Nos limites do quintal


Nos limites do quintal
 

Numa manhã muito fria, na Coréia, alguns soldados estavam em forma, ao lado do caminhão-restaurante do batalhão, aguardando sua vez de receber a refeição matinal.

O correspondente de um jornal deteve-se a olhar um jovem soldado, barbudo, com o uniforme e as botas cobertos de lama, e o semblante denotando imenso cansaço. Depois de algum tempo ao lado do soldado, observando-lhe os menores gestos, o jornalista abordou-o, gentilmente, com a seguinte pergunta:

- Se porventura Deus lhe proporcionasse o que você mais deseja, o que lhe pediria?



O soldado permaneceu em silêncio por alguns instantes, sentindo a esperança renascer em seu coração, e depois respondeu pausadamente:



- Eu lhe suplicaria que me desse o dia de amanhã!
Nenhum pedido excepcional, irrealizável, inusitado. A maior aspiração daquele soldado era sobreviver a tudo aquilo por mais um dia.
Que visão limitada da vida! Que visão tacanha de Deus! Visão típica da galinha – limitada, voltada para o chão, para uns poucos grãos.
Certa senhora, cuja atividade exigia que lesse muito, começou, depois de certo tempo, a enfrentar certas limitações com as vistas. Procurou então um oculista, e esse lhe disse que seu problema era apenas “vista cansada”. Teria que dar um jeito de descansá-las. Mas ela retrucou dizendo que dependia muito dos olhos e não poderia deixar de trabalhar. Ele perguntou então se de onde morava ela tinha uma visão ampla, sem construções ou obstáculos próximos. “Sim”, foi a resposta. Do alpendre podia contemplar os picos de uma famosa cadeia de montanhas e da janela dos fundos, lindas colinas.
Seu problema estava resolvido. Diariamente deveria desviar os olhos dos papéis e olhar fixamente, por dez a vinte minutos, para o ponto mais alto e distante possível. Olhar à distância seria um excelente descanso para suas vistas – garantiu-lhe o oculista.


“No campo espiritual dá-se o mesmo. Os olhos da alma freqüentemente se cansam de olhar para os problemas e dificuldades que enfrentamos aqui. Olhar para cima, bem ao longe, restaura nossa percepção espiritual.
“Muitas vezes nos sentimos como o salmista: “Não têm conta os males que me cercam; as minhas iniqüidades me alcançaram, tantas, que me impedem a vista...” (Sl 40:12)”.[1]
Jesus disse que e um quiser segui-los terá que aprender a olhar para frente.
Esse é o problema da galinha. Sua visão é deficiente. Além do mais, seus olhos laterais não lhe permitem fixar ambos num mesmo alvo. Para pegar um grão ela inclina a cabeça. Porque o vê com apenas um dos olhos. Não consegue fixá-los naquilo que deseja.
Semelhantes à galinha, muitos cristãos têm olhos laterais, que nunca olham simultaneamente na mesma direção – um olho está em Jesus e o outro no mundo. Na igreja cantam música de louvor; em casa, músicas mundanas, de conteúdo impuro, lascivo, negativo. Na igreja passam a imagem de um comportamento exemplar. No trabalho, na escola, sua conduta deixa muito a desejar. Com os de fora, são solícitos. Em casa não são capazes de lavar um copo. Têm cada olho voltado para um lado. Espiritualmente são estrábicos.
O filho pródigo tinha visão própria de galinha. Um olho estava no pai; o outro, no mundo. Por isso o mundo o seduziu. E ele disse ao pai:
- Pai, eu vou para o mundo.
- Se é isso que deseja, filho, então vá.
E ele se foi. Mas voltou cabisbaixo, despido, sem autoridade. Sua visão lateral tornou-o presa fácil do inimigo.
Deus não nos chamou para ter visão de galinha. Galinha só olha para os lados e para baixo. Nunca para o alto. Toda sua expectativa está ligada ao chão.
Galinha tem asas; mas não levanta vôo.
Tem olhos, mas não ataca.
Tem bico, mas não ataca.
Tem pés, porém não é ligeira.
Tem garras, mas não se defende.
O destino da galinha é ser caça.
Seu mundo se resume num quintal.
Quem tem olhar dispersivo ou vive olhando para o chão, jamais teve uma visão real de Jesus.
Estevão teve uma visão de Jesus, e seu rosto brilhou. E Paulo, quando se deparou com ele, caiu prostrado ao chão, cego, e precisou ser conduzido por outrem. E o apóstolo João disse:


Quando o vi, caí a seus pés como morto...” (Ap 1:17)
Jesus quer se revelar a nós para ampliar nossa visão além dos limites do “quintal” em que temos vivido até agora. Deus nos habilitou a enxergar sem distração, sem dispersão. Deus não nos criou com olhos laterais.
Nossos olhos são frontais. Fixemos ambos em Jesus.


[1] Our Daily Bread, 06 de junho de 1968, publicado por Radio Bible Class, Michigan – USA.

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