As três
palavras são de origem hebraica e muito significativas porque são dirigidas a Deus
– Selá, Aleluia e Amém.
Elas quase
sempre se encontram transliteradas e não traduzidas, isto é, mantidas com a
mesma pronúncia que têm no original. Elas serão estudadas na sua etimologia e
em seu sentido atual.
1ª) Selá
Em breve esta
palavra tornar-se-á desconhecida pelas novas gerações, levando-se em
consideração, que a nossa Sociedade Bíblica já decidiu que não deverá aparecer
mais em novas publicações da Bíblia.
Até hoje sua
etimologia, mas especialmente seu real significado são incertos para os
estudiosos. Os comentaristas apresentam as seguintes sugestões para o seu
significado:
a)
Um sinal litúrgico (salal = elevar), talvez para que
fossem eleva das a voz ou as mãos em atitude de oração.
b) Deriva-se
de uma raiz aramaica – sl = prostrar-se. Seria um sinal indicativo para que
nesse ponto o adorador se prostrasse.
c) Uma
orientação musical dada aos cantores ou à orquestra para "elevar",
isto é, cantar ou tocar mais forte, ou um acompanhamento mais alto. Esta
explicação é a mais generalizada e mais aceita por todos.
d) O
original hebraico selah significa
"descanso de um suspender ou erguer", podendo significar o suspender
de uma balança para pesar.
e)
Na Septuaginta, ou a tradução dos setenta, do hebraico
para o grego, selah foi traduzida
por diapsalma
– diapsalma, que significa intervalo, interlúdio, mudança de tom.
O Dicionário Enciclopédico da Bíblia,
Editora Vozes afirma ao estudar esta palavra: "Duvida-se, porém, se os
próprios tradutores da versão dos LXX conhecessem bem o sentido de selah".
f)
Em outras traduções gregas como a de Áquila, selah foi traduzida por aevi – aéi, sempre;
enquanto Teodocião traduz por eivs tevlos – eís télos = no
fim; parecendo indicar uma bênção litúrgica semelhante a Amém e Aleluia.
g) Selá é uma pausa para que o nosso
pensamento seja elevado a Deus. É um suspiro pausado de alegria, quando alguém
que amamos chega inesperadamente a nossa frente ou a nossa casa. Seria uma espécie de
interjeição de alegria ou satisfação.
h) Sela
é o expressar harmonioso de todas as fibras de um coração que ansiasse pelo
auxílio de Deus e de repente sentisse a doce serenidade da presença divina,
como se conclui do Salmo 67:1.
A palavra é
usada 74 vezes, sendo 71 nos Salmos e três vezes no livro de Habacuque – 3:3,
9, 13.
No Salmo 143:6
está: "A ti levanto as mãos; a minha alma anseia por ti, como terra sedenta
– Selah". A palavra aqui significa fazer uma pausa e elevar a alma e não
simplesmente a voz.
C.H. Spurgeon
em seu livro Tesouro de Davi,
comentando este versículo afirma:
"Minha
alma qual terra sedenta tem sede de ti". Como a terra ressequida e rachada
pela seca, abrindo a boca em súplicas silenciosas, o salmista também sentia a
alma quebrantada pela saudade. Tinha sede do Senhor. Selá."
Habacuque, o
professor hebreu, avaliando as calamidades que vieram sobre seu pais e os
subsequentes castigos que adviriam aos caldeus, argumentou com Deus com todo o
entusiasmo e impetuosidade de seu espírito, culminando com sua sublime e
poética prece, na qual aparece três vezes a palavra "Selá".
2ª) Aleluia
A palavra
hebraica "halleluyah" é composta da forma imperativa do
verbo "halal" – louvar, e do substantivo
"Javé" ou Jeová". Por tanto o significado lógico da palavra em
hebraico e mantido em Português é -
louvai a Jeová ou a Deus.
A palavra pode
ser estudada no Velho e Novo Testamentos.
a) No Velho
Testamento, onde é muito mais usada, especialmente no livro de Salmos,
havendo alguns até conhecidos pelo nome de "aleluiáticos", ou do
"Grande Halel", pelo
fato da palavra ser muito freqüente (104-109).
Em 15 Salmos a
expressão aleluia aparece tanto no
início no fim (Sal. 106, 113, 135; 146-150); em outros apenas no início (Sal.
112); e ainda em alguns, somente no fim (Sal. 104, 105; 115-117).
A nota tônica
dos Salmos era esta: louvai a Deus, desde que Davi e outros autores dos Salmos
viam em todas as circunstâncias vida, favoráveis ou desfavoráveis motivos para
louvar a Deus.
b) No Novo
Testamento
Nesta parte da
Bíblia ela aparece apenas 4vezes em Apoc. 19, versos 1, 3, 4 e 6. Nestes versos
ela indica o canto de júbilo dos Salvos no Céu, pelo privilégio da salvação.
Esta palavra na
realidade, é a mais sintética de todas as doxologias conhecidas.
3ª) Amém
É uma palavra
mais rica de significados no original. Vem do verbo hebraico amén, que significa: amparar, suportar,
confiar, ser verdadeiro, o que permanece firme, verídico, seguro, eterno.
Sendo uma
palavra tão rica em significações ela é usada:
a)
Para confirmação de um compromisso que se toma, como
pode ser visto em I Reis 1:36 e Jer. 11: 5; ou para a pessoa declarar que
aceita a maldição ou castigo caso não cumpra o compromisso. Um exemplo frisante
se encontra em Deut. 27:15-26, onde os doze versículos culminam com um enfático
"amém".
b)
Como fórmula de apoio a um desejo ou uma esperança, a
exemplo da oração de Davi. I Crôn. 16:36.
c)
Como um título para Cristo em Apoc. 3:14. Esta é a
única vez no Novo Testamento que Amém
é usada como um nome próprio. Ele é aqui chamado – o Deus do Amém, porque ele é a autenticação e a
segurança pessoais da verdade de Deus entre os homens.
Os
comentaristas vêem nesta expressão uma influência de Isaías 65:16 que chama a
Deus, como o Deus que dirá Amém.
Nesta passagem de Isaías Deus é chamado duas vezes de Eloim Amém =
Deus do Amém, cuja expressão também pode ser traduzida como o Deus
da verdade, isto é, o Deus que garante o que promete com a verdade de suas
palavras.
A identificação
de Deus que diz Amém, em Isaías
65:15, com Cristo, o Amém de Apoc. 3:14 é uma prova irrecusável da divindade do
nosso Salvador.
Cristo ao
declarar-se como o Amém, deseja transmitir-nos a idéia de que Ele é a verdade
de Deus aos homens, e que podemos crer em suas promessas. Ele é a segurança e o
testemunho fiel e veraz da revelação divina.
Os salmos se
dividem em 5 livros terminados assim:
a)
O primeiro em 41:13 (Amém e amém!)
b)
O segundo em 72:19 (Amém e amém!)
c)
O terceiro em 89:52
(Amém e amém!)
d)
O quarto em 106:48 (Amém! Aleluia!)
e)
O quinto evidentemente em 150:6 (Aleluia!)
Os três
primeiros livros terminam com um duplo amém;
o quarto, com amém e aleluia;
enquanto o quinto, apenas com a palavra aleluia.
No final dos
quatro primeiros livros o amém termina uma doxologia. O salmista o usa como o
reconhecimento de que as declarações feitas são seguras e válidas.
Na liturgia do
povo judeu a palavra era empregada no sentido de que quem a proferia cria na
mensagem e aceitava o que estava sendo exposto.
Os filhos de
Israel usavam amém no final da
oração como uma palavra que resumia a prece, indicando que eles a aprovavam e a
tornavam sua.
Sempre pensamos
no amém como uma palavra usada para
concluir uma frase ou oração, mas na Bíblia, muitas vezes, ela é usada no
início de uma frase para indicar que o que se segue é importante. Se o seu uso
indica a importância da declaração seguinte, a sua repetição no início da
sentença denota que o que será dito é muito importante e solene. Por isso Jesus
começou muitas das suas afirmações desta maneira, sendo relatadas 25 no
evangelho de João. Elas são traduzidas por: verdadeiramente;
em verdade, em verdade ou outras
expressões eqüivalentes. Confira S. João 1:51; 3:3.
Os evangelhos
sinóticos empregam a expressão "amém"
49 vezes, sendo 30 em Mateus, 13 em Marcos e 6 em Lucas. João no evangelho a
usa sempre repetida 25 vezes. Nos demais livros neotestamentários ela é
empregada 70 vezes.
Nossos pastores
deviam ensinar seus membros a usarem o amém
com propriedade, com contrição e com o verdadeiro espírito de adoração.
O amém pode ser
pronunciado no momento impróprio, como aconteceu em determinada igreja, onde
alguém orava mais ou menos assim:
"Graças te
damos pela vida. Dá-nos força para vencer o mal. Tu sabes Senhor que o diabo
está irado contra nós". Neste momento alguém (pode ser até muito sincero)
proferiu um eloqüente amém, mas
totalmente inadequado.
Observando a
nossa igreja constatamos que bons costumes desaparecem, enquanto costumes
reprováveis surgem e proliferam. Dentre os salutares costumes esquecidos, em
algumas igrejas, encontra-se o de não pronunciar o amém durante a oração e no seu final.
Bom seria que
em nossas igrejas ao o pregador fazer um apelo para a vida de santificação, ou
no final de uma oração os crentes respondessem com um sincero amém, querendo assim dizer: Faço minhas
as palavras do pastor, aceito o que ele disse.
Em conclusão a
estas três palavras sagradas declaramos:
Se realmente,
alguém pudesse alcançar a inteira significação de um profundo e reverente
"Amém", de um glorioso
"Aleluia" e de um ansioso
espírito de "Selá", os
céus e a terra ressoariam com glória Amém.
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