Quando iniciei meu curso de História na Universidade Católica não disse a ninguém que eu era evangélico. Tive vergonha de me identificar com Jesus.
Passada uma semana, num sábado, durante a aula de educação física, estávamos eu e alguns colegas sentados à beira da piscina, quando um deles pegou um copo de cerveja e fez questão de passá-lo no meu nariz, encostando-o nos meus lábios.
- Toma, Jorge.
- Não, respondi.
Logo depois o professor nos chamou para mais alguns exercícios. Aí um outro rapaz se aproximou de mim, e disse:
- Olha, Jorge,
nós conseguimos umas garotas para irem conosco para um sítio. O proprietário,
pai de uma delas, vai viajar. E o espaço vai ficar por nossa conta. Somos ao
todo cinco rapazes e cinco moças. Vamos botar pra quebrar. Você vem com a
gente?
- Não posso.
Amanhã tenho muitas coisas pra fazer, desculpei-me.
- Vamos,
rapaz. Ou você é gay?
- Não; claro que não.
Você não bebe
cerveja; não quer sair com mulher. Afinal, o que você é?
- Sou o Jorge.
Gozaram um
pouco mais de mim e foram embora.
No domingo, de
forma inesperada, o pastor virou-se pra mim e disse:
- Ei, Jorge,
venha cá. Hoje é você quem vai dirigir o louvor.
- Eu? Logo eu,
que nunca dirigi louvor?
- Você mesmo.
Peguei o
microfone e cantei os dois corinhos que conhecia bem.
“A graça de
Jesus jamais nos faltará...”
A guitarra ia
para um lado, e eu para o outro.
“Põe tua mão
na mão do meu Senhor...”
E foi só.
Naquele momento o Espírito me disse:
“Jorge, você
acha que preciso de você?” Aí me vieram à mente aqueles primeiros dias na
universidade, quando me acovardei e omiti meu comprometimento com Jesus.
“Você acha
mesmo que preciso de você. Jorge”, insistiu o Senhor.
Aproximei-lhe
do pastor, entreguei-lhe o microfone, e disse:
- Eu não sou
digno de ser cristão.
- Mas por quê?
- Eu não posso
cantar. Desde que iniciei na universidade, ainda não tive coragem de dizer a
nenhum colega que sou evangélico; e muito menos para a classe, que tem apenas
cinqüenta e cinco alunos. Quero pedir perdão a Deus aqui mesmo.
- Vou ajudá-lo
a resolver esse problema.
Levou-me ao
gabinete, e me pôs nas mãos uma pilha de folhetos e evangelhos de João.
E concluiu:
- Amanhã mesmo
dá um jeito de reparar para com Deus esse malfeito.
Cheguei à
universidade bem antes do início das aulas, por volta das 06:30 h, e coloquei
em cada carteira um evangelho recheado de folhetos.
Quando os
alunos chegaram, disseram uns:
- Passou um
doido por aqui. Tem crente na área.
- Sou eu. Eu
sou crente, falei em firme e bom tom.
- Você? Então
é por isso que não quis beber, completou outro.
Nesse ínterim
chegou o professor e quis saber a razão do tumulto.
- Professor,
todo esse movimento é porque eu disse que sou crente.
- Você? Quer
dizer então que você é daqueles que não podem fumar, não podem beber, não podem
fazer nada?
- Mais ou
menos. Eu posso todas as coisas, mas tenho domínio sobre elas.
Minha próxima
ação foi mais audaciosa. Dirigi-me ao gabinete do diretor, já na ocasião
arcebispo metropolitano e Belo Horizonte, e bati à porta.
- Dom Serafim,
com licença.
- Entra,
rapaz.
- Sou crente
em Jesus, membro de uma Igreja Batista. Passei no último vestibular e comecei o
curso de História. Estou aqui porque desejo autorização para entrar em todas as
salas e falar de Jesus.
- Aqui não é
lugar disso, não, respondeu.
- Foi Jesus
quem mandou o senhor me dar essa autorização. Eu só vim aqui buscá-la. Quero
falar de Jesus para todos os alunos. E mais, preciso do auditório toda
sexta-feira, durante uma hora, para realizarmos uma reunião.
- Volta daqui
a uma semana, respondeu.
Preciso de
tempo para pensar.
Uma semana
depois, lá estava eu. Sem dizer palavra, estendeu-me uma folha datilografada,
com o timbre da universidade. Era a autorização que me credenciava a convidar
os alunos para as reuniões semanais do “Clubão Evangélico”.
Saí do
gabinete louvando ao Senhor, pulando de alegria. Atrás deixei a timidez e a
vergonha. Pela graça e misericórdia do Senhor, a covardia cedeu lugar à
ousadia, à intrepidez.
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