rapidamente à congregação para fazer expiação pelo povo. E enquanto Arão se colocou entre os mortos e os vivos, a praga foi interrom­pida.
Deus ignorou suas murmurações no deserto dez vezes, mas não permitiria.que resistissem à sua autoridade. Muitos pecados! Deus pode supor­tar e ignorar, mas a rebeldia ele não permite, porque a rebeldia é o princípio da morte, o prin­cípio de Satanás. Portanto, o pecado da rebeldia, é mais sério do que qualquer outro pecado.Sem­pre quando o homem resiste à autoridade, Deus julga imediatamente. Que coisa  solene!

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