DÉCADA DE DESILUSÃO E A NECESSIDADE DE UMA CONTRACULTURA.

Parece que atravessamos décadas de desilusão. Cada
geração que se levanta odeia o mundo que herdou. Ás vezes,
a reação tem sido ingênua, embora não possamos dizer que
tenha sido hipócrita. Os horrores do Vietnã não terminaram
com aqueles que distribuíam flores e rabiscavam o seu lema
“faça amor, não faça guerra”, embora o seu protesto não
tenha passado despercebido. Hoje em dia, há pessoas que
repudiam a opulência ávida do ocidente, que parece ficar
cada vez mais gordo, através do esbulho do meio-ambiente
natural, ou através da exploração de nações em
desenvolvimento, ou através de ambas as coisas ao mesmo
tempo; essas pessoas exprimem a totalidade da sua rejeição
vivendo com simplicidade, vestindo-se negligentemente,
andando descalças e evitando o desperdício. Em lugar do
simulacro da socialização burguesa, estão famintas de
relacionamentos de amor autênticos. Desprezam a
superficialidade, tanto do materialismo descrente como do
conformismo religioso, pois sentem que há uma “realidade”
impressionante muito maior do que essas trivialidades, e
buscam essa dimensão “transcendental” ilusória através da
meditação, de drogas ou do sexo. Abominam até o próprio
conceito do corre-corre da sociedade de consumo e acham
que é mais honesto “cair fora” do que participar. Tudo isso é
sintoma da incapacidade de geração mais jovem de adaptar-se
ao status quo ou de aclimatar-se á cultura prevalecente. Não
se sentem á vontade. Estão alienados.
E em sua busca de uma alternativa, “contracultura” é a
palavra que usam. Ela expressa um amplo raio de ação de
idéias ou ideais, experiência e alvos. Encontramos uma boa
documentação a este respeito em The Making of a ConterSERMÃO
DO MONTE
culture (A Criação de Uma Contracultura, 1969) de Theodore
Roszak; em The Duste of Death ( A Poeira da Morte, 1973) de
os Guinnes, e em Youthquaker (Terremoto Jovem, 1973) de
Kenneth Leech.
De um certo modo, os cristão consideram esta busca de
uma cultura alternativa um dos mais promissores, e até
mesmo excitantes, sinais dos tempos. Pois reconhecemos
nisso a atividade do Espírito, o qual, antes de confortar,
perturba; e sabemos a quem a busca deles conduzirá, se
quiserem encontrar a resposta. Na verdade, é significativo
que Theodore Roszak, encontrando dificuldade para
expressar a realidade que a juventude contemporânea
procura, alienada como está pela insistência dos cientistas
quando à “objetividade”, sente-se obrigado a recorrer ás
palavra de Jesus: “Que aproveita o homem ganhar o mundo
inteiro e perder a sua alva?”
Mas, ao lado da esperança que está disposição de protesto e
busca inspira aos cristãos, há também (ou deveria haver) um
sentimento de vergonha. Pois, se a juventude de hoje está á
procura das coisas certas (significado, paz, amor, realidade),
ela as tem procurado nos lugares errados. O primeiro lugar
onde deveriam procurar é um lugar que normalmente
ignoram, isto é, a Igreja. Pois, com demasiada freqüência, o
que vêem nas igrejas não é a contracultura, mas o
conformismo; não uma nova sociedade que concretiza seus
ideais, mas uma versão da velha sociedade a que
renunciaram; não a vida, mas a morte. Prontamente
endossariam o que Jesus disse de uma igreja do primeiro
século: “Tens nome de que vives e estás morto” (Ap.3:1).
Urge que não somente vejamos, mas também sintamos, a
grandeza dessa tragédia, pois, na medida em que uma igreja
se conforme com o mundo, e as duas comunidades pareçam
ser meramente duas versões da mesma coisas, essa igreja está
contradizendo a sua verdadeira identidade. Nenhum
comentário poderia ser mais prejudicial para o cristão do que
as palavras: “ Mas você não é diferente das outras pessoas!”
O tema essencial de toda a BÍBLIA, desde o começo até o
fim, é que o propósito de Deus é chamar um povo para si
mesmo; que este povo é um povo “santo”, separado do
mundo para lhe pertencer e obedecer; e que a sua vocação é
permanecer fiel á sua identidade, isto é, ser “santo” ou
“diferente” em todo o seu pensamento e em todo o seu
comportamento.

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